Название | Storey |
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Автор произведения | Keith Dixon |
Жанр | Триллеры |
Серия | |
Издательство | Триллеры |
Год выпуска | 0 |
isbn | 9788873041719 |
“Este é teu amigo, Minty?” Virara-se para olhar para a mulher, ainda sentada, franzindo o sobrolho dum modo que Paul começava a reconhecer.
“Vai lá para fora, Cliff. Mais tarde falo contigo” – disse ela.
Cliff. Era um nome que atualmente não se ouvia com frequência, pensou Paul, um nome dos anos sessenta, mas estava contente por ter um nome para usar.
“Não me digam o que fazer – nenhum de vocês. Quero entrar aqui e discutir contigo, e assim farei” – disse Cliff.
“Vai para casa, eu telefono-te.”
Cliff virou-se para olhar para Storey, tirando-lhe as medidas e avaliando a sua presença. Paul não achava que Cliff estivesse intimidado, mas apenas cauteloso. Provavelmente, ia a toda a parte com um séquito, com gente que o apoiasse ou fizesse o que ele dissesse. Isso dava-lhe uma confiança que transportava consigo como uma arma. Paul já vira aquilo e não gostara. As pessoas que controlavam outras daquela maneira tinham muitas vezes problemas para se controlarem a si mesmas.
Cliff endireitou-se mais e contornou a mesa pelo outro lado, ficando de pé ao lado da mulher, a olhar de novo para Paul. “Não gosto de si” – disse. “Mas você tem tomates. Conheço-o dalgum lado?”
“Duvido.”
“Pois, eu também. Mas há algo em si que reconheço. Hei de lembrar-me.”
“Não perca nada do seu sono com isso.”
“Não, esteja descansado.” Virou-se e encaminhou-se para a saída enquanto dizia aquilo, sem olhar para trás, ainda confiante.
A mulher disse a Paul: “Não vai sentar-se. Eu não precisava dum cavaleiro branco.”
“Eu sei.”
“Então porque é que se meteu?”
“Está-me na massa do sangue.”
Olhava-o fixamente com o primeiro sinal de curiosidade que já lhe vira, como se finalmente lhe tivesse chamado a atenção.
“Parecia que não queria falar com ele” – disse.
“Tinha-o aborrecido.”
“Algo que escreveu?”
“Não exatamente. Agora pode ir-se embora, por favor?”
Anuiu com um aceno da cabeça e estava para se retirar quando pensou numa coisa. “Minty?” – perguntou.
Ela levantou os olhos. “Araminta. Não se preocupe – nunca terá oportunidade de o usar.”
“Nome invulgar para uma escocesa.”
“Não para esta.”
“É sempre assim, tão agressiva?”
“E você é sempre assim, tão estúpido?”
Não disse nada, observou-a a olhar para ele, os olhos firmes, sabendo que estava a tentar entendê-lo. O mesmo que ele fazia em relação a ela. Não tinha a certeza de estar a divertir-se, mas aquilo mantinha-lhe a mente afastada doutras coisas. Como a maneira de ganhar a vida.
“Venha ter comigo mais tarde. Para bebermos um copo” – disse ela, sem mudar de expressão.
“Está bem. Aonde?”
Disse-lhe o nome dum bar e deu-lhe as indicações – o local era novo para ele, mas conhecia a zona de quando era criança.
“Dou-lhe o meu número” – disse ele, começando a dizê-lo e fazendo depois uma pausa para ela pegar no telefone e tomar nota.
Ela voltou a olhar para ele e acabou por pegar no telefone e registar o número. “Não é um encontro” – disse ela, terminada a operação. “Não precisa de se aperaltar. Nem sequer sei por que estou a fazer isto.”
“Não pense demasiado no assunto – vai estragar um belo momento.”
“Estarei lá a partir das oito.”
“Como é que a reconheço?”
“Sou a que está a de dedos no nariz. Já lhe disse, não se excite.”
CAPÍTULO QUATRO
O bar ficava em Ball Hill, a dez minutos a pé do velho campo de futebol de Highfield Road. Lembrava-se da zona como sendo uma movimentada zona comercial, com bancos, estação dos correios e lojas de toda a espécie. Uma biblioteca. Agora, metade das lojas estava entaipada e a maioria das que ainda estavam abertas era constituída por estabelecimentos de beneficência. A zona tinha-se degradado, em grande medida como o resto da cidade que vira até agora.
Quando entrou, viu imediatamente Cliff sentado a uma mesa redonda com outros três homens, Araminta mais afastada, a escrever num grande telefone preto.
Cliff estava a chamá-lo com um aceno e um grande sorriso no rosto.
“A Minty disse que vinha aí. Disse que você pensava que era um encontro amoroso. Bem, cá estamos.”
“Nada de conversas na primeira noite” – disse Paul.
Cliff ignorou a frase e disse: “Sente-se. Descontraia-se”, acenando com a cabeça para os outros que estavam à mesa. “Estes são o Holandês, o Gary e o Tarzan. Deixo-o adivinhar quem é quem.”
“Bem, eu não vou ficar por aqui.”
“Oh! não seja assim. Quero conhecê-lo. Primeiro, apanhou-me de surpresa, mas, pensando melhor, gostei do que fez. Defender a donzela.”
Araminta levantou o olhar. “Eia!”
Cliff olhou para ela, encolhendo os ombros.
“Ela não gosta disso. Não gosta de ser vista como a mulherzinha. Não posso dizer que a critique por isso. Está a vê-la a lavar a loiça numa pia, de avental?” Sorria, como se estivesse à espera duma resposta de Paul, os olhos numa pequena dança, a gozar a sua própria tirada, confundindo Storey.
Paul olhou para os outros homens. Um era alto, mesmo sentado, com um rosto magro e moreno e orelhas grandes. Provavelmente, Tarzan, a avaliar pela força que Paul descortinava no seu físico. Envergava uma t-shirt manchada por baixo dum casaco castanho de veludo cotelê que lhe dava um ar de roadie duma banda dos anos setenta. O homem do meio era louro e de pele pálida, rosto quadrado e lábios cor de rosa carnudos. Tinha um tórax largo, não era tão alto como Tarzan, mas também não era muito baixo, o cabelo louro e a pele pálida a sugerirem que talvez fosse Holandês, de nome e de nascimento.
O terceiro homem seria, então, Gary. O mais baixo de todos, com um brilho irrequieto e intenso nos olhos, como se ainda não tivesse visto nada de que gostasse. Tinha na mão uma base de copo que estava a amassar e a dobrar e da qual ia tirando lentamente finas tiras, coisa que fazia automaticamente, sem olhar, hábito de uma vida. A camisola de gola alta estava salpicada de tinta branca.
Paul suspirou. Esperava afastar-se dos malandros baratos daquele género. Como é que voltara a meter-se naquilo, olhando fixamente para pares de olhos mortos cujos donos sabiam pouco, pensavam menos e não controlavam os impulsos?
E que diabo fazia Araminta com eles?
Cliff observara-o a olhar para os homens. Agora levantava o queixo, chamando a atenção de Paul.
“Já os ordenou?” – perguntou. “Vá, agora puxe uma cadeira e vamos conversar. Estou convencido de que você tem muito que dizer a pessoas como nós. A Minty diz-me que trabalha em seguros. Acho bem. Toda a gente precisa de emprego. Eu preciso de emprego. Estes três génios precisam de emprego. Você é o único aqui que tem um, pelo que pode contar-nos como é.”
Paul puxou uma cadeira doutra mesa e sentou-se, mantendo a distância para os outros, sem querer fazer parte do grupo.
Disse a Cliff: