Название | Storey |
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Автор произведения | Keith Dixon |
Жанр | Триллеры |
Серия | |
Издательство | Триллеры |
Год выпуска | 0 |
isbn | 9788873041719 |
“Com. Não há muita gente que faça essa pergunta. Vai procurar-me no Google?”
“Devia ir?”
“Eu não iria. Como é o seu nome?”
“Nem pense. Achava que tinha olhado para mim durante o tempo suficiente para eu lhe conceder um encontro?”
“Passou-me isso pela cabeça.”
“Não vai acontecer.”
“Estou a compreender.” Baixou a voz. “Que se passa? De que é que tem medo?”
“Da vida” – disse ela –, “do universo e de tudo. De muita coisa. E, respondendo à sua primeira pergunta, venho para aqui trabalhar porque o barulho ajuda-me a concentrar-me. No escritório há silêncio a mais.”
“Que faz?”
“Jornalista, pasquim local. Não é que seja da sua conta. Satisfeito?”
“Claro. Porque não haveria de estar?”
Parecia estar prestes a acrescentar qualquer coisa, mas, em vez disso, virou-se e foi-se embora. Observei o seu perfil enquanto empurrava a porta e se dirigia para a esquerda, em direção ao Primark. Com um sorriso aberto, girou a cadeira para se virar para a parede e pegar no café.
A pensar que ela não era jornalista! Vestia-se bem de mais e era mais nervosa do que qualquer jornalista que alguma vez conhecera.
Mas também que não se importava. Afinal, ele também não trabalhava em seguros.
CAPÍTULO DOIS
“Senhor Storey, se quer a minha opinião de profissional, o preço que fixou é de longe demasiado elevado para a casa do seu pai. As habitações na... bem, na sua zona de Coventry deram um grande tombo nos últimos anos. O senhor visa pessoas à procura da primeira casa e o preço que pretende vai desincentivá-las até de a ver por dentro.”
Des-incentivá-las? Meu Deus! “O problema não é meu, pois não? Essa é que é a sua função, vender” – disse.
“Claro…”
“Olhe, baixo cinco por cento se estiverem interessados em fazer negócio.”
“Hoje em dia os compradores são muito mais agressivos. É provável que façam ofertas quinze a vinte por cento abaixo do preço pedido, especialmente na sua zona. A escola local não tem grande reputação e, como sabe, tem sido noticiado um certo número de crimes no último ano. Coisas de pouca importância, coisas pequenas, mas que marcam, por assim dizer.”
“Compreendo o que está a dizer, mas não me importo. Tenho de vender.”
O agente imobiliário chamava-se Jeremy Frost e Paul não gostava dele. Havia muita coisa que lhe desagradava na sua postura. Fingia ser realista ao mesmo tempo que continuava a agir como seu amigo. Talvez fosse assim que trabalhassem atualmente.
Frost estava agora reclinado na sua reluzente cadeira de pele, a descrever o que iam fazer, a alinhar as fotos para serem distribuídas pelos vários parceiros nacionais, a colocar o vídeo no ecrã cíclico da vitrina, e, se quisesse pagar um pouco mais, podiam dar-lhe um espaço especial no portal da web, o que significava uma imagem maior e um aumento garantido de trinta por cento do número de visualizações…
Tratar da venda da casa do pai trouxera à superfície o pior que guardava. Era a casa onde fora criado e agora tinha de a vender. Era como se lhe tivessem pedido que arrancasse um braço e o leiloasse no eBay.
Perguntava Frost: “Tem uma data limite para a venda? Até regressar a Londres?”
“Eu não vou regressar.”
“Ah!, mas pensava…”
“Está preso a mim.” Fez um sorriso aberto. “O seu cliente favorito.”
Frost, devolvendo o sorriso: “Todos os nossos clientes são nossos favoritos.”
“Claro que sim. Mas uns são mais favoritos do que outros, não é? Alguns são tocados pelas vossas mãos mágicas e vendem rapidamente, enquanto outros são deixados a apodrecer. Eu não vou ser um desses, pois não, Jeremy?”
A expressão do agente pareceu congelar e começou a falar da satisfação do cliente, de questionários e dos muitos clientes que se mantinham com eles ao longo de várias vendas…
Paul alheou-se, a pensar: E ele? Que é que vendeu a si mesmo? Sabia que a situação estava a consumi-lo – ir todas as noites para casa, para uma casa vazia que ainda cheirava ao purificador do ambiente que o pai usava. Decidira vender e, depois, procurar outra coisa… um apartamento simpático, talvez perto do centro da cidade, ou uma coisa nos subúrbios mais finos, Styvechale ou Cheylesmore. Até então passaria o mínimo de tempo possível em casa. Tomar o pequeno almoço, sair, voltar à noite e cozinhar alguma coisa para jantar nos tachos e frigideiras que o pai usara durante trinta anos. Depois, ir para a cama, no mesmo quarto onde dormira até sair de casa para ingressar na Faculdade. As recordações… a paz… faziam parte do argumento de venda que criara para si mesmo: era um local temporário para voltar a ambientar-se. Depois de toda a agitação lá do Sul.
“Que tal?” – perguntou Frost.
Paul não ouvira a maior parte, mas não se importava. Os pormenores não eram tão importantes para ele como para Frost. Os compradores ou gostavam do aspeto e do preço da casa ou não gostavam. Ficaria lá o tempo que tivesse de ficar. Certamente não ia voltar a Londres e, em definitivo, não voltaria ao trabalho. Uma vez que se saia da polícia, incendeiam-se as pontes. É virar as costas ao incêndio e procurar nas sombras alguma coisa para ocupar o tempo.
“Faça o que tem a fazer. Venda-a, mas não dada” – disse.
“Nunca faria isso.”
“Eu sei que não, Jeremy. Conto consigo para vender a casa, mas do ponto de vista financeiro não preciso de o fazer. Compreende? Portanto, quero que faça o melhor negócio possível sem afugentar as pessoas. Se não tiver perspetivas nas próximas três semanas, reconsiderarei a questão do agente de que me sirvo. Não quero fazê-lo porque é uma dor de cabeça e não quero envolver-me outra vez nessas conversações bizarras. Venda a casa por um bom preço e ganhe a sua parte. É muito simples. Portanto, não se ponha aí de papo para o ar a ver em que param as modas. Sairei de casa quando quiser trazer cá pessoas para a verem e não interferirei. Mas tem de dar o seu melhor, ambos sabemos disso.” Reparou que Frost empalidecera e perdera a sua petulância. “Não se preocupe” – disse Paul –, “eu não sou mau tipo. Sou apenas um pouco impaciente, de vez em quando. Portanto, ajude-me a resolver isto e tudo correrá bem. De acordo?”
Estava agora em pé, olhando para a cara transtornada de Frost. Pensou que a confusão e o medo que nela via refletiam provavelmente a confusão e o medo que ele próprio tinha, embora nunca o confessasse, nem a si próprio nem a ninguém.
“Já tem os meus números” – disse. “Não tenha medo de os usar.”
Conduziu até casa, passando por ruas que achou mais apinhadas do que se recordava e estacionou à porta de casa do pai. Havia uma garagem nas traseiras, mas era difícil chegar lá e, além disso, estava cheia de coisas que o pai nunca tratara de deitar fora – uma velha máquina de lavar Hotpoint, uma mesa com uma perna partida, uma cadeira de braços. Dissera ao pai que se livrasse de toda aquela bagunça, mas parecia que ele nunca arranjara tempo para isso. Demasiado ocupado no bar ou na horta. A criar coisas que nunca comeu.
Estava a aquecer uma refeição no micro-ondas quando o telefone tocou.
“Milly.”
“Storey. Não telefonas, não escreves…”
“Quando nos morre o pai há coisas a fazer. Socializar não é uma delas.”
“Não tentes fazer