De Volta À Terra. Danilo Clementoni

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Название De Volta À Terra
Автор произведения Danilo Clementoni
Жанр Научная фантастика
Серия
Издательство Научная фантастика
Год выпуска 0
isbn 9788835400417



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Esta é uma foto de uma das tábuas que foram encontradas no túmulo do rei Balduíno II de Jerusalém — continuou Elisa — que foi supostamente o primeiro, em 1119, a abrir a Maarat Hamachpelah, também conhecida como a Caverna dos Patriarcas, onde parece que estão sepultados Abraão e seus dois filhos Isaac e Jacó. Estas sepulturas deveriam se encontrar no subsolo do que é hoje chamado de Mesquita ou Santuário de Abraão em Hebron, na Cisjordânia — Nesse momento, ela mostrou uma foto da mesquita.

      — Dentro dos túmulos — continuou Elisa — o rei teria encontrado, além de inúmeros objetos de vários tipos, até mesmo um número de tábuas que pertenciam a Abraão. Acredita-se que possam representar uma espécie de diário que ele teria mantido e no qual escreveu os momentos mais importantes da sua vida.

      — Uma espécie de “anotações de viagem” — Jack tentou antecipar, na esperança de fazer uma boa impressão.

      — De certa forma, sim, já que para a época, ele realmente cobriu muitos quilômetros.

      Ao deslizar em outra fotografia, Elisa continuou explicando: — Os maiores especialistas da sua língua e do modo gráfico do tempo tentaram traduzir o que foi gravado nessa tábua. As opiniões eram, naturalmente, bastante divididas em algumas partes, mas todos concordaram que este — e ampliou um detalhe da imagem — seja traduzível como “vaso” ou “ânfora dos Deuses”. Além disso, existem palavras como “enterro”, “secreto” e “proteção”, também bastante claras.

      Jack estava começando a ficar um pouco confuso, mas, acenando com a cabeça, tentou convencer Elisa de que estava seguindo tudo perfeitamente. Ela olhou para ele por um momento, em seguida, passou a dizer: — Por outro lado, este símbolo — e tocou na tela para torná-lo o mais claro possível — segundo alguns, deve ser uma sepultura: o túmulo de um Deus. E esta parte deve descrever um dos Deuses que adverte ou, até mesmo, ameaça o povo reunido em torno dele.

      O Coronel, um pouco por causa do álcool, um pouco pelo perfume inebriante de Elisa que emanava ao seu redor, e um pouco mais pelos olhos dela, nos quais estava mergulhado, não estava entendendo mais nada. Ele continuou, no entanto, a acenar como se tudo estivesse claro.

      — Então, resumindo — prosseguiu Elisa, notando a confusão de Jack — os peritos interpretaram o conteúdo desta tábua como sendo uma representação de um evento que ocorreu na época de Abraão em que um suposto deus, ou, mais genericamente deuses, teriam sido secretamente enterrados perto de sua sepultura, algo muito precioso, pelo menos para eles.

      — Parece uma afirmação muito genérica — começou Jack, tentando opinar. — dizer que existe algo valioso enterrado perto da sepultura dos deuses certamente não é como ter as coordenadas do GPS. Pode se referir a qualquer coisa, em qualquer lugar.

      — Você está certo, mas todas as inscrições, especialmente aquelas mais antigas, de alguma forma devem ser interpretadas e contextualizadas. E é para isso que existe os especialistas e, aliás, eu sou um deles — Ao dizer isso, começou a imitar os movimentos de uma modelo sendo fotografada por paparazzi.

      — Ok, ok. Eu sei que você é competente. Mas agora tente explicar para nós, pobres mortais.

      — Basicamente — falou Elisa, se recompondo — depois de analisar e comparar artefatos históricos de todos os tipos, histórias verdadeiras, lendas, rumores e assim por diante, os maiores cérebros do mundo afirmaram que esta reconstrução, de fato, tem um fundo de verdade. Com esse embasamento, eles têm lançado arqueólogos de todo o mundo em busca desse lugar misterioso.

      — Mas então, onde o ESALD se encaixa nisso? — O Coronel estava recuperando as suas funções cerebrais. — disseram-me que esta pesquisa tinha como escopo recuperar artefatos imaginários, de origem alienígena.

      — E talvez seja exatamente isso — disse Elisa. — e agora a opinião geral é que estes famosos deuses, que nos tempos antigos vagavam pela Terra, seriam simplesmente humanoides vindos de um planeta fora do nosso sistema solar. Devido à superioridade tecnológica e grandes conhecimentos médicos e científicos, não seria tão difícil serem confundidos com deuses capazes de realizar todo tipo de milagre.

      — Sim — Jack interrompeu. — eu também, se chegasse em um helicóptero Apache no meio de uma tribo da Amazônia central e começasse a lançar mísseis por toda parte, poderia ser confundido com uma divindade zangada.

      — Esse é exatamente o efeito que essas criaturas provocariam nos homens da época. Alguns dizem até que os alienígenas teriam incutido a semente da inteligência no Homo Erectus, transformando-o, em poucas dezenas de milhares de anos, no que hoje conhecemos como Homo sapiens.

      Elisa olhou atentamente para o Coronel, que parecia estar cada vez mais surpreendido e decidiu dar uma rasteira. — Na verdade, como chefe desta missão, pensei que você estivesse mais informado.

      — Eu também pensei — Jack falou. — obviamente, os superiores seguem a filosofia de que quanto menos se sabe, melhor — A raiva estava começando a substituir o sentimentalismo anterior.

      Percebendo isso, Elisa colocou sua mão sobre a mesa e ficou a poucos centímetros do rosto do Coronel, que por um momento prendeu a respiração pensando que ela queria beijá-lo, e exclamou: — Agora vem a melhor parte.

      Com um movimento rápido voltou ao seu lugar e mostrou outra fotografia. — Enquanto todos se jogaram na busca por essa famosa "sepultura dos deuses", indo vasculhar as pirâmides egípcias, os túmulos dos deuses por excelência, formulei uma interpretação diferente da que está gravada na tábua e acho que é o caminho certo. Veja isto — e mostrou orgulhosa a imagem que representava o texto de acordo com a sua interpretação.

      Os dois comparsas, que de dentro do carro estavam ouvindo a conversa entre os dois, dariam qualquer coisa para poderem ver as fotos que a doutora mostrava ao Coronel.

      — Droga! — o gordo praguejou. — temos de encontrar uma maneira de pôr as mãos nesse tablet.

      — Tomara que um dos dois leia em voz alta — disse o magro.

      — Tomara também que este “jantar romântico” acabe logo. Estou cansado de ficar aqui no escuro e além do mais, estou morrendo de fome.

      — Fome? Do que você está falando? Você comeu até os meus sanduíches.

      — Nem todos, meu caro. Sobrou um e pretendo devorá-lo — e rindo satisfeito, se virou para pegar o saquinho de papel no banco de trás. Ao girar o joelho bateu exatamente no botão de liga/desliga do sistema de gravação, que emitiu um fraco bip e desligou.

      — Seu idiota desajeitado, tome cuidado! — O magro se apressou para ligar o instrumento de novo. — agora tenho que reiniciar o sistema e isso vai levar no mínimo um minuto. Reze para que eles não digam nada de importante, caso contrário, vou encher sua bunda gorda de chutes e pontapés daqui até o Golfo Pérsico!

      — Desculpe — disse o homem gordo, quase sussurrando. — acho que é hora de começar uma dieta.

      "Os deuses enterraram um vaso com um valioso conteúdo ao sul do templo e ordenaram para que as pessoas não se aproximassem até que eles voltassem, caso contrário, terríveis calamidades se abateriam sobre todas as nações. Quatro guardiões flamejantes foram posicionados para proteger o local."

      — Essa é a minha tradução — Elisa disse com orgulho. — a palavra exata para mim não é “sepultura” mas “templo”, e Zigurate de Ur, onde eu estou conduzindo minha pesquisa, não é nada mais que um templo erguido para os deuses. Claro, dirá que de Zigurate por aqui há muitos, mas nenhum é tão perto da casa que pertencia ao homem que supostamente escreveu as tábuas, o nosso amado Abraão.

      — Interessante — O Coronel estava examinando de perto o texto. — na verdade, o lugar que tem sido indicado por todos como a “Casa de Abraão” está a apenas umas centenas de metros do templo.

      — Além disso, se esses seres fossem realmente extraterrestres, —