O Segredo Do Relojoeiro. Jack Benton

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Название O Segredo Do Relojoeiro
Автор произведения Jack Benton
Жанр Зарубежные детективы
Серия
Издательство Зарубежные детективы
Год выпуска 0
isbn 9788835423287



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Vendem todo tipo de bugiganga e, sem dúvida, você encontrará alguém disposto a tirá-lo de suas mãos por uma pequena taxa.

      "Tavistock? Onde é isso?"

      "Do outro lado de Launceston. Em Devon." A última frase foi dita com o nariz franzido, como se existir além da fronteira de Cornwall fosse o mais hediondo dos crimes.

      "Tem ônibus?"

      A Sra. Greyson suspirou. "Por que você simplesmente não aluga um carro? Que tipo de pessoa vem para Cornwall sem carro?"

      O tipo que não tem mais carteira de motorista, Slim quis dizer, mas não disse. Ela já tinha preconceitos o suficiente sem o conhecimento de sua suspensão por dirigir alcoolizado.

      "Já disse, estou tentando ser ecologicamente correto. Estou tentando entrar em contato com a natureza."

      "Que bom para você." Outro suspiro. "Bem, há um cronograma pregado na porta do seu quarto, como já te disse."

      Slim não se lembrava se ela havia dito ou não. É verdade que havia algo, mas estava tão desbotado que era ilegível e provavelmente desatualizado a anos.

      "Obrigado," disse ele, sorrindo para ela.

      "Honestamente, você não sabe a sorte que tem agora que a First Bus começou a operar em North Cornwall. Antes, havia apenas um ônibus para Camelford por semana. Saía às duas na terça-feira e você tinha que esperar uma semana para voltar para casa. Imagine ficar preso em Camelford por uma semana? Uma hora é o suficiente para a maioria das pessoas."

      "É assim tão ruim?"

      A Sra. Greyson não percebeu o sarcasmo sutil de Slim. "Eles estão atrás de uma saída há anos. Pelo menos agora tem dois ônibus por dia. Foi Blair, na verdade, que resolveu isso. As coisas pioraram desde que os conservadores voltaram. Eles estavam atrás da piscina de Bude, depois dos banheiros públicos em..."

      "Obrigado, Sra. Greyson," disse Slim.

      A Sra. Greyson voltou para a cozinha, a boca ainda se movendo silenciosamente como se as palavras continuassem a cair como gotas de uma torneira vazando, suas mãos desajeitadamente embaralhando um punhado de notas e envelopes de extrato bancário. Slim tinha apenas começado a torcer para que a conversa tivesse acabado quando ela parou e voltou. "Você vai sair para jantar novamente esta noite?"

      Penleven tinha uma única loja que fechava às seis da tarde e um único pub que deixava de servir comida às oito e meia. Ele tinha meia hora para chegar à sua mesa solitária na sala de família ou seria um Cup Noodle e um sanduíche de atum pela terceira noite consecutiva. Embora Slim tivesse seus motivos para sua estadia prolongada em Cornwall, passar fome não era um deles.

      Ele assentiu com a cabeça. "Acho que vou," disse ele.

      "Bem, não se esqueça da sua chave," disse ela, algo que havia lhe dito em todas as noites de sua estada de três semanas. "Não vou levantar para abrir a porta para você."

      3

      Em seu quarto arrumado e surpreendentemente grande para uma casa que parecia bastante pequena por fora, Slim tirou o relógio da mochila e o desembrulhou do saco plástico.

      Ele não sabia nada sobre relógios. Seu último apartamento continha um único relógio de plástico barato que o ocupante anterior havia deixado para trás, e para ver as horas ele invariavelmente usava seu velho Nokia ou uma sucessão de relógios de pulso baratos que ele usava até ficarem arranhados demais para serem legíveis.

      O relógio era um retângulo de madeira no formato de uma cabana de inverno, com um telhado pontudo e pendente e um orifício na parte inferior para um pêndulo ausente. O mostrador do relógio, com seus números romanos de metal levemente manchados, era cercado por redemoinhos e entalhes: desenhos de animais e árvores, símbolos que talvez representassem o sol e a lua ou as estações. Em um semicírculo sob o mostrador do relógio havia uma tira fina que lembrava uma lua inclinada para cima, ou talvez uma ferradura inacabada. Alguns arranhões ilegíveis tinham sido feitos em sua superfície. O relógio inteiro era revestido com uma camada de verniz espessa, a ser lixada e alisada conforme o design fosse finalizado e refinado.

      Slim balançou a cabeça confuso. Ele nunca havia visto um relógio feito à mão antes. Se alguém se deu ao trabalho de criar algo tão complexo, por que embrulhar em um saco e enterrá-lo no mato?

      Curiosamente, apesar da falta de um pêndulo, ele ainda estava funcionando, embora os ponteiros estivessem algumas horas adiantados — ele agora estava marcando quase onze — e o fundo estava seriamente danificado pela água onde o saco havia se rasgado. Slim tentou tirar a parte de trás para olhar dentro, mas estava bem aparafusada, e sem ter ferramentas, ele não queria incomodar a Sra. Greyson novamente antes do amanhecer. A madeira, porém, tinha o cheiro de terra queimada da turfa, assim como um bolor envelhecido. Slim podia facilmente acreditar que o relógio era mais velho do que seus próprios quarenta e seis anos.

      Slim pegou um pano úmido na pia do canto e limpou o relógio. O verniz rapidamente alcançou um brilho majestoso quando a areia e a poeira foram embora. Os detalhes nas esculturas tornaram-se mais evidentes: camundongos, raposas, texugos e outros exemplos da fauna britânica escondidos entre as curvas e arcos das árvores. O clique firme do mecanismo do relógio sugeria um know-how mecânico igual ao artístico, quem o construiu o fez com muito orgulho e um nível excepcional de habilidade.

      Slim colocou o relógio na cômoda ao lado da cama e foi pegar o casaco. Era hora de sua caminhada noturna até o pub local, com sorte a tempo de conseguir pedir um jantar. Ele não estava a fim de um Pot Noodle de frango com cogumelos pela terceira noite consecutiva. Não que odiasse Pot Noodles, mas a lojinha da aldeia só tinha um único sabor. Na única noite em que se deu o luxo e comprou uma lata de feijão e salsichas, descobriu que a mesma tinha passado três meses da validade.

      Enquanto andava pela garoa leve que era padrão em Bodmin Moor e seus arredores após o anoitecer, ele não conseguia parar de pensar no relógio.

      Se ele tivesse encontrado um saco de ouro, não teria sido mais misterioso.

      4

      "Então, quem é você realmente, Sr. Hardy?" Disse a Sra. Greyson, segurando o prato de café da manhã como se sua entrega dependesse de sua resposta. "Quero dizer, você fica aqui na minha hospedaria, no meio do nada, semanas a fio, e tudo o que faz todos os dias é caminhar na charneca ou vagar pela aldeia. Está aqui por algum motivo em particular?"

      Slim deu de ombros. "Sou um alcoólatra em recuperação."

      "Mesmo assim, você janta no Crown todas as noites?"

      "Chame de penitência," disse Slim. "Estou confrontando meus demônios pessoais. Além disso, sempre me sento na área familiar, longe da bebida."

      "Mas porquê aqui? Por que Penleven? Se eu não tivesse percebido sua incapacidade de lembrar funções básicas, como levar a chave da porta da frente ao sair, poderia imaginar que você fosse um espião escondido."

      Slim deu de ombros. "Eu não tinha dinheiro para ir para o exterior. E sempre fui atraído por Cornwall, principalmente pelas partes frias, escuras e inexpressivas que a maioria das pessoas evita."

      "Bom, não há lugar mais parecido com isso do que Penleven," a Sra. Greyson disse com um leve ar de decepção, como se ela tivesse tido uma oportunidade de ir embora, mas perdido a chance. "Há apenas algumas centenas de pessoas na aldeia, mas pelo menos não somos uma cidade fantasma de inverno como muitas das aldeias costeiras."

      "Cidade fantasma?"

      "Boscastle, Port Isaac, Padstow... são todas casas de férias. Prosperam no verão, mas ficam desertas no inverno. Podemos