Filho Nota 10. Paulo Henrique Menezes

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Название Filho Nota 10
Автор произведения Paulo Henrique Menezes
Жанр Документальная литература
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Издательство Документальная литература
Год выпуска 0
isbn 9786588927113



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de nossa espécie.

      Ela é resultado e ao mesmo tempo um dos principais agentes de educação. Para que colhamos o que ela pode nos oferecer de melhor, precisamos cuidar dos outros agentes.

      O papel das escolas

      É fundamental, urgente e extremamente necessário a reformulação do conceito do que deva ser o papel da escola. Sempre entendida por muitas famílias como agente principal do processo educativo, a escola contava com o diferencial de ser um centro onde encontrávamos professores detentores de conhecimentos únicos e de didática e metodologia próprias para o processo de formação das crianças. E nas sociedades como a nossa que valorizam o conteúdo de modo desproporcional (vide o que é cobrado pelo ENEM e pelos vestibulares), o repasse de conteúdo sempre foi o mais valorizado. O fato é que com o advento da internet e com a criação de novas ferramentas para disponibilização gratuita de excelentes conteúdos, como a escola deverá passar a agir visando auxiliar o processo de formação de nossas crianças e adolescentes?

      A formação de um ser humano, como a própria UNESCO apresentou, tem como base o aprender e não o ensinar. Ensinar a aprender deve ser o foco e não mais ensinar matérias. E para isso, faz-se necessário que todo o processo seja alterado: o modelo de aulas, o tamanho das turmas, o processo avaliativo, o papel do professor, tudo. Entretanto, as escolas só partirão de modo decisivo para esse novo e necessário caminho, quando o governo, movido pelo desejo da sociedade, mudar o modelo que avalia a performance do aluno.

      O papel do aluno

      Neste novo mundo onde o aprender passa a ter um foco maior do que o ensinar, o aluno precisa mudar seu papel e se tornar ativo no processo, precisa deixar de ser aluno e se transformar em estudante na maior parte do tempo.

      O termo aluno já traz em si um conceito de passividade. Aluno vem de alere (latim), que significa nutrir, alimentar, logo, aluno é alguém que precisa ser nutrido de alguma coisa. Via de regra, um aluno tem como fonte principal para a obtenção do seu conhecimento os professores de suas escolas. E esse conhecimento repassdo são conteúdos de fatos que precisam ser aprendidos para que novos profissionais sejam formados. Mas como foi dito, essas informações já estão largamente disponíveis na internet, e soma-se a isso, quantas novas profissões estão surgindo cujos conhecimentos necessários são ainda tão pouco ensinados nos modelos tradicionais de ensino?

      Estudar tem que deixar de ser visto como uma obrigação, algo chato ou uma necessidade temporária e passar a ser visto como sendo, assim como o ar, como a água, como os alimentos, algo fundamental para a nossa sobrevivência.

      O papel das famílias

      Nada substitui o exemplo. Quando nascemos em uma família, somos como uma semente jogada num solo que pode ser fértil ou não. O que essa família nos cobrará e nos mostrará com exemplos práticos servirá como nosso terreno para que possamos desabrochar e nos tornar árvores grandes e frondosas, a ponto de fazer que nem cheguemos a ser o que tínhamos trazido em nossa essência. É como se tivéssemos nascido para ser carvalhos e nos transformamos em palmeiras ou, o que é ainda pior, nos transformarmos em algo que nem sabemos bem o que é.

      Nossas fragilidades, medos e carências ou nossa coragem, otimismo, determinação e crenças têm como base os valores que recebemos em casa. É nesse ambiente e com essas pessoas que passamos a maior parte de nosso processo inicial de vida. É aí que encontramos a segurança ou o medo, a confiança ou a dúvida e o amor.

      E agora, Paulo?

      Agora vamos começar a nossa jornada rumo ao que podemos fazer de melhor. Cada um no seu ritmo, cada um no seu tempo, mas todos com o mesmo destino: cumprir nosso papel de modo digno no processo de educação!

      Vamos lá!

      A base de tudo

      Se preparando para ajudar!

      Pode um cego guiar outro cego?

      Mateus 15:14

      “O pior cego é aquele que não quer enxergar.” Seja no ditado popular ou na citação bíblica, a mensagem que devemos retirar destas passagens é que para guiarmos e ajudar seja a quem for, seja para o que for, precisamos antes de tudo ter a consciência de nossa real capacidade e procurarmos nos adequar para a missão que iremos cumprir. Via de regra, chegamos a resultados lastimáveis sempre que achamos que podemos ajudar e saímos fazendo, sem avaliar nosso real preparo. E não é à toa que dizem que: “de pessoas com boas intenções, o inferno tá cheio!”.

      Por melhor que seja o comissário de bordo, se o comandante da aeronave e seu copiloto precisarem de ajuda na condução do avião, o comissário muito pouco poderá fazer. Não que ele não queira, ou que não sinta a necessidade e às vezes até perceba a emergência ou a gravidade da situação, mas o fato é que sem estar preparado, muito pouco ou quase nada poderá fazer. Nem o copiloto, nem uma enfermeira numa mesa de operação, nem a moça da cantina, caso a escola precise de um professor com urgência. Boa intenção não elimina a necessidade de uma formação adequada.

      Quantos são os pais, avós, tios, e pessoas ligadas à família que querem realmente ajudar na educação das crianças? Querem sentar ao lado, acompanhar nos deveres, motivar, ensinar, mas que por não terem sido preparados para isso, muitas vezes não conseguem. Ter conhecimento, paciência e tempo é fundamental, ajuda muito e pode até dar algum resultado, mas, e quem é que tem isso tudo ao mesmo tempo? Uma coisa é ajudar uma criança que está aprendendo tabuada outra coisa é ajudar um pré-adolescente que está estudando química inorgânica, por exemplo.

      Conhecendo e trabalhando seus limites

      “Tudo principia na própria pessoa.”

      Gonzaguinha

      Nada é mais verdadeiro para um educador do que as sábias palavras de São Francisco de Assis: “É dando que se recebe”. Quando nos propomos a ensinar, entramos no processo do aprender. É impossível ensinar sem estar preparado. E não falo necessariamente em ter que aprender uma matéria, e sim em aprender a ensinar. E como seres humanos emocionalmente sensíveis que somos, frutos de histórias únicas, carregamos bagagens emocionais que precisam ser revistas para ver se estamos prontos para a tarefa, sob pena de abrirmos a mala errada numa hora imprópria. Ter má vontade, ser impaciente, não demonstrar compreensão e amor, são falhas imperdoáveis no processo de educar. Quando vamos nos preparar para educar, precisamos antes nos avaliar para que o processo seja construtivo e não destrutivo.

      •O que me irrita?

      •De que modo me sinto mais confortável para ajudar meu filho?

      •Depois de um dia de trabalho cansativo, como poderei ter a calma necessária?

      •E como me controlar com as malcriações que ele faz?

      Estas são apenas algumas das questões que temos que avaliar para construirmos um modelo que seja positivo. Na avaliação destas questões, temos a oportunidade de mergulhar em nossa essência e nos Redescobrir, nome da música de Gonzaguinha que tem o trecho aqui citado, linda por sinal.

      Ter consciência do seu papel.

      Se o ato de ajudar o filho no processo educacional, aqui entendido como processo de ajuda nos estudos, for visto como um fardo, um peso, algo chato mas obrigatório, aconselho que não faça. Se você não enxergar isso como um de seus muitos papeis como pai ou mãe, se não entender que criar um filho traz, entre outras obrigações, a necessidade de ajudar nos estudos, então é melhor delegar.

      Mas se você entende a importância desse papel, se quer mesmo ajudar e o problema é não saber como, se quer começar a partilhar da alegria que é ver uma criança se desenvolvendo a cada dia, a cada nova aprendizagem, se quer resgatar uma proximidade eventualmente perdida através do ato de educar, então vamos lá!

      Exercício para autoavaliação

      Responda agora essas 10 questões sendo o mais sincero possível.

      Dedique o tempo que for necessário, mas responda.

      1)