Os meus três amores - Tal como sou. Rebecca Winters

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Название Os meus três amores - Tal como sou
Автор произведения Rebecca Winters
Жанр Языкознание
Серия Omnibus Bianca
Издательство Языкознание
Год выпуска 0
isbn 9788413752686



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todos os modos, porque é que a vida havia de começar a ser justa de repente?

      Depois de tirar toda a roupa que vestira para sair, Rachel tentou aquecer as mãos com a respiração e foi aos tombos até ao tanque, que ficava ao lado da cozinha. Tinha uma lanterna e uma vela numa estante, por trás da porta. Depois, pôs o gerador a funcionar e foi ver como estavam os bebés.

      Sentiu um aperto no coração ao vê-los abraçados e a dormir. Balançou-se, aliviada. Agarrou no corrimão do parque com força. Sentiu-se espantada com a sua inocência e os seus recursos.

      Depois de um instante, ouviu a porta e sentiu uma corrente de ar frio.

      – Como estão? – perguntou Sullivan, ficando ao seu lado.

      Com sentimentos contraditórios, Rachel olhou para ele e viu que tinha o cabelo molhado e a pele vermelha do frio. Apesar de nunca o confessar, fora um alívio vê-lo aparecer.

      – Bem. Continuam a dormir.

      – Parecem tão tranquilos.

      – Sim – Rachel virou-se para que ele não visse que tinha os olhos cheios de lágrimas. – É uma pena que não vá durar muito tempo.

      – O que queres dizer?

      – Se levares a tua avante, as pessoas em que deviam confiar estarão a tirar-lhes a pouca normalidade que encontraram desde que perderam os seus pais.

      – Isso não é assim.

      – Claro que é, mas não esqueças que eu não vou abandoná-los.

      – Eh, eh! – ele segurou no rosto dela e limpou-lhe uma lágrima com o dedo polegar. – Sei que é difícil. Mas o meu amigo e a tua irmã confiaram-nos o cuidado dos seus filhos porque sabiam que o faríamos. Mesmo que seja difícil.

      – Não é justo – declarou ela, afastando-se dele.

      Sullivan seguiu-a e abraçou-a.

      – Não – admitiu. – Não é. Mas não estás sozinha. Superá-lo-emos juntos.

      Rachel queria lutar contra ele, afastá-lo do seu lado e contrariá-lo. Mas era demasiado bom poder apoiar-se em alguém finalmente. Em alguém com um peito forte e uns braços musculados, que cheirava muito bem e que a aquecia com o seu corpo. Rendeu-se e apoiou a cabeça no seu ombro. Fechou os olhos para que ele não conseguisse ver a sua angústia.

      – Não quero gostar de ti.

      Ele riu-se e acariciou-lhe o cabelo como fizera com Cody. Aquilo tranquilizou-a.

      – Bom, continua a pensar assim, amanhã será outro dia. Escuta, tens frio, estás cansada e faminta. Falaremos da custódia das crianças noutro momento. Porque não tomas um duche enquanto eu faço alguma coisa para o jantar?

      Tanto a trégua como o duche pareceram excelentes para Rachel.

      – Devíamos guardar a água quente.

      – Esta noite não. Precisamos de descongelar. Vai tu primeiro enquanto eu vou ver o que há na cozinha.

      – E os gémeos?

      Sullivan suspirou com força.

      – Deixa-os dormir. Não dormiram bem esta noite.

      – Passaram a semana toda sem dormir bem.

      Talvez fosse essa a razão pela qual Rachel tinha a sensação de que podia ter adormecido assim, com a cabeça apoiada no seu ombro, ouvindo os batimentos do seu coração.

      – Sofreram muito – acrescentou.

      – Superá-lo-ão com o tempo – declarou ele, apertando-lhe o braço.

      Sullivan tinha calor como um aquecedor e aquecia-lhe não só o corpo, como também o coração. Quanto tempo passara desde que um homem a reconfortara?

      Na verdade, nunca acontecera. E muito menos o seu pai.

      Aquele pensamento fez com que se afastasse dele e recuasse. Não tinha de se apoiar em nenhum homem. No entanto, ele tinha razão, os pais das crianças tinham confiado neles para que fizessem o que fosse melhor para eles. Mas isso não significava que pudesse confiar nele.

      No que se referia aos gémeos, por enquanto não estavam de acordo.

      Rachel perguntou-se se devia deixá-lo a sós com eles, embora não tivesse muito para fazer. A tempestade impedia que se fosse embora e já lhe demonstrara que sabia tratar deles com carinho.

      – Irei tomar um duche – declarou finalmente, indo para o quarto. Ao chegar à porta, virou-se. – Obrigada.

      Ele estava a observá-la. Na verdade, estivera a observar o seu rabo. Levantou o olhar para olhar para ela nos olhos; não se desculpou por ter estado a desfrutar da vista, só demonstrou a sua aprovação masculina. Levantou o queixo e fez um gesto de reconhecimento.

      Ela tremeu e sentiu aquele instinto feminino que com tanto empenho tentava reprimir.

      Fechou a porta, pondo uma barreira entre ela e aquele homem tão perigoso que despertava nela sentimentos que preferia manter enterrados.

      Era o momento de fazer uma pausa. Como podia ter passado um segundo nos braços do inimigo? E não exagerava. Qualquer um que quisesse arrebatar-lhe as crianças era o seu inimigo.

      Não entendia porque ele queria levar os gémeos. Era militar e solteiro, o seu comandante também lhe dera essa informação e os gémeos só lhe dariam dores de cabeça, mesmo que a sua família o ajudasse.

      Talvez quisesse que fosse a sua família a tratar deles.

      Sem dúvida, a família era o ponto fraco de Rachel. Uma vez na casa de banho, despiu-se e entrou no duche, deixando que a cascata de água quente lhe tirasse o frio.

      Ficou a pensar em Crystal. Quando Rachel saíra de casa, o que mais lhe custara fora deixar a sua irmã mais nova, de apenas dez anos. Mas não conseguira ficar num lugar onde não a amavam.

      Quando fizera dezassete anos, descobrira que o homem a quem sempre chamara «pai» não era o seu pai biológico. A notícia destruíra-a, embora graças a ela tivesse entendido muitas coisas, como porque é que se sentira sempre como uma estranha na sua própria casa.

      Finalmente, começava a descongelar e pegou no seu sabonete favorito, que cheirava a pêssego.

      Rachel compreendia que as coisas tivessem sido muito difíceis para Dan. Tinham-lhe mentido, enganado para que criasse a filha de outro homem. No entanto, dera-lhe de comer, vestira-a, nunca lhe batera… Havia crianças que tinham sofrido mais do que ela.

      Rachel culpava a sua mãe. Ela é que mentira, que preferira o seu bem em vez do da sua filha. Stella Adams podia ter dado a Rachel as coisas que Dan lhe negara: tempo, atenção e carinho. Mas Stella preferira não o fazer.

      E Rachel nunca a perdoara por isso.

      Passou-se por água, fechou a torneira e saiu da banheira. Enrolada numa toalha enorme, foi para o quarto.

      Rachel aprendera bem a lição durante a sua infância e não ia mudar como adulta. Antes de lhe partirem o coração, preferia estar sozinha. Tinha relações, mas nenhuma prosperava. Por culpa dela. Ela não queria arriscar-se a deixar que alguém que amasse a rejeitasse.

      Outra vez.

      Infelizmente, a sua relação com a sua irmã também sofrera por causa daquilo. Mas, ao contrário do que Sullivan dissera, tinham forjado uma nova relação depois da morte dos seus pais.

      Rachel recusava-se a acreditar que Crystal tivesse fingido que não tinham essa relação.

      Entrou na sala com umas meias grossas e uma camisola velha e parou para verificar se os bebés continuavam a dormir antes de ir para a cozinha. Imaginara que Sullivan teria aberto algumas latas de sopa, mas não fora assim. O cheiro a cebola e tomate fez com que o seu estômago se queixasse.