Название | Escada E Cristal |
---|---|
Автор произведения | Alessandra Grosso |
Жанр | Ужасы и Мистика |
Серия | |
Издательство | Ужасы и Мистика |
Год выпуска | 0 |
isbn | 9788835409748 |
A luta continuava e começaram a não farejar mais o ar, mas apenas a brigar entre eles sempre de forma mais apaixonada. Talvez tinham perdido o interesse por nós. Estavam a magoar-se um ao outro: era o momento de atacar e de procurar os eventuais sobreviventes. Poderíamos ainda salvá-los ou tentar de fazê-lo, pensava esperançosa. Todavia não havia muitas esperanças, mas se tivessem sido atacados recentemente, talvez o kit do pronto-socorro poderia ajudar-nos.
Resolvemos portanto de apanhar os monstros de costas e de disparar apontando às suas feridas; para enfraquecê-los, se não matá-los.
Imaginava claramente o nosso empenho, o nosso avançar silencioso.
Começamos a disparar um segundo antes que se dessem conta de nós. As nossas balas, não obstante as suas dimensões colossais, eram dolorosas. Lhes carregamos em cima deles tudo o que pudemos, mas depois tudo acabou mal.
Vi o fim, vi-o nos olhos escuros da mulher que tinha sido mortalmente ferida e era exactamente igual a mim; podia ver com os seus olhos e perceber a vida que a estava abandonando lentamente. Contudo devia ir embora. Ela percebeu que devia fugir e nos seus olhos vi o perdão e a compreensão. A minha fuga percebida, justificada.
Nos dias seguintes teria sonhado e sentido toda a dor daquela criatura proveniente de muito longe que jamais teria revisto, a minha imagem proveniente duma dimensão diferente. Teria sentido o gélido impacto gerado pelo remoinho escaldante que me chupava, teria reparado em cima sabendo que não havia mais esperança neste mundo.
Apesar de tudo os monstros estavam ainda vivos e podiam fazer-me mal: devia deixá-la sozinha a minha companheira da aventura mal encontrada.
Para ensaiar a morte deles ela deixou-se pegar fogo, deixando saltar pelo ar os projécteis que tinham restado. O que criou uma enorme dor aos monstros que pareciam estar a gritar, gemer e rugir de raiva, frustração e dor. Os tinha visto de joelhos com o canto do olho e dentro de mim esperei para ser libertado.
Atravessei a larga passagem e encontrei-me na sala onde Danação e Vingança torturavam os prisioneiros e os sacrificavam em algumas divindades infernais.
Vários corpos tinham sido massacrados e enforcados ao contrário, de forma que o sangue gotejasse e com eles a vida. Era horrível e dramático, uma cena pior que tivesse alguma vez visto.
Tinha a pele de galinha e as lágrimas nos olhos; um terror jamais conhecido lambia o meu corpo. Tremia a cada mínimo perigo e a cada jogo de luz das chamas um arrepio percorria-me as costas. Repetia para mim que tinha o dever moral de assistir as pessoas em dificuldades, esta era a minha natureza e devia segui-la.
Tinha sentido como uma queixa num saco e procurei perceber do que se tratava. Todavia devia ser perigoso: podia ser um prisioneiro inocente ou então uma criatura como Danação e Vingança.
Segui as lamúrias. Provavelmente era a voz de um homem que pedia ajuda, mas não percebia o que estivesse a dizer ou quem invocasse. Abri o saco e saiu um homem lindíssimo. Tinha os olhos azuis-verdes, cabelos loiros e as típicas feições nórdicas que sempre deixaram enlouquecer; os braços eram poderosos e pareciam ter sido criados para proteger-me.
Pouco tempo depois sorriu para mim, grato, e tentou falar comigo, mas não percebia o que dizia. Num instante, pois, compreendemos que devíamos fugir de novo porque Vingança e Danação gritavam e desejavam a sua desforra. Estavam muito próximos de nós.
Fugimos duma só vez.
No fundo da sala, a dado passo ele indicou-me um alçapão. Antes, contudo, deveria abrir a tal e depois a grade, por conseguinte eu, que estava armada, eu devia proteger e disparar numerosas balas contra os dois monstros que estavam feridos mais ainda terrivelmente activos. Enfim podia vê-los: eram duas criaturas diabólicas. Começaram a lançar bólides amarelos para a minha direcção e eu protegi-me como podia, continuando a disparar.
Estava tão concentrada que aquele homem lindíssimo foi obrigado a pegar-me pelo pescoço para virar-me e deixar-me entrar no alçapão, que fechamos apressadamente à nossa trás, e assim como a grelha.
Continuamos às cegas naquele lugar obscuro. A luz era fraca mas não estava sozinha. Seja eu como ele, tínhamos nos olhos e no coração uma jornada entre as mais tristes e dolorosas que os humanos pudessem ter conhecido; éramos pequenos, fracos e assustados.
Apesar do nosso medo e os gritos enlouquecidos dos dois monstros, na luz fraca o homem admirável conseguiu encontrar uma espada.
Percebi que o meu companheiro da aventura sabia empunhá-la e devia também estar treinado para usá-la; o que justificava os grandes e atraentes braços robustos.
Prosseguindo com a espada, encontrou também um homem morto dentro de uma couraça e fez-me perceber que devia ajudá-lo a remover o cadáver de forma que pudesse usá-la; felizmente não lhe ficava nem muito larga nem muito apertada. Era rápido e ágil mesmo com ela vestida.
Avançamos através dos estreitos túneis subterrâneos que eram quentes e pouco iluminados mas que davam um sentimento de tranquilidade. Avançamos durante algum tempo. Não havia perigos. Já tinha percebido que ele sabia usar as armas, que era inteligente e esforçava para comunicar-se; devia ter sido um soldado. Parecia gentil nos gestos e nos movimentos, talvez porque o tinha salvado. Estava sempre disposto para ajudar-me e parecia estar a procura de comida como a procurava eu também.
Naquele caso fomos sortudos: as ruínas tinham os seus canais de escoamento e nós estávamos num deles.
A água demonstrou-se de boa qualidade, e eu acrescentei a erva medicinal que a transformava em limpa. Tínhamos também encontrado umas carcaças de animais. Ele era excelentíssimo para seccionar a carne, salpicava-a com sal para conservá-la por muito tempo.
Éramos um bom team: eu emotiva e sensível, orgulhosa lutadora armada, ele mais técnico e reflectido mas sempre, como eu, disposto ao auxílio recíproco. Éramos muito leais entre nós e durante o tempo passado nas ruínas tornamo-nos bons amigos, por aquilo que a barreira linguística nos permitia.
Tinha encontrado uns animais mortos, e graças à sua habilidade com qualquer coisa que assemelhasse a uma faca ou uma espada, obtemos capas confortáveis que de noite nos serviam como cobertores: podíamos desta forma nos escaldarmos.
Depois de vários dias de exploração e tentativas, nos encontramos numa descida que levava a uma abertura. Descemos, mas o caminho era rápido e escorregadio, e no princípio, ainda que não perdíamos o equilíbrio, continuávamos a acelerar. Era assustador mas enfim não podíamos recuar. Continuávamos a descer sem poder paralisar as nossas pernas que se moviam cada vez mais velozmente. Temíamos que não conseguiríamos mais parar. Não podíamos pegar nenhum corrimão nem assentar estavelmente as nossas botas, podíamos apenas orar que antes ou depois aquela maldição acabasse. Mas podia realmente acabar. Podíamos encontrar realmente um ponto de apoio?
Infelizmente, muito em breve descobrimos de termos caído numa armadilha e que, talvez, a mesma descida nos tinha atraído a si porque a tínhamos percorrido sem tão-pouco pensar em possíveis caminhos alternativos. Tínhamos sido iludidos pelo declive, atraídos como abelhas em flores lindas e perigosas, e agora não tínhamos uma outra possibilidade: podíamos apenas esperar para sobreviver.
Esperava com paciência preparando os seus esquemas… esperava como se espera a própria presa, esperava sempre tecendo o fio, e como esperava ele esperavam todos os seus amigos ali em volta. Tinham um instinto primordial para com as presas e mesmo eles tinham uma especial predilecção pelas carnes humanas. Os humanos, tão tenros e rosados, criaturas muitas vezes implumes mas tenros e macios; com apenas quatro membros, estranhamente bípedes, estranhamente lentos, com reflexos muito retardados.
Eram uma colónia de aranhas, Aracnídeos primordiais, peludos e orgulhosos das próprias capacidades de tecer e preparar as armadilhas. Não se davam o cuidado de esconder-se tanto assim, visto que as trincheiras onde viviam garantiam um bom esconderijo. Estes eram construídos com