Escada E Cristal. Alessandra Grosso

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Название Escada E Cristal
Автор произведения Alessandra Grosso
Жанр Ужасы и Мистика
Серия
Издательство Ужасы и Мистика
Год выпуска 0
isbn 9788835409748



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sido sempre sensível em vida e tinha percebido, notado às fraquezas do monstro, e de repente ataque: com uma finta de lado lhe despedacei a cadeira na cabeça. A cadeira partiu-se e na mão fiquei com dois cotos. Agitada, espetei-os com raiva no tórax e no pescoço do monstro.

      Já a tremenda figura queimada estava no chão. Podia apenas tentar de lhe atear fogo. O teria afrouxado: tinha a fobia… o horrível monstro tinha a fobia do fogo que teria varrido a inveja que tinha nutrido durante a sua vida, uma inveja feroz no que diz respeito à beleza e à inocência – efectivamente tinha sido psicopático e manipulativo.

      Eu estava quase certa desta sua fobia, mas devia mesmo defender-me e torná-lo inofensivo.

      Durante a vida tinha percebido que a inveja e o ciúme eram mal vistas, desta forma as mascarava atrás duma carapaça feita de charme e intelectualismo, mas obscuros e áspero eram os seus pensamentos; diz-se de facto «o mal maior é a fome». Para mim a inveja é pior, e na história originou guerra, brigas, conflitos e infinitas lutas.

      Achei o meu isqueiro dos bons tempos, o tinha dado o nome de «isqueiro dos meus dezasseis anos», quando fumarolava às escondidas. Movi-me rapidamente e lancei o isqueiro, depois vi a chave, peguei-a e corri em direcção às escadas.

      Cinquenta e cinco degraus.

      Era jovem, e os percorri voando.

      Sentia dores no joelho mas persistia. Pensava que cada degrau fosse a vida, contava-os e os contava outra vez.

      Chegado em cima, virei enfim atrás do corrimão que protegia as escadas e rapidamente entreguei a chave aos colegas encontrados ali que procuravam a luz, mas também a quem queria ir na direcção oposta e aventurar-se para os abismos.

      A chave girou, mas pelo meio senti que o monstro estava a recompor-se e estava aproximando: queria percorrer outra vez as escadas.

      Não queríamos sair dali e fugir em direcção à luz… luz que procurava desde sempre, mas no entanto tinha sempre em frente as emaranhadas grades do portão pintadas de branco que me lembravam a pureza e uma vez ainda a luz.

      As grades eram robustas e cerradas e o monstro teria ficado longe delas porque a luz me protegia… mas o que podia ser por acaso este elemento protector? A luz? O que é por acaso a luz? Deus? Luz como Lúcifer? Eh, são perguntas, são perguntas… mas a resposta?

      Continuava a procurá-la, e depois de ter escapado do monstro da cave aventurei-me para uma igreja obscura.

      O monstro tinha rogado pragas, furioso, com a sua voz gutural e assustadora; tinha praguejado, mas as grades estavam fechadas, todos tinham fugido e a chave estava agora disponível para quem quisesse morrer ou ir matá-lo definitivamente.

      Eu mais que isto não podia fazer.

      Não percebia o que houvesse de estranho na velha igreja obscura, mas improvisamente encontrei-me sozinha e na escuridão, naquela igreja poerenta e com as paredes em mau estado e pobres.

      Aventurei-me ao longo da cela que acredito que fosse a nave da direita e vi um estranho genuflexório com uma estátua.

      Estranha estatua, pensei. O que terá por ventura…

      Estava repleta de sangue.

      Um arrepio e depois uma voz.

      «Não existe uma única Morte!».

      A morte será na verdade o fim de tudo ou iremos ao passado? Ou ao futuro? Ou esmoreceremos lentamente numa nuvem de fumo? Um passado recente ou longínquo ou uma dimensão paralela?

      Questionava-me isso enquanto encontrava-me de novo fora da igreja misteriosa a deambular no meio dos fetos. Fetos gigantes, majestosos, com folhas lúcidas que tinham cheiro de selvagem e lembravam-me a minha infância perto do lago na velha casa do campo. Aquela casa do campo estava próxima, mas eu estava curiosa e queria ultrapassar a fileira dos fetos, numa atitude de pesquisa e exploração típica da primeira puberdade. A minha juventude efectivamente dizia: «explora», a minha consciência «pensa», o meu coração «tenta». Prosseguia seguindo a minha natureza aventurosa… e mesmo naquele momento estava a fazê-lo, como típico do meu carácter.

      Detectei uma cena do passado, uma luta cruel entre tiranossauros (repteis), e fugi. Antes da fuga, posso testemunhar de ter visto os dentes aguçados dos dois animais e a atitude deles que de desafio transformava-se num ataque verdadeiro. Com os seus corpos mastodônticos e musculosos lutavam. Destruindo tudo o que atropelavam. Tinham derrubado árvores e destruídos os meus amados fetos, numa luta típica do período reprodutivo.

      Correndo, caí sobre as pedras que caiam aos trambolhões umas sobre as outras.

      O ruído atraiu o sensibilíssimo brutamontes, que voltaram e começaram a caça.

      Sentiam todo cheiro e percebiam o medo, como muitas feras selvagens.

      Fugi desesperada, a respiração que se tornava pesada. O baço activo, cansado, mas não podia ceder e parar: devia haver uma saída. E algumas vezes ela é mais assustadora que se prolongava num cubículo rachado e escuro inserido numa cavidade.

      Tenho que enfrentar a claustrofobia.

      Com o ultimo golpe dos rins enfiei-me ali. Fora, as gigantescas feras rugiam rancorosas de raiva, pois que não viam mais a sua presa.

      Rastejei por um instante, o ar mofento, fedorento e detestável para respirar. Temia arranhas e ratos… tinha sempre odiado as arranhas e os ratos. Especialmente estes últimos me amedrontavam: desde criança tinha ido na capoeira e tinha visto um enorme rato atento para roubar os ovos a uma galinha.

      Mas era criança, agora pelo contrário era uma mulher e era tempo de lutar pela vida.

      Lutar para sobreviver ou fugir se o demónio era mais enorme: este era o mecanismo como base de sobrevivência humana. Sempre tinha sido, e eu continuava a usá-lo, para mim, para a sobrevivência da espécie humana, para toda a humanidade.

      A humanidade não tinha sido assim no centro dos meus pensamentos.

      Antes de todas estas aventuras tinha sido uma desajeitada; um individuo difícil, fechado, sempre vestido de preto e frequentemente deprimida, precisamente com pensamentos suicidas. Todavia agora era tempo de lutar e sair do túnel.

      Rastejava, arranhava-me e tentava de avançar.

      Quando saí para fora era noite, uma noite assustadora quase sem lua, com um céu negro e espaçadamente tornou-se dominante e agressivo a partir das nuvens. As nuvens tinham a força de um leopardo pelas cores que se aventuravam sobre os músculos do animal com inquietantes tonalidades encarnadas.

      E vi tudo. Vi um tiranossauros que vagueava diante de mim, enquanto eu observava escondida naquela espécie de balcão natural.

      Desci dali apenas durante o dia e me senti mais forte, pronta para ver outros monstros e explorar para perceber a verdadeira natureza das coisas: a mente estava aberta para cada eventualidade, para ver outras criaturas estranhas e para captar outros sonhos estranhos.

      Os sonhos tinham sido tudo para mim, o alívio de todos os meus desejos; eram a percepção das coisas precisamente antes que acontecessem, a percepção do não ao meu pedido de ajuda para com um amigo querido que não me tinha percebido como ser humano.

      Tinha sonhado esta negação de ajuda, mas com a minha natureza teimosia e corajosa tinha ido contra aquilo que tinha percebido, e tinha continuado. Tinha batido a porta porque não tinha escutado a minha natural e sensível voz interior. Sentia-a desde a tenra infância, mas tinha tomado a consciência há pouco, só a partir de agora que fugia dos monstros ou os combatia.

      Comecei a caminhar por um vale que se escalava, folhas de carvalho vermelho por toda a parte. Era Outono, as folhas separavam-se das árvores, cheiro de chuva acabada de cair, de musgo selvagem.

      Perto de mim um ambiente abafado, onde finalmente podia acender um fogo para aquecer-me. Felizmente na sacola tinha ainda a minha reserva de carne posta a secar; preparei o fogo e pus-me comodamente