Storey. Keith Dixon

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Название Storey
Автор произведения Keith Dixon
Жанр Триллеры
Серия
Издательство Триллеры
Год выпуска 0
isbn 9788873041719



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      Pararam no meio da passagem subterrânea, à frente duma parede de azulejos pretos e brancos. Retesou os músculos e, depois, descontraiu-se. Concentrou-se. Sintonizou o ouvido, hipersensível agora ao barulho pés no asfalto, cinco homens a posicionarem-se, a leve brisa a vir da passagem subterrânea, o fedor a vir de meia dúzia de caixotes de lixo industriais azuis.

      “Tenho de falar contigo acerca da Minty, como sabes, não sabes?” – disse Cliff.

      “Ela está cá?”

      “Não te preocupes. Que andas tu a fazer com aquela rapariga? Estás a ver se lhe dás uma? A uma rapariga com bom aspeto como ela? Pode ser uma vaca miserável a maior parte do tempo, mas sabe muito bem tratar dela, concedo.”

      Paul inclinou-se para trás, abrindo distância entre ele e Cliff, e disse descontraidamente: “Qual é a vossa? Ela tem um namorado, não tem?”

      “Conheceste-o, não conheceste? Ontem. Sei a história toda. Está muito aborrecida por teres falado com ele. Acha que estás a arruinar a sua vida amorosa. Devias perceber, companheiro, que uma pessoa não se mete entre uma rapariga e uma pila amigável. Percebes o que estou a dizer?”

      Paul sentiu que, de repente, estava no meio dum círculo, tendo os outros mudado de posição.

      “Que é isto?” – disse. Depois, entendeu acrescentar: “Estão a ameaçar-me?”

      Cliff olhou para cada um dos seus homens antes de voltar a ele.

      “Parece uma ameaça? Cinco sujeitos a conversarem numa túnel merdoso. Podíamos estar a falar de pesca, não podíamos? É uma coisa que nunca compreendi – porque é que chamam a isto ‘pesca recreativa’? Que é a porra dum recreio? Neste contexto, claro.”

      “Que é que tens em curso com a Araminta e o David? É a história do cancro? Dar-lhe algum dinheiro enquanto se trata… Estou surpreendido por ele ter caído nessa.”

      “O quê? Com a tua grande experiência de psicologia humana enquanto avaliador de seguros, é isso que queres dizer?”

      “Entre outras coisas.”

      Cliff acenou com a cabeça no escuro, como se soubesse que Paul ia dizer aquilo ou algo semelhante. “Está bem, eu sabia que não eras um miserável dum manga de alpaca. És demasiado agressivo. Que mais há? No teu passado?!”

      Paul não disse nada, limitou-se a olhar para ele, deixando os olhos repousarem em cima do outro homem como um peso pesado.

      “Aposto que estiveste no exército” – disse Cliff. “Toda essa merda das viagens… Aposto que fizeste uma missão na Irlanda, no Iraque ou noutro sítio qualquer, não fizeste?”

      Paul continuava a olhá-lo em silêncio… deixa andar, não digas nada.

      Então, Cliff pareceu fartar-se e disse: “Que se foda – não incomodes o David. É um bom homem e está a fazer um trabalho importante. Ao contrário de ti.”

      “Se tu o dizes...”

      “Ah! Agora já falas, não falas? Pensei que o gato te tinha comido a língua. Portanto, vais manter-te afastado dele, está bem?”

      “Vou pensar nisso...”

      Mais tarde, perguntou a si mesmo se Cliff fizera algum sinal em que não tivesse reparado ou se a altura já estava combinada… mas um golpe violento atingiu-o na nuca, fazendo-o cambalear, atirando-o para a frente, provavelmente uma pirueta dum dos compridos braços do Tarzan, e depois lá estava o Holandês com a sua cara, uma expressão estranha a aflorar-lhe ao rosto, Paul a dobrar-se quando um murro o atingiu no estômago e o fez expelir o ar dos pulmões. Estava à espera dalguma coisa vinda de Gary na fração de segundo seguinte, mas nada aconteceu.

      Cliff estava, então, à sua frente; sentiu umas mãos a agarrarem-lhe os braços e a endireitá-lo, a chiadeira da sua respiração, a visão toldada e uma dor de cabeça a formar-se na parte de trás do crânio. Pensou que estava a ser inspecionado.

      Voltou a inclinar-se para a frente e queria cuspir, mas não o fez. Agora, Cliff deixava-o em paz e dava-lhe palmadas nas costas, como se tivesse passado num teste. Paul disse para consigo que devia calar-se e apenas respirar fundo. A visão começava a clarear, embora pudesse facilmente vomitar.

      Cliff voltou a aproximar-se e baixou a voz para lhe falar ao ouvido. “Entra quando estiveres em condições. Não há pressa. Não é nenhuma sangria desatada” – disse, baixinho.

      Depois, Paul ouviu os homens afastarem-se, a conversar entre eles. Apoiou as mãos nos joelhos e sentiu bílis na garganta.

      Estava satisfeito por terem tirado aquilo do caminho.

      Quando chegou à porta sentia-se melhor e perguntava a si mesmo por que razão havia de voltar para dentro do bar. Queria uma bebida, mas não sabia até quando conseguiria aguentar Cliff e as suas rotinas pseudomafiosas. Mas também sabia que se se fosse já embora daria parte de fraco e, fosse qual fosse a relação que tinha com Cliff, não podia fazer isso.

      Ali estavam eles, sentados junto da janela da frente, sem um pelo fora do sítio e com o cabelo penteado com brilhantina, todos com um aspeto sóbrio, exceção feita de Gary, que queria mostrar ser agora superior a Paul.

      Limpou a cadeira e sentou-se em frente de Cliff, olhando-o nos olhos, e virou-se a seguir para Gary, que ainda estava com um meio sorriso para ele e os olhos brilhantes.

      Com um movimento displicente, Paul derrubou a imperial de Gary, entornando-lha no colo, e, antes que Gary conseguisse recuar e pôr-se em pé, Paul agarrou-lhe o cabelo e empurrou-lhe a cara contra a mancha de cerveja, mantendo-o assim enquanto olhava de novo para Cliff, ignorando as tentativas de Gary para se libertar. Tarzan e o Holandês ficaram tensos, mas não fizeram nada.

      Cliff não se movera. “O Gary nunca te tocou” – disse.

      “A sério? Então, devia ter cuidado com as companhias.”

      “Está a ficar molhado. Além disso, depois cheira mal.”

      “De qualquer modo, precisava duma muda de roupa. Eu já estava a ficar farto daquele casaco.”

      Paul afastou a cabeça de Gary, empurrando-a, e o homenzinho levantou-se, cerveja a pingar-lhe da cara, e deu um passo em frente.

      Em voz baixa, Cliff disse: “Não faças isso. Aqui, não. Vai lavar a cara. Aprende a não te rires dos infortúnios dos outros.”

      “Vou lixá-lo” – disse Gary, limpando o queixo. “Espera e vais ver se não o lixo. Quando ele menos esperar.”

      Afastou-se, encaminhando-se para a casa de banho. O Holandês foi ao balcão, trouxe guardanapos e secou a mesa.

      “Lembro-me de ti da escola” – disse Cliff –, “mas, na realidade, não me recordo. É como se soubesse de ti – jogaste râguebi, capitão da equipa de ténis. Não me lembro de te ver muito. Repara, eu não ia muito à escola. Meti-me sempre em sarilhos. A minha vida levou uma volta diferente da tua, não foi? Meti-me na droga e, depois, no pequeno crime para a pagar. A merda do costume. Consegui sair antes de entrar nas drogas duras. Desde então, vivo aqui. Peixe miúdo em lago pequeno. Olha lá, onde é que aprendeste isso?”

      “Isso, o quê?”

      “O Gary estava a tentar sair de debaixo de ti, mas tu mantiveste-o seguro só com uma mão. Na merda das Forças Especiais ou coisa parecida? Pontos de pressão, etc.?”

      Paul disse para consigo que tivera sorte – estava sentado num ângulo em que conseguia pressionar a cabeça de Gary para baixo sem demasiado esforço. Também não estava completamente fora de forma, pelo que conseguia rodar o ombro e o cotovelo para manter o homem, mais baixo, pressionado.

      “Apanhei uma ou duas coisas. Autodefesa. Os seguros podem ser um negócio sujo” – disse.

      Cliff estava a olhar por cima do ombro.

      “Lá