Название | Meu Irmão E Eu |
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Автор произведения | Paulo Nunes |
Жанр | Зарубежные любовные романы |
Серия | |
Издательство | Зарубежные любовные романы |
Год выпуска | 0 |
isbn | 9788835426387 |
— Cale a boca! Homem não chora! Vai ser castigado para nunca mais fazer isso! Baixe a calça, agora! — ordenou, gritando, com fúria na voz.
Atendi sua ordem e me virei de costas para ele. Papai me empurrou na cama, e mandou que ficasse deitado e não me movesse nem gritasse, pois, se eu desobedecesse, bateria muito mais. Levei minhas duas mãos à boca e pressionei meus lábios com força. Papai deu-me dez golpes nas nádegas com o cinto, fortemente, que me deixaram marcas e me arrancaram sangue. Em seguida, levantou-me, virou-me de frente para ele, olhou em meus olhos e comunicou-me que aquele castigo era para eu aprender a ser homem. Proibiu-me de contar a qualquer pessoa o que ele fez e me mandou parar de chorar, tomar banho e vestir uma roupa, pois iríamos dar os parabéns à mamãe. Obedeci-o. Quando isso aconteceu, eu tinha seis anos, e minha mãe morreu sem nunca saber da primeira surra que papai me deu.
Em um clarão, vendo papai parado na porta do meu quarto, olhando para mim e Aidan, quase senti a dor dos golpes que ele me deu quando tinha seis anos. Estava estático e o pavor paralisou minha boca. Meus olhos não conseguiam desviar-se dos dele, mesmo quando Aidan tomou as cobertas e cobriu-se. Papai levou a mão à maçaneta e baixou a cabeça, enquanto fechava a porta, deixando-nos sozinhos no quarto. Saiu e não disse nada. Desesperei-me. Meu Deus! Meu Deus! Como isso foi acontecer?
— Aidan, você não fechou a porta? Você não fechou a porta? — gritava.
— Ei, calma! Calma! Vou conversar com ele — dizia, repetidas vezes, tentando me acalmar.
— Não sabe o que está dizendo? Você não conhece papai! Ele nunca vai aceitar isso! Isso não era para ter acontecido assim. Meu Deus, o que faço? — e chorava, desesperado.
— Acalme-se, Gaius! Precisa ficar calmo. Você não está sozinho nisso. Vou conversar com ele. É a nossa chance de ficarmos juntos — dizia, abraçando-me, tentando me tranquilizar.
Mandei Aidan chamar meu irmão, e que ficasse no hotel e não falasse com papai. Ele vestiu-se, pediu que eu me acalmasse e beijou minhas lágrimas, dizendo que me amava e que eu não estava sozinho. Quando saiu do quarto, atirei-me na cama e chorei. Recordo-me do pavor e da angústia que senti em meu peito naquele momento. Nunca havia experimentado algo parecido em toda a minha vida. Meu coração ficou miúdo, e eu, possuído de medo, quando vi a maçaneta da porta do meu quarto se mover. Lentamente, uma mão a empurrava. Vi um homem de barba, e suas roupas eram brancas. Ele carregava em seu rosto a seriedade e, na mão, uma bengala. Era papai. Oh, meu Deus! O que ele vai fazer? Olhava-me, enquanto fechava a porta do quarto a chaves. Depois, caminhou em minha direção. Nisso, senti meu coração acelerar.
— Papai, Marcus e eu íamos conversar com o Senhor. Sinto muito que as coisas tenham acontecido desse jeito. Só quero que saiba que...
Enquanto eu tentava explicar, ele levantou a bengala, agarrou-a na ponta e golpeou meu maxilar com o cabo. Caí da cama e, junto ao gosto de sangue, senti que um dente tinha quebrado. Comecei a gritar, chamando meu irmão e pedindo socorro. Ele golpeou minhas costelas. Fiquei paralisado. Não consegui me mover. Apenas gritava. Ainda ao chão, acertou meu joelho, e depois a coxa, o tornozelo, o punho, o peito, o quadril, o ombro e, novamente, o maxilar. Não conseguia parar de gritar e pedia pelo amor de Deus para que parasse. Então, ele pôs-se a encarar meus olhos. Vi fogo em seu olhar. Era ira. Meu Deus! Ele vai me matar! Agachou-se, aproximando-se mais do meu rosto, encarando-me. Então, eu disse, chorando:
— Papai, por favor, por favor — suplicava.
— Você quer servir de mulher para os homens, é? Então, vou lhe mostrar como é — respondeu, com a voz cheia de raiva.
Papai me virou de bruços e baixou meu calção, abriu minhas pernas e enfiou a ponta da bengala no meu ânus. Gritei.
— Então, está bom assim? Você quer mais, sua mulherzinha? Não é disso que você gosta? — perguntava, quando enfiou de novo.
Ele socava meu ânus com a bengala, quando Marcus bateu na porta, mandando que eu abrisse.
— Gaius! Gaius! Abra a porta! Papai! Papai! Abram a porta! — gritava ele.
— Socorro! — respondia, repetidamente.
Papai tirou a bengala de mim e me olhou nos olhos, cuspiu em minha cara e disse que eu não era mais o filho dele e, ainda, que tinha nojo de mim. Caminhou até a porta e a abriu. Eu estava tomado de dores, mas ouvi o que ele disse a meu irmão:
— Tire esse lixo da minha casa, agora.
As imagens eram embaçadas. Ao longe, ouvia vozes, mas não conseguia compreender o que diziam. Um vulto branco se movimentava diante de mim. O que é isso? Onde estou? Eu morri? Lentamente, abri os olhos e recobrei a consciência. Estava no hospital, e uma mulher negra chamou meu nome.
— Oi, Gaius. Consegue me ouvir? — perguntou, sorridente.
— Quem é você? — respondi.
Era a Dra. Lorena. Depois de dar-me água para beber, disse que eu estava no Center Hospitalier Princesse Grace, em Mônaco, e perguntou se me sentia bem. Depois, ainda, que eu tinha dormido por dois dias seguidos e, também, que havia feito uma pequena cirurgia na boca. Recomendava-me passar alguns dias sem fazer grandes movimentos, quando a interrompi.
— Onde está o meu irmão? — perguntei, ainda meio zonzo.
— Vou chamá-lo — respondeu, deixando-me sozinho no quarto.
Marcus abriu a porta do quarto, e seus olhos encontraram os meus. Chorou, enquanto caminhava em minha direção. Tomou minha mão, beijou-a e falou que sentia muito pelo que tinha acontecido. Avisou-me que Emmanuelle encontrou uma garrafa de uísque no quarto de papai na manhã seguinte à surra, e que, provavelmente, ele tinha passado a noite inteira bebendo. Contou-me que depois do ocorrido, papai saiu de casa e até aquele dia não sabia notícias dele. A voz do meu irmão era trêmula, ele não conseguia parar de chorar. Olhava-me com compaixão. Ouvia-o em silêncio e cheio de dores. Uma lágrima me escapou dos olhos, quando falei:
— Se você não tivesse chegado, ele iria me matar — e solucei.
Ele encostou sua testa na minha, disse-me que assim que saísse do hospital, iríamos para Manhattan, e que eu moraria com ele, Núbia e Arthur. Perguntou como estava me sentindo e me explicou os procedimentos médicos que foram necessários serem feitos em mim nos dias em que estive dormindo.
— Maninho, escute bem o que vou dizer. Você estava sedado por causa das dores e precisou fazer uma cirurgia na boca. Seu maxilar foi deslocado e você perdeu dois dentes. Mas o médico disse que pode fazer implante. Não precisa se preocupar com isso. Sua costela foi fraturada, por isso esta faixa na cintura. E, ainda, teve uma pequena hemorragia anal, mas já foi controlada. Agora, não corre nenhum risco de morrer. O que preciso que saiba é que está tudo bem, e que não vai ter nenhuma sequela grave do que aconteceu. Entendeu? — perguntou-me, aos soluços.
— Tudo bem. Quando vou poder sair daqui?
— A médica disse que mais alguns dias. Dependendo da sua recuperação, até o ano-novo nós viajamos. Daqui do hospital iremos direto para Nova Iorque.
— Onde está Aidan? — perguntei.
— Liguei para ele e contei o que tinha acontecido. Ele queria vir aqui, mas não deixei. Expliquei que você estava sedado e que não sabia quando iria acordar. E, também, que não era prudente ele ficar em Monte Carlo, e terminei pedindo para ele voltar para Nova Iorque, tentando evitar que encontrasse papai aqui. Prometi que ligaria todos os dias para dar notícias suas. Hoje, já falei com ele, mas se quiser eu posso ligar para dizer que você acordou. Ele está muito preocupado e avisou que vai nos visitar, quando chegarmos em Manhattan. Pediu-me para quando você acordar dizer que o ama e que sente muito pelo que aconteceu.
Uma lágrima escapou-me. O sorriso da Dra. Lorena foi a primeira visão que tive