Название | Robert Johnson Filho Do Diabo |
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Автор произведения | Patrizia Barrera |
Жанр | Историческая литература |
Серия | |
Издательство | Историческая литература |
Год выпуска | 0 |
isbn | 9788835424420 |
Uma segunda sessão foi feita em 1937 directamente em Dallas no Vitagraph Building situado na 508 Park Avenue, onde a Brunswick Record tinha o seu Quartel-general.
29 Canções no seu todo, mais alguns ensaios inacabados e umas gravações descartadas, para um conjunto de 41 gravações. Um número exíguo de trechos que todavia constituem um precioso património para a musica mundial.
De todas as formas, aquele de Robert Johnson foi um sucesso POSTUMO. Embora apreciado como músico, as suas capacidades de inovação não foram bem compreendidas na época e não foi certamente a sua prematura morte a relegá-lo num repentino esquecimento que o ocultará à crítica durante aproximadamente trinta anos. Em 1938, período do seu máximo sucesso, se perguntarem a qualquer um na rua Quem é Robert Johnson? Não saberia responder; porém saberia descrever para vocês quantos cabelos tinha na cabeça Son House. Todavia o seu nome começava a ganhar espaço entre os experimentados do sector visto que mesmo naquele ano o celebre John Hammond, produtor da Columbia Records, o tinha contratado para a primeira edição do pois famosíssimo “Da Spiritual ao Swing” até à Carnegie Hall de New York, como para dizer a consagração oficial do jovem Johnson! Imaginem que, quando se soube da sua morte, com Big Bill Broonzy que o substituía no palco, foram observados dois minutos de silêncio e feitas tocar duas das suas últimas gravações, entre uma enchente chocada e em lágrimas.
Apenas se tivesse resistido e não deixar-se matar por únicos outros dois meses, naquela noite Johnson teria desfrutado o seu merecido sucesso!
Eis a capa do disco do famoso evento cujo Johnson não pôde participar… é notável a lista incrível de nomes de grandes ilustres.
Como se explica então esta sua escassa popularidade entre a gente comum?
Robert Johnson na verdade NÃO FOI POR VENTURA famoso em vida, e a sua produção aparece irrisória relativamente àquela dos outros Bluesman da época. Mas chegou ao auge, e pode-se dizer que foi redescoberto, nos anos 60 com a nova geração dos artistas Rock, em particular graças a uma colectânea editada Paramount chamada KING of the Delta Blues Singer, que teve literalmente muita procura, tanto que foi reeditada em 1969 e por fim em 1970. Artistas como Eric Clapton e os Cream contribuíram claramente para o renascimento da sua estrela, gravando uma nova versão de Crossoroads Blues, para não falar dos Rolling Stones que perderam o juízo com a sua versão de Love in Vain e Stop Breakin Down Blues.
Mas na verdade um tempo antes artistas menos notáveis tinham tentado de imortalizar Johnson.
Em 1951 Elmore James tinha gravado uma sua (especialíssima) versão de I Believe I dust my broom, que não teve o merecido sucesso, enquanto a já celebríssima Sweet Home Chicago tinha-se tornado o estandarte de muitíssimos Bluesman de excepção, primeiro entre muitos Muddy Waters, que por sua vez teria influenciado os Beatles.
Na verdade, Johnson encarnava uma realidade actualíssima durante os primeiros anos 60 Americanos: a imagem de um anti-herói danado, maldito e obcecado pelo demónio que canta o Blues quadrando-o a partir do interior se bem que harmonizava-se com a natureza revolucionaria da nova geração Americana. Ele nas suas canções “grita” literalmente a dor existencial de uma sociedade que não encontra mais dentro de si próprio, pontos de referência eficazes e que, com a espasmódica angustia, lança-se para um futuro obscuro e denso de incógnitas.
Se queremos, a produção de Johnson está repleta de mulher, álcool e violência, exactamente como na mais pura tradição blues. Contudo nas suas letras percebe-se o seu forte desgosto por aquilo que ele mesmo narra e do qual não é totalmente orgulhoso. O seu ritmo obsessivo de boogie (estilo de jazz/dança) recém-nascido, a sua voz estridente e nasal, a pausa entre as palavras, a utilização das micro tonalidades e as letras articuladas onde destaca a sua devastação moral, o seu sentir-se um “bastardo sem pátria” seguido pelos “demónios do remorso”, efectuaram uma mudança de grande impacto nos músicos da época, afectados pela mesma doença.
Nascidos numa década de bem-estar e saudáveis princípios familiares, os rapazes dos anos 60 sentem-se esmagados por uma sociedade onde a tradição tem o sabor de uniformidade e onde o conceito de Pátria vai demasiadamente de braço dado com a palavra GUERRA. Foi depois o campo de Vietname e a rotura que consegue dar a eles a voz certa; entretanto o mundo exige uma mudança e isso acontece, como regra, através da música. Nasce portanto a geração ROCK.
Fortemente influenciados pelo blues, os Rolling Stones pois tornaram-se ícones vivos de viver o Rock. Os seus concertos entre os anos 60/70 eram recheados de droga, álcool e rituais obscuros. Frequentemente foram protagonistas de rituais pseudo - satânicos e diz-se que foram espectadores impassíveis também de verdadeiros homicídios executados nos seus espectáculos por grupos perturbados.
Ser Rock, na América daquele tempo, equivale a “quebrar com os esquemas, refutar a tradição, pôr em discussão as convenções e aspirar a uma sociedade de verdadeira agressão, onde os conceitos da Humanidade e Progresso não sejam palavras escritas no papel. É indicativo portanto, e mesmo natural, que Johnson com a sua música maldita e as suas inovações estilísticas, que pretendiam fazer da guitarra a “verdadeira voz da alma”, viessem utilizadas como ponto de partida para a construção deste novo mundo. Ainda mais o Satânico Artista, com os seus trechos delirantes e evocativos, as letras onde se auto-define “ danado”, o seu evidente desprezo pelas mulheres e a descrição até bastante particularizada de um estilo de vida degradado e inclinado ao vicio, NÃO PODE não ser um ícone ideal para uma geração que faz da sua atitude de rotura um estilo de vida. E depois, a famosa tríade “droga sexo e rock´n roll” sobre a qual assentou-se toda uma geração de jovens Americanos entre os anos 60 e 70 não tira disso uma grande lição da Johnsoniana conduta “álcool mulheres e Blues”?
Nefastamente, posso sugerir que talvés não é tudo ouro o que brilha. Uma das características que tornaram Johnson célebre e lhe deram sempiterna memória foi o seu ritmo exuberante e eclético, muito diferente daquele dos Bluesman do Delta dos anos 30.
Para dar-vos uma ideia, quando Keith Richards escutou pela primeira vez uma das suas gravações, questionou-se: “mas quem é o outro guitarrista que toca com ele?” uma vez que não se apercebera que Johnson estava sozinho. Isto porque todo trecho mantinha desde o inicio até ao fim um ritmo articulado e veloz, e a voz dissonante e nasal de Johnson tinha o sabor de um verdadeiro “grito”.
Todavia existem declarações autenticas do Director Executivo da Sony, Berhil Cohen Porter, que venceu um Grammy em 1991 pela reedição das obras de Johnson, relativamente à possibilidade que as
gravações de 1936/1937 pudessem ter sido tornadas mais rápidas, um hábito típico da dupla Okeh /Vacalion, que amavam fazer caprichos semelhantes.
Em 2010 foi John Wilde, no famoso empório musical THE GUARDIAN, a sublinhar que as gravações de Johnson tivessem sido intencionalmente aceleradas para conferir um “toque de modernidade” ao conjunto.
Difícil dizer realmente em que pé estão as coisas,