A Casa Encantada. Barbara Cartland

Читать онлайн.
Название A Casa Encantada
Автор произведения Barbara Cartland
Жанр Языкознание
Серия A Eterna Colecao de Barbara Cartland
Издательство Языкознание
Год выпуска 0
isbn 9781788674126



Скачать книгу

Alteza Real terá que encontrar outro vaso— declarou o Duque, afastando-se, para não ouvir mais nada.

      Agora, achou que aquele cavalheiro e serviçal devia ter tido grande prazer ao fazer seu relatório por escrito.

      Só sentia pena da dama envolvida no caso, que provavelmente seria severamente repreendida. Se ela não tivesse sido vista, Ilminster estaria disposto a assumir toda a culpa.

      Perguntou ao camareiro-mor:

      —Pois bem, de que maneira devo demonstrar meu arrependimento? Ficando de castigo num canto?

      —Infelizmente, creio que é mais ou menos isso, milorde. Sua Majestade acredita que o senhor gostaria de passar os próximos dois meses no campo, em vez de cumprir suas árduas tarefas no Palácio.

      O Duque atirou a cabeça para trás e riu.

      —Tem toda razão; tenho que ficar de castigo! Estou admirado por você não ter recebido ordem de me dar também umas varadas!

      O camareiro-mor sorriu, um tanto pesaroso.

      —Não me agrada ter sido encarregado de lhe dizer isso, mas teria que acontecer, cedo ou tarde.

      —Não se preocupe. Deixe que lhe diga, e não se trata de despeito de minha parte, que eu estava começando a achar o cerimonial do Palácio muito maçante.

      —Todos nós sentimos isso, de vez em quando— comentou o outro, com um suspiro.

      —Faz com que eu sinta que nasci na época errada— disse o Duque—, seria muito mais divertido se o tio de Sua Majestade ainda ocupasse o trono.

      Referia-se a Jorge IV. Seu comportamento escandaloso como regente, suas extravagâncias e suas amantes gorduchas tinham feito com que as festas de Carlton House fossem as mais divertidas de Londres.

      O Palácio de Buckingham devia a ele sua impressionante elegância, sendo um lugar agradável de se visitar e onde era também agradável trabalhar.

      O camareiro-mor achou que o Duque estava certo e que aquele ambiente lhe teria sido realmente propício.

      O comportamento de Ilminster era de todo georgiano. Seus piores excessos não teriam causado o mínimo escândalo, no reinado do «Príncipe dos prazeres», quando todo mundo só se preocupava em se divertir.

      Por contraste, o desejo do Príncipe consorte e de sua adorada esposa Vitória de «serem bons» fazia com que as receções de Buckingham mais parecessem reuniões religiosas do que festas dadas por reis.

      O Duque interrompeu a meditação do camareiro-mor, que fazia comparações entre Jorge IV e sua sobrinha Vitória, e perguntou:

      —É só isso?

      —Creio que é bastante. Só posso repetir, Vossa Graça, que lamento ter sido o portador das más noticias.

      —Não se preocupe. Não choro meu destino nem me aborreço por não estar no camarote real, nas próximas corridas em Ascot, terei meu próprio camarote e espero que você vá tomar um drinque comigo, quando meu cavalo ganhar a taça de Ouro.

      O camareiro-mor riu e levantou-se.

      —Está muito certo de sua vitória.

      —Por que não? Tenho o melhor cavalo.

      Depois que o Duque saiu, o camareiro disse, para si mesmo:

      «E tem o melhor de tudo!»

      Na manhã seguinte, Ilminster acordou com a cabeça pesada e a boca seca. Achou que tinha sido extremamente tolo por celebrar seu castigo excedendo-se na bebida, o que não era hábito seu.

      Embora suas festas fossem escandalosas, com vários homens ficando embriagados, ele em geral era abstémio.

      Na véspera, depois de deixar o camareiro-mor, convidou os amigos íntimos para jantar em Park Lane.

      Depois de uma refeição excelente, onde os brindes foram por demais frequentes, tinham ido a uma festa em casa de Lady Duncan. As festas dessa senhora eram conhecidas como escandalosas, mas o Duque as achava muito divertidas.

      Lady Duncan tinha sido atriz, se bem que, de acordo com os padrões artísticos, a palavra «atriz» era excessivamente lisonjeira. Havia conseguido que um par do reino, um homem velho (na realidade, senil), casasse com ela.

      Embora o marido fosse imensamente rico, a nova Lady não procurou entrar na sociedade que, em todo o caso, mantinha as portas fechadas para ela. Em vez disso, recebia, em sua casa de Grosvenor Square, mulheres bonitas que, por sua vez, atraiam os cavalheiros que apreciavam a hospitalidade de Molly Duncan. Tal hospitalidade era reconhecidamente única.

      A principio, as mulheres que compareciam às festas eram atrizes ou cortesas. Gradualmente, algumas pessoas que estavam à margem da sociedade, ou que, embora bem-nascidas, tinham sido deixadas no ostracismo pelas anfitriãs mais rigorosas, começaram a aceitar os convites de Lady Duncan.

      Os convidados a Duncan House eram, portanto, uma mistura de tipos e de classes, apesar de todos divertidos e interessantes.

      Homens que estavam sem programa ou não tinham aonde ir após um bom jantar apareciam na mansão nos dias em que «a Rainha Molly» recebia três vezes por semana.

      Na véspera, o Duque foi até lá com os amigos e ela lhe estendeu os braços, com uma exclamação de alegria, descendo a escada correndo e beijando-o apaixonadamente.

      Ainda era uma bela mulher, de um tipo avantajado. Seus olhos brilhavam, assim como os cabelos dourados.

      O que também cintilava eram os diamantes do colar, dos brincos, das pulseiras.

      —Senti sua falta!— disse ao Duque—, como é que me abandonou durante tanto tempo?

      —É uma história monótona, minha cara. Agora que voltei, não me aborreça com recriminações.

      —Nunca o aborreci. Nem seus amigos vão ficar aborrecidos, hoje. Chegaram de Paris umas moças muito bonitas!

      No dia seguinte, o Duque se lembrou de que, de fato, as francesas eram lindas e alegres.

      Mas, em vez de dar sua atenção a elas, permitiu que Dilys Chertsey o monopolizasse.

      Lady Dilys era outra pessoa que tinha caído no desfavor da Rainha e estava definitivamente na lista negra de Buckingham.

      Filha de um Duque, fugira, quando estava ainda no colégio, com um oficial do Exército, que tinha achado irresistível de uniforme e maçante sem ele.

      Felizmente para a esposa, ele morreu num acidente de caça, três anos depois do casamento.

      Dilys não voltou para a companhia da família. Montou casa em Londres e começou a se divertir de um modo que as grandes anfitriãs consideravam extremamente impróprio.

      Mas não podiam desprezá-la completamente, levando-se em consideração a importância social de seus pais, o Duque sendo persona grata da Rainha.

      Faziam o possível para evitar Dilys, que, por sua vez, pouco importância lhes dava, e falavam da jovem viúva cochichando.

      Enquanto isso, ela, que era financeiramente independente, se divertia.

      O Duque sabia que Dilys o perseguia há muito tempo, mas a evitava, pois seria, um erro envolver-se com uma mulher quase tão notória como ele.

      Ao mesmo tempo, era impossível não admirar sua beleza e vivacidade.

      Na véspera, como estava celebrando o fato de ter caído em desgraça, e celebrando-o com certo exagero, o Duque sucumbiu aos agrados de Dilys. De manhã, teve dificuldade em deixar a cama da bela viúva.

      Quando começou a se vestir para voltar para casa, achou-a muito sedutora, com os cabelos ruivos espalhados sobre o travesseiro, os olhos verdes brilhando sob as longas pestanas escuras.

      —Até logo, Vian— disse ela—, você me fez muito feliz. Quando estiver menos cansado,