Название | Memórias ocultas - Perseguindo os sonhos |
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Автор произведения | Andrea Laurence |
Жанр | Языкознание |
Серия | OMNIBUS DESEJO |
Издательство | Языкознание |
Год выпуска | 0 |
isbn | 9788413752853 |
– Eu sou a única pessoa que sabe disso. Da última vez que falámos parecias convencido de que te irias embora assim que ela melhorasse. O que é que mudou?
– Nada. E tudo... – Will sentou-se, recostou-se e entrelaçou os dedos atrás da cabeça.
– Eu sabia. Quando vi o teu sorriso naquele jantar, soube que te tinha agarrado.
– Nunca tinha estado tão aparvalhado por uma mulher – confessou Will.
– Vais ficar?
– Não. Sim... Por enquanto. Mesmo se amanhã acordasse com o caráter de um cão de guarda, vou aguentar até estar recuperada. Decidimos começar de zero e ver o que acontece, mas tenho as minhas dúvidas. É caminhar para o desastre a longo prazo.
– Então, porque é que a beijaste?
– Porque quis – Will suspirou. – Há muito tempo que não me apetecia beijá-la. Mas agora parece que voltou a haver alguma química entre nós. Sinto uma corrente elétrica quando estou perto dela. E isso nunca tinha acontecido. É como estar com uma mulher completamente diferente. Uma relação nova com alguém doce e amável. Dá risadinhas, Alex!
– A Cynthia, a rir? – levantou uma sobrancelha.
– Mais do que uma vez. No início estava completamente perdida, mas agora que se habituou é pura excitação e júbilo. Como se estivesse a viver uma vida nova. Gosto de estar com ela. Sou feliz quando ela é feliz. Comprei-lhe uma máquina de costura.
– O quê? Porquê?
– Porque achei que ia gostar, e acertei. Tirou tudo o que estava relacionado com a publicidade do seu escritório e agora dedica-se a desenhar roupa.
– É isso que vai fazer no futuro?
– Acho que sim. Não pode voltar para a agência e fingir que sabe o que faz. Incentivei-a para que fizesse alguma coisa que a inspirasse, e seguiu essa direção. Está feliz assim.
– E isso faz-te feliz a ti – Alex assentiu. – Qual é o problema, então?
– Que é um erro! – gritou Will, dando um murro na secretária. Era um vulcão de energia sexual contida, confusão e frustração. – Está a absorver-me e eu queria libertar-me. Pergunto-me se o faz de propósito. Quando acabei o noivado, insistiu em que podíamos resolver as coisas. A Cynthia não queria passar por essa vergonha; até se recusou a tirar o anel até voltarmos a falar, depois da sua viagem. E se estiver a simular tudo para conseguir que fique?
– A simular a sua amnésia?
– Seria bem capaz. Não confiava nela antes e não tenho a certeza de poder confiar agora. Mentiu-me durante mais de um ano.
– Quase morreu num acidente aéreo. Nem mesmo a Cynthia seria capaz de premeditar uma coisa dessas.
Will franziu o sobrolho; sabia que seu amigo tinha razão. Estava a deixar-se levar pela paranóia. A desconfiança do passado embaciava-lhe o juízo. Era óbvio que ela não tinha planeado tudo, mas era mais fácil suspeitar do que confiar nela.
– Estou metido num bom sarilho.
– Queres beber alguma coisa? – Alex aproximou-se do bar.
– Não, serve-te tu – disse Will.
Alex serviu-se dois dedos de uísque escocês e aproximou-se da janela, que oferecia uma impressionante vista panorâmica de Nova Iorque.
– Acho que estás a conduzir mal a situação.
– Explica-me por que pensas isso.
– Ofereceste-lhe começar do zero, mas continuas a permitir que todos os males do passado te confundam a cabeça. Devias imitar a Cynthia, por dizê-lo de alguma forma. Esquece o passado com ela. Esquece o acordo com a Corporação Dempsey. Esquece que estão noivos.
– Está bem – Will olhou para o seu amigo, desconfiado. Eram muitas coisas para esquecer.
– Agora – continuou Alex, – depois de teres eliminado isso tudo da tua cabeça, faz-te só esta pergunta: deseja-la?
Will fez-se a pergunta. Só o som do riso dela já lhe fazia ferver o sangue. Fechava-se no seu escritório durante horas para ocultar a sua ereção e evitar fazer uma estupidez. A resposta era óbvia.
– Sim.
– Noutros aspetos da tua vida, o que fazes quando desejas alguma coisa?
– Consigo-a.
– Não a consegues sem mais nem menos – Alex abanou a cabeça, – lutas por isso. Quando querias ser delegado de turma, fizeste mais campanha do que ninguém. Quando quiseste ser capitão da equipa de pólo, treinaste mais do que nenhum. A Cynthia podia ter escolhido o homem que quisesse, mas tu decidiste que a querias, e conseguiste-a. Agora parece que lhe interessas e ela te interessa a ti. Qual é o problema disso?
– Não é assim tão simples. Tudo o que aconteceu antes continua a existir. Não vivo num vazio.
– Pois, mas, que mal faria se dessem uma verdadeira oportunidade a esta nova relação?
Will sabia que se houvesse algum mal, ele é que o sentiria e só se permitisse, Cynthia podia penetrar na sua mente e no seu coração, mas não permitiria que chegasse tão longe. Se mantivesse o seu coração a salvo, a sua empresa beneficiar-se-ia e, provavelmente, desfrutaria a voltar para casa à noite.
– Não faria mal nenhum – admitiu.
– Não é a minha vida, amigo, mas se fosse a ti, atirava-me a ela de cabeça – Alex deu um gole no uísque. – Saía deste escritório e ia direitinho a seduzi-la. Aproveita enquanto dura. Se recuperar e voltarem a odiar-se, então, sair de casa. Não terás perdido nada que não estivesse já perdido antes do acidente.
– E se não recuperar?
– Então, viverão felizes para sempre. Tão simples quanto isso.
Não era tão simples, mas valia a pena pensar nisso. Will foi servir-se um cheirinho de uísque. Alex tinha razão. Tinha dito a Cynthia que a tinha perdoado, mas continuava a por-lhe barreiras. Não se tinha comprometido o suficiente, e não era justo para nenhum deles. Devia deixar-se levar e desfrutar dela, mesmo que não lhe entregasse o seu coração.
Cynthia rematou a última costura, cortou o fio e virou o vestido. Tinha demorado uns dias, mas a sua primeira peça estava acabada. Admirou-a, sorridente. Não estava mal.
Tinha optado por começar pelo primeiro desenho que lhe chamara a atenção, sem se preocupar com a dificuldade de execução. Era um vestido camiseiro sem mangas, um pouco estilo anos cinquenta. Tinha a gola redonda e cinto. A saia tinha roda e dava por baixo do joelho.
A silhueta era sofisticada, mas afastava-se do estilo tradicional pelo tecido preto e branco com estampado de zebra, salpicado de rosa e roxo escuro. Assim que vira o tecido soubera que era perfeito para aquele desenho. Tinha feito a gola, o cinto e o debruado em cetim preto, o que lhe dava um toque de brilho e luxo.
Era uma fusão de rockabilly e anos oitenta. Estiloso, divertido e muito original.
Tirou a roupa e pôs o vestido. Rodou à frente do espelho de corpo inteiro, contente e aliviada ao ver que estava bem cortado. Depois de apertar o último botão e atar o cinto, percebeu que lhe estava perfeito, ajustando-se a cada curva.
Uns sapatos de cabedal preto seriam o complemento perfeito. Cynthia correu para o armário e abriu todas as caixas até encontrar o par ideal. Calçou-os e foi para a sala. Um som agudo fê-la virar-se de repente.
Will estava na porta com olhos brilhantes de admiração. O seu olhar ardente percorreu-a de cima a baixo. Sorriu e fechou a porta.
– Uau – disse.
– Gostas? – virou sobre os saltos fazendo a saia rodar à sua volta, torturando-o com