Название | Desatinos do coração |
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Автор произведения | Julia James |
Жанр | Языкознание |
Серия | Sabrina |
Издательство | Языкознание |
Год выпуска | 0 |
isbn | 9788413489896 |
Sentou-se no sofá e as mãos tremeram ligeiramente quando agarrou na chávena de café que Anatole lhe servira, murmurando um agradecimento.
Bebeu-o depressa com a esperança de que lhe acalmasse os nervos agitados e os olhos dirigiram-se outra vez para Anatole. Ao olhar para ele, percebeu que também a observava com um sorriso desenhado nos lábios. Era um sorriso que lhe causou um arrepio.
– Come um bolo – convidou, aproximando o prato.
O cheiro a canela atingiu-a, recordando-lhe que não tivera oportunidade de comer durante o dia. Agarrou num com muito cuidado, aterrorizada com a ideia de deixar cair migalhas no tapete.
Anatole deslizou o olhar pelo seu rosto bonito em forma de coração, os olhos tão azuis, a curva delicada das sobrancelhas e o cabelo frisado.
Era linda. Olhar para ela deixava-o com falta de ar. Consultou o relógio. Eram quase sete. Podiam beber uma taça de champanhe no terraço, mas seria melhor encomendar o jantar primeiro.
Agarrou no computador e procurou a página que usava sempre para encomendar o jantar. Depois, virou o ecrã para Tia.
– Dá uma olhadela e diz-me o que queres jantar – pediu. – Vou encomendar.
Ela abanou a cabeça imediatamente.
– Ah, não, para mim não, obrigada. Estes bolos chegam-me.
– Bom, para mim, não – redarguiu Anatole, num tom amável. – Vá lá, dá uma olhadela. De que tipo de comida gostas? E não me digas que gostas de piza, chinesa ou indiana. Estou a falar de comida gourmet.
Tia olhou para as opções da página com os olhos esbugalhados. Não entendia a maioria.
– Queres que escolha por ti? – perguntou Anatole, ao perceber o seu dilema.
Ela assentiu, agradecida. Ambos se tinham inclinado para a frente para ver o ecrã e Anatole sentiu o cheiro fresco do corpo dela. A única coisa que tinha de fazer para tocar nela era levantar a mão e deslizá-la por aqueles caracóis, passar os dedos pela nuca e puxar a boca suave para a sua…
Endireitou-se bruscamente e entreteve-se a fazer o pedido. Depois, fechou o computador. Chegara o momento de ir buscar o champanhe.
Voltou uns instantes mais tarde com uma garrafa e duas taças na mão. Aproximou-se de uma porta de vidro e abriu-a.
– Vem ver a vista – convidou.
Tia levantou-se e seguiu-o para o terraço que era percorrido por uma balaustrada de pedra. Ainda estava confusa. Ia mesmo jantar com ela? Beber champanhe com ela? O coração acelerava só de pensar nisso.
Quando saiu, sentiu-se aconchegada pelo ar quente da noite. O sol ainda não se escondera por trás das copas das árvores do parque que havia mais à frente. O terraço era um pequeno oásis de plantas frondosas em vasos enormes de pedra.
– Oh, isto é lindo! – exclamou, com naturalidade. O rosto iluminou-se.
Anatole sorriu e sentiu uma pontada de prazer ao vê-la tão contente. Deixou as taças de champanhe numa mesinha de ferro ladeada por duas cadeiras.
– Um refúgio ajardinado – disse. – As cidades não são os meus lugares favoritos, portanto, quando me vejo obrigado a estar nelas, gosto de estar em sítios o mais verdes possível. Essa é uma das razões por que gosto das águas-furtadas: Têm terraços.
Anatole abriu a garrafa de champanhe e, depois, passou-lhe uma das taças vazias.
– Mantém-na ligeiramente inclinada – pediu, enquanto a enchia até meio. Depois, fez o mesmo com a dele e olhou para Tia. Era muito bela e, por alguma razão, isso despertou nele um instinto de proteção.
Algo bastante estranho nele. Não costumava acontecer-lhe com as mulheres.
– Yammas – brindou, levantando a taça. – Significa «saúde» em grego.
– Ah, portanto, és grego! Sabia que devias ser estrangeiro pelo apelido, mas não sabia que… – Ficou corada. Teria parecido uma mal-educada? Londres era incrivelmente multicultural. Não havia razão para dizer que era estrangeiro – Lamento. Não queria dizer…
– Sim, sou estrangeiro – confirmou ele, num tom cordial. – A minha nacionalidade é grega. Mas trabalho muito em Londres porque é um centro financeiro muito importante. Vivo na Grécia. Conheces? Talvez de algumas férias? – E sorriu, queria que Tia voltasse a sentir-se confortável.
Tia abanou a cabeça.
– Passávamos o verão em Espanha quando eu era pequena – disse, desviando o olhar. – Quando o meu pai ainda era vivo e a minha mãe não estava doente.
– É bom ter boas lembranças da infância, sobretudo, das férias familiares – murmurou Anatole.
Mas ele não as tinha. As férias escolares do internato suíço exclusivo em que vivia desde os sete anos eram passadas em casa de amigos ou na mansão enorme dos Kyrgiakis em Atenas com a única companhia dos empregados. Os pais estavam demasiado ocupados com as suas próprias vidas.
Quando chegara à adolescência, passara algumas semanas com o tio, o irmão mais velho do seu pai. Vasilis nunca mostrara nenhum interesse pelos negócios ou pelas finanças. Era um erudito que adorava perder-se em bibliotecas e museus. Usava o dinheiro dos Kyrgiakis para financiar investigações arqueológicas e projetos artísticos. Desaprovava a conduta imoral do irmão no amor, mas nunca o criticava abertamente. Era um solteiro empedernido e Anatole achava que era amável, mas distante. Com o tempo, começara a valorizar a sua sensatez.
– Bom, à tua primeira viagem à Grécia. De certeza que irás algum dia – replicou, voltando ao momento e brindando suavemente com Tia.
Bebeu um gole pequeno enquanto olhava para o homem que tinha à frente e que a apanhara na rua para a levar para o seu apartamento lindo e beber champanhe… pela primeira vez na sua vida.
Custava-lhe acreditar que aquilo estava realmente a acontecer. Talvez aquele único gole de champanhe a tivesse tornado ousada, porque disse precipitadamente:
– É incrivelmente amável da tua parte!
«Amável?» Aquela palavra não condizia com Anatole. O que estava a fazer era deixar-se levar pelo que lhe apetecia fazer. Voltou a levantar a taça. Naquele momento, não se importava. Tinha a atenção fixa naquela mulher linda tão jovem, tão fresca e tão cativante na sua naturalidade. Não estava a pôr em prática nenhuma artimanha para o atrair, não lhe fazia olhinhos nem pedia nada dele.
Anatole sorriu e a expressão suavizou-se.
– Bebe um pouco mais – indicou. – Temos a garrafa toda. – Bebeu um gole da taça e encorajou-a a fazer o mesmo.
Tia bebeu enquanto olhava para a vista maravilhosa.
– E diz-me – pediu Anatole, enchendo as taças –, o que queres fazer na vida? Sei que tomar conta de idosos é importante, mas suponho que não queiras fazê-lo para sempre, pois não?
Ao fazer aquela pergunta, apercebeu-se de nunca conhecera alguém do seu estrato social. Todas as mulheres com quem lidava eram profissionais de alto perfil ou filhas do papá com dinheiro. Espécies completamente diferentes daquela jovem que tinha um trabalho triste e árduo.
Tia mordeu o lábio inferior, sentindo-se um pouco incomodada.
– Bom, passava muito tempo fora da escola porque tinha de cuidar da minha mãe e nunca passava nos exames, portanto, não pude ir para a universidade. E, embora esteja a tentar poupar, ainda não consigo comprar uma casa própria.
– Não tens família que te ajude? – Anatole franziu o sobrolho.
Ela