Escândalo no quarto. Caitlin Crews

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Название Escândalo no quarto
Автор произведения Caitlin Crews
Жанр Языкознание
Серия MINISERIE SABRINA
Издательство Языкознание
Год выпуска 0
isbn 9788413752525



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princípio, poderia odiá-lo, à sua mãe e a tudo o que os San Giacomo representam… e acha que poderia acatar os seus desejos…

      – Confio em ti – replicara Matteo.

      Desculpara-se desse disparate quase no mesmo instante porque o patrão tinha de tratar de muitas coisas. Os seus pais tinham morrido um atrás do outro. A irmã mais nova, com a cabeça oca, engravidara e ele acabara por dar um murro ao pai do bebé. Uma reação que Lauren achava completamente natural, ainda que, infelizmente, Matteo lhe tivesse dado o murro no enterro do pai.

      Os paparazzi e mais do que um convidado tinham fotografado ou filmado o murro dado ao príncipe Ares de Atilia e o conselho de administração da sua empresa vira-o como uma oportunidade de manobra contra ele. Matteo tivera de se submeter à avaliação de uma especialista que não era uma aliada e era muito possível que o destituíssem se o relatório não fosse favorável.

      Lauren, naturalmente, desculpava-o.

      – Houve alguma vez que não o tenhas desculpado? – perguntara Mary, a companheira de apartamento, sem parar de olhar para o telemóvel.

      – É um homem muito ocupado, Mary – declarara ela, na manhã em que saía de Londres.

      – Como te encarregas sempre de nos recordar.

      Nesse momento, enquanto seguia por aquele caminho poeirento para Deus sabia onde, compreendeu que não se metera nessa disputa só porque era muito difícil encontrar uma boa companheira de apartamento e Mary, com a sua obsessão de se manter em contacto com os trinta mil amigos que tinha nas redes sociais, passava quase o tempo todo fechada no seu quarto e ocupada com filtros para fotografias e vozes absurdas, o que lhe deixava o apartamento para ela nas poucas oportunidades que tinha.

      Além disso, recordou-lhe uma vozinha, tinha toda a razão, não é?

      No entanto, estava ali para levar a cabo o que Matteo lhe pedira, não para duvidar da sua lealdade por ele.

      Naquele momento, os seus sapatos de saltos com tachinhas, porque não tinha uns sapatos apropriados para a lama e para os bosques e nunca teria, estavam a fazer com que aquele passeio imprevisto por um bosque húngaro fosse ainda mais desagradável do que imaginara e tinha uma imaginação muito fértil. Olhou para os pés com o sobrolho franzido, cobriu-se melhor com o xaile vermelho e pensou algumas coisas sobre o patrão que nunca repetiria em voz alta.

      Não fora fácil encontrar o Dominik James correto.

      Quase não tinha informação, para além de alguns detalhes que a mãe de Matteo deixara no seu testamento. Começara por falar com o advogado que redigira o testamento de Alexandrina, um idoso ardiloso mais habituado a lidar com os assuntos dos aristocratas do que a responder às perguntas das empregadas. Olhara para ela por cima de uns óculos de que estava quase convencida que não precisava e garantira-lhe que, se houvesse mais informação pertinente, a teria incluído, algo em que ela não acreditou.

      Enquanto Matteo estava concentrado nas sessões de avaliação e se enfurecia com as Indústrias Combe, começara uma investigação frenética. Os dados eram simples. Alexandrina, herdeira da fortuna imensa dos San Giacomo e conhecida em todo o mundo como outra pobre menina rica, engravidara quando tinha pouco mais de quinze anos graças a um rapaz mais velho, claramente inadequado e que, para começar, não devia ter conhecido. A família descobrira que estava grávida quando não pudera disfarçá-lo mais e mudara-a de escola.

      O menino nascera quando Alexandrina tinha dezasseis anos. A igreja encarregara-se dele e ela voltara à vida social como se não tivesse acontecido nada. Que Lauren soubesse, não voltara a falar do primeiro filho até o mencionar no testamento.

      «Ao Dominik James, o meu primeiro filho, que me arrebataram quando era apenas uma criança, deixo um terço da minha fortuna e bens materiais.»

      O nome era uma pista. James era a versão inglesa de Giacomo. Lauren investigou todos os Dominik James que encontrou e acabou por ficar com duas possibilidades. Descartou o primeiro quando encontrou a sua árvore genealógica numa página de Internet, que não tinha nada a ver com os San Giacomo.

      O outro Dominik James fora criado numa série de orfanatos católicos de Itália, antes de ter fugido para Espanha. Passara a adolescência lá, de vila em vila, de uma forma a que ela só podia chamar ambulante. Aos vinte e tal anos, alistara-se no exército italiano e desaparecera quando saíra. Reaparecera há pouco para fazer um curso na universidade e, depois, voltara a desaparecer.

      Não fora fácil, mas, laboriosamente, localizara-o nesse bosque emaranhado e remoto da Hungria, algo que, depois de tanto trabalho, Matteo lhe dissera que estava escrito na versão em papel do testamento de Alexandrina que encontrara entre os pertences do pai de Matteo.

      – Foi o que o meu pai escreveu na sua cópia do testamento da minha mãe – comentara Matteo, num tom jocoso.

      Jocoso como se não lhe tivesse passado pela cabeça que ela poderia ter precisado de saber que o Dominik James que procurava estava na Hungria.

      Naturalmente, não lho disse e agradeceu.

      Era possível que o pai de Matteo tivesse feito notas no testamento de Alexandrina, mas, evidentemente, não tivera intenção de encontrar o filho ilegítimo que a esposa tivera muito antes de o conhecer. Por isso, não só tinha de localizar Dominik James, como, certamente, teria de lhe comunicar a sua ascendência ali, naqueles bosques imponentes que se abatiam sobre ela e que pareciam tirados de um conto de fadas.

      Felizmente, não acreditava nos contos de fadas.

      Voltou a embrulhar-se no xaile vermelho para se proteger do frio.

      Era primavera, mas não havia forma de saber isso ali. As árvores eram altas e espessas e não deixavam passar a luz do sol e as sombras espalhavam-se por todos lados e faziam com que se sentisse… inquieta.

      Embora também fosse possível que não se sentisse assim por causa das sombras dos ramos. Era possível que fosse, simplesmente, porque estava ali ou porque o estalajadeiro dessa vila remota se rira quando lhe dissera que estava à procura de Dominik James.

      – Boa sorte – dissera o homem, embora lhe parecesse irónico. – Há homens que não querem que os encontrem, menina, e ignorar isso costuma causar problemas.

      Uma vez lá, no bosque, onde só havia árvores e tinha a sensação inquietante de que estava completamente sozinha, mas não estava, esse comentário era especialmente ameaçador.

      Saíra da vila há mais de meia hora e fora a última coisa parecida com a civilização que vira. Tentou convencer-se de que era uma sorte que o caminho não subisse para as montanhas imponentes, mas era complicado considerar-se sortuda quando estava rodeada de terra por todos os lados. A espessura do bosque, o barulho dos pássaros por cima da sua cabeça, os estalos que lhe indicavam que havia animais, embora não os visse…

      Tremeu e pensou que estava a ser absurda. Então, o caminho fez uma curva e viu-o. Ao princípio, pensou que era como uma miragem do deserto, mas de madeira, embora nunca tivesse visto uma miragem e não houvesse desertos em Londres. No entanto, quanto mais se aproximava, mais claro era que os seus olhos não estavam a enganá-la. Havia uma espécie de construção rústica numa clareira entre as árvores.

      Aproximou-se a pouco e pouco da beira da clareira. A única coisa que quisera durante toda a caminhada fora sair daquele bosque cansativo, mas uma vez na clareira, sentiu-se nervosa. No entanto, Lauren não acreditava nos nervos. Ignorou essa sensação e olhou para a construção com o sobrolho franzido. Era uma casa feita com troncos ordenadamente entrelaçados e saía fumo pela chaminé… e não havia o mínimo motivo para uma citadina convencida como ela sentir um aperto no coração ao vê-la, como se tivesse passado toda a vida perdida em bosques de madeira e betão e à procura de uma casinha acolhedora precisamente como aquela.

      Naturalmente, era ridículo e esfregou o peito sem querer, como se, assim, pudesse fazer alguma coisa para aliviar a pressão. Não acreditava nos contos de fadas, mas lera-os e as casinhas que pareciam perfeitas no