O Escritor. Danilo Clementoni

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Название O Escritor
Автор произведения Danilo Clementoni
Жанр Героическая фантастика
Серия
Издательство Героическая фантастика
Год выпуска 0
isbn 9788893988308



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– interrompeu Petri. – Cala a boca e senta-te ali. Eu vou lidar com isso agora.

      Sem mais comentários, Azakis obedeceu à ordem e sentou-se na poltrona cinza ao lado da consola central. Como ele já havia feito dezenas de vezes antes, em situações igualmente perigosas, ele decidiu confiar completamente na habilidade e experiência do seu companheiro. Enquanto Petri febrilmente se atrapalhava com uma série de hologramas de manobras tridimensionais, ele pensou em verificar o resultado da evacuação do resto da tripulação, contatando simultaneamente os pilotos individualmente. Em poucos segundos, todos confirmaram o sucesso da separação dos seus vaivéns espaciais da nave espacial-mãe. Eles estavam a afastar-se rapidamente. O Capitão deu um grande suspiro de alívio e voltou a dar atenção à manobra hábil do seu amigo.

      – Trinta segundos para a autodestruição.

      – Nós já saímos. – gritou Petri. – Agora eu vou mover a Theos.

      – O que posso fazer para ajudar?

      – Nada, não te preocupes. Estás em boas mãos. – e ele piscou-lhe o olho direito, como os seus amigos terrestres lhe ensinaram a fazer. – Vou posicionar a nave atrás da Lua. De lá, não será capaz de causar nenhum dano.

      – Ó Deus. – exclamou Azakis. – Eu não tinha pensado nisso.

      – É por isso que estou aqui, não é?

      – A onda da explosão atingirá o satélite que absorverá toda a sua energia. És um fenómeno, meu amigo.

      – E certamente não causará nenhum dano na Lua. – continuou Petri. – Não há nada além de rochas e crateras lá.

      – Dez segundos para a destruição.

      – Quase pronto ... – disse Petri fracamente.

      – Três... Dois… Um...

      – Concluído! Theos está em posição.

      Exatamente naquele instante, na face oculta da Lua, nas coordenadas de grau decimal latitude 24,446471 e longitude 152,171308, em correspondência ao que os terrestres chamavam de Cratera de Komarov, houve um estranho movimento telúrico. Uma fenda grande e profunda, com bordas incrivelmente perfeitas, abriu-se na superfície áspera e estéril da cratera, como se uma imensa lâmina invisível tivesse subitamente aderido a ela. Imediatamente depois, um estranho objeto em forma ovoide disparou a uma velocidade incrível, como se tivesse sido disparado diretamente de dentro da cratera e se dirigisse para o espaço, com um caminho inclinado de cerca de trinta graus perpendiculares. O objeto permaneceu visível por apenas alguns segundos antes de desaparecer para sempre num clarão de luz azulada.

      No vaivém, através da abertura elíptica que dava uma visão do exterior, um clarão ofuscante iluminava o escuro e frio espaço exterior, inundando o interior da nave com uma luz quase irreal.

      – Meu amigo, que tal sair daqui? – sugeriu Azakis preocupado, enquanto observava a onda de energia se expandir e se aproximar rapidamente da sua posição.

      – Sigam-me. – gritou Petri para o comunicador, para os pilotos dos outros vaivéns. Então, sem acrescentar mais nada, ele manobrou o seu veículo e rapidamente o moveu para se abrigar atrás do lado da Lua que sempre está voltado para a Terra. – Aguenta-te firme. – acrescentou, enquanto segurava com firmeza os braços do assento de comando onde estava sentado.

      Eles esperaram, em absoluto silêncio, enquanto aqueles segundos intermináveis passavam, os seus olhares fixos no monitor central, esperando que o movimento súbito do Theos tivesse conseguido evitar uma catástrofe na Terra.

      – A onda de energia está a dispersar-se no espaço. – disse Petri em voz baixa. Ele fez uma breve pausa e, depois de verificar toda uma série de mensagens incompreensíveis que apareceram nos hologramas à sua frente, acrescentou:

      – E a Lua absorveu perfeitamente a porção dirigida para o planeta.

      – Bem, eu diria que fizeste um excelente trabalho, meu velho. – comentou Azakis depois de ter começado a respirar novamente.

      – A única coisa que realmente sofreu foi a pobre Lua. Sofreu uma boa tareia.

      – Pensa no que poderia ter acontecido se a onda tivesse chegado à Terra.

      – Teria queimado metade do planeta.

      – Estão todos bem? –apressou-se Azakis a perguntar a todos os outros pilotos através do comunicador, que, seguindo as manobras de Petri, também havia posicionado os seus vaivéns espaciais numa zona abrigada do satélite. As respostas reconfortantes surgiram em sequência e, depois que o último capitão também confirmou que tanto a tripulação quanto o veículo estavam em perfeitas condições, ele se deixou recostar nas costas da sua poltrona e soltou todo o ar nos seus pulmões.

      – Isso correu bem. – comentou Petri satisfeito.

      – Sim, mas agora o que fazemos? A Theos já não existe mais. Como vamos voltar para casa?

      Tell el-Mukayyar – A luz no céu

      No acampamento da doutora Elisa Hunter, depois de saltar dos braços da arqueóloga, Lulu, a gatinha, começou a vaguear nervosamente com o olhar fixo no céu. O sol estava a pôr-se e uma linda Lua quase cheia já estava no alto do horizonte.

      – Qual é o problema? – perguntou Elisa um pouco preocupada, olhando para a gatinha inquieta.

      – Ela deve estar triste porque percebeu que os nossos amigos foram-se embora. – comentou Jack laconicamente, tentando consolá-la acariciando-a suavemente sob o queixo.

      A gatinha pareceu inicialmente apreciar a atenção, ronronando e esfregando o nariz contra a grande mão do Coronel. De repente, no entanto, ela parou, fez um som estranho e virou os olhos diretamente para o satélite pálido da Terra. Ambos, intrigados com esse comportamento bizarro, instintivamente, também se voltaram na mesma direção. O que viram depois de alguns momentos, deixou os dois sem fôlego. Um brilho anormal parecia envolver a Lua. Uma luz branca brilhante, que se estendia por cerca de dez vezes do diâmetro do satélite, formava uma espécie de coroa em torno dele. Durou apenas alguns segundos, mas era quase como se outro sol tivesse aparecido de repente no céu ao anoitecer, iluminando toda a área com uma luz decididamente antinatural.

      – Mas o que raios ... – sussurrou o Coronel atordoado.

      Assim como havia aparecido, a luz anormal desapareceu e tudo pareceu retornar exatamente como antes. A Lua ainda estava lá, e o sol preguiçosamente continuava a descer atrás das dunas em silhueta contra o horizonte.

      – O que foi isso? – perguntou Elisa maravilhada.

      – Eu não tenho a menor ideia.

      – Por um momento eu temi que a Lua tivesse explodido.

      – Foi realmente incrível. – exclamou o Coronel enquanto, com a mão aberta sobre as sobrancelhas, examinava o céu claro à procura de pistas.

      – Azakis .... Petri ... – disse Elisa de repente. – Algo deve ter acontecido com eles, eu posso sentir isso.

      – Cá nada, esquece. Talvez tenha sido apenas o efeito dos motores das suas naves.

      – Não é possível. Aquilo parecia uma explosão real. Deverias saber mais do que eu sobre essas coisas, não?

      – Querida. – disse o Coronel pacientemente. – Para ver os efeitos de uma explosão como aquela de toda essa distância, teria de haver pelo menos uma centena de bombas atómicas explodindo simultaneamente na Lua ou talvez até mil.

      – O que aconteceu então?

      – Poderíamos tentar perguntar aos nossos amigos militares. Afinal, ainda faço parte da ELSAD. Com todo esse equipamento sempre apontando para o céu, um evento desse tipo não lhes escapou com certeza.

      – Até a Lulu percebeu isso.