Quase Ausente. Блейк Пирс

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Название Quase Ausente
Автор произведения Блейк Пирс
Жанр Зарубежные детективы
Серия
Издательство Зарубежные детективы
Год выпуска 0
isbn 9781094304687



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em um livro de capa cor-de-rosa.

      – Bate-se na porta antes de entrar – ela repreendeu Cassie. – É a regra.

      – Desculpe. Prometo que vou fazer isso de agora em diante. – Cassie pediu desculpas. Ela receava que Antoinette elevasse a regra quebrada para uma discussão, mas ao invés disso ela voltou-se para o seu caderno, escrevendo mais algumas palavras antes de fechá-lo.

      – Está terminando a lição de casa? – Cassie perguntou, surpresa porque Antoinette não parecia uma pessoa que postergava as coisas para o último minuto. Seu quarto era imaculado. As roupas das quais se despira antes estavam dobradas no cesto de roupas sujas, e sua mochila da escola, bem arrumada, estava debaixo de uma escrivaninha branca perfeitamente ordenada.

      Perguntou-se se Antoinette sentia que faltava controle em sua vida, e estava tentando exercê-lo em seu ambiente imediato. Ou talvez, já que a garota de cabelos escuros tinha deixado claro que ressentia a presença de uma au pair, estivesse tentando provar que não precisava de ninguém para cuidar dela.

      – Minha lição de casa está feita. Estava escrevendo no meu diário – Antoinette lhe contou.

      – Você faz isso toda noite?

      – Faço quando estou com raiva. – Ela colocou a tampa de volta em sua caneta.

      – Sinto muito pelo que aconteceu hoje à noite – Cassie simpatizou, sentindo como se estivesse pisando em gelo que podia se estilhaçar a qualquer momento.

      – Margot me odeia e eu a odeio – Antoinette disse, sua voz ligeiramente trêmula.

      – Não, não acho que isso seja verdade – Cassie protestou, mas Antoinette sacudiu a cabeça.

      – É verdade. Eu a odeio. Queria que ela estivesse morta. Ela já disse coisas assim antes. Fico tão brava que poderia matá-la.

      Cassie a encarou, chocada.

      Não eram apenas as palavras de Antoinette, mas a forma calma em que as dissera que a gelava. Não tinha ideia de como deveria responder. Será que era normal para uma menina de doze anos ter esses pensamentos homicidas? Antoinette certamente deveria ser ajudada a administrar essa raiva por alguém melhor qualificado. Um conselheiro, um psicólogo, até mesmo um padre da paróquia.

      Bem, na ausência de alguém competente, ela supôs que era a única disponível.

      Cassie peneirou as próprias memórias, tentando se lembrar do que tinha dito e feito naquela idade. Como tinha reagido e se sentido quando sua própria situação havia espiralado para fora de controle. Ela já tinha desejado matar alguém?

      Lembrou-se, de repente, de uma das namoradas de seu pai, Elaine, uma loira de unhas longas e vermelhas, e uma risada alta e estridente. Elas tinham se odiado à primeira vista. Durante os seis meses em que Elaine estivera em cena, Cassie havia a detestado com veemência. Não conseguia se lembrar de desejar sua morte, mas definitivamente desejara que ela fosse embora.

      Provavelmente, isto era a mesma coisa. Antoinette apenas estava sendo mais sincera, só isso.

      – O que Margot disse não foi justo, nem um pouco – Cassie concordou, porque não tinha sido. – Mas as pessoas dizem coisas na raiva que não querem dizer.

      É claro, as pessoas também expunham a verdade quando estavam com raiva, mas ela não seguiria por esse caminho.

      – Ah, mas ela quis dizer aquilo – Antoinette garantiu. Ela mexia na caneta com inquietação, retorcendo a tampa violentamente de um lado para o outro. – E papai sempre fica do lado dela agora. Ele pensa só nela e nunca em nós. Era diferente quando minha mãe estava viva.

      Cassie assentiu, com empatia. Esta também era sua experiência.

      – Eu sei – ela disse.

      – Como você sabe? – Antoinette olhou para ela com curiosidade.

      – Minha mãe morreu quando eu era nova. Meu pai também trouxe namoradas novas – er, quero dizer, uma noiva nova – para casa. Causou muitos confrontos e hostilidade. Elas não gostavam de mim, eu não gostava delas. Felizmente, eu tinha uma irmã mais velha.

      Apressadamente, Cassie se corrigiu novamente.

      – Eu tenho uma irmã mais velha, Jacqui. Ela enfrentava meu pai e ajudava a me proteger quando havia brigas.

      Antoinette assentiu, concordando.

      – Você ficou do meu lado hoje. Ninguém fez isso antes. Obrigada por fazer aquilo.

      Ela encarou Cassie, seus olhos largos e azuis, e Cassie sentiu um caroço em sua garganta com a inesperada gratidão.

      – É para isso que estou aqui – disse.

      – Desculpe por ter te falado para andar pela urtiga – ela olhou para os vergões nas mãos de Cassie, ainda inchados e inflamados.

      – Realmente não tem problema. Entendo que foi uma brincadeira. – Lágrimas inundavam seus olhos agora, empatia brotando dentro dela. Não tinha esperado que Antoinette baixasse sua guarda. Entendia exatamente quão solitária ela deveria se sentir, e vulnerável. Era terrível pensar que Antoinette sofrera abuso verbal de Margot anteriormente sem ninguém para protegê-la, e com seu pai deliberadamente ficando contra ela.

      Bem, ela tinha alguém agora – Cassie estava do lado dela e a apoiaria não importa o que custasse. O dia não havia sido um completo desastre se significasse que ela conseguira se aproximar dessa criança complexa e perturbada.

      – Tente dormir agora. Tenho certeza que as coisas vão estar melhores pela manhã.

      – Espero que sim. Boa noite, Cassie.

      Cassie fechou a porta e fungou violentamente, limpando o nariz na manga. Exaustão e emoção a dominavam. Apressou-se pelo corredor, pegou seu pijama e foi para o banho.

      Debaixo do jato de água fumegante, finalmente permitiu que suas lágrimas corressem.

      *

      Apesar de a água quente ter acalmado suas emoções, Cassie logo percebeu que havia causado que sua pele chamejasse novamente. As feridas de urtiga começaram a coçar insuportavelmente. Esfregou-se com a toalha, tentando cessar a coceira, mas só teve sucesso em espalhá-la.

      Depois de subir na cama, descobriu que estava tão desconfortável que não conseguia dormir. Seu rosto e braços latejavam e queimavam. Coçar oferecia um alívio apenas temporário e, na verdade, piorava a dor.

      Depois do que pareceram horas tentando, sem sucesso, forçar-se a dormir, Cassie admitiu derrota. Precisava de algo para acalmar sua pele. O armário no banheiro abrigava apenas os essenciais básicos, mas ela tinha visto um gabinete amplo no banheiro depois do quarto de Ella. Talvez houvesse algo lá que pudesse ajudar.

      Caminhou silenciosamente até o banheiro e abriu o gabinete de madeira, aliviada ao ver que estava cheio de tubos e frascos. Deveria ter algo para alergias. Leu os rótulos com dificuldade com o francês complicado, apreensiva porque aplicar o remédio errado poderia piorar as coisas ainda mais.

      Loção de calamina. Ela reconheceu a cor e o cheiro, apesar do rótulo ser desconhecido. Isso acalmaria sua pele.

      Despejando um pouco sobre sua mão em concha, Cassie a espalhou sobre suas queimaduras. Imediatamente sentiu o alívio gelado. Devolveu o frasco e fechou o gabinete.

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