Название | Duelo De Corações |
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Автор произведения | Barbara Cartland |
Жанр | Языкознание |
Серия | A Eterna Colecao de Barbara Cartland |
Издательство | Языкознание |
Год выпуска | 0 |
isbn | 9781782137757 |
Não era de admirar que lorde Brecon havia acreditado na história que ela inventara sobre ser uma dama de companhia assalariada.
O vestido, antes lindo e luxuoso, de caríssimo veludo, estava sujo, rasgado, as rendas que o enfeitavam tomaram-se farrapos quando ela caminhara no bosque, por entre galhos e espinhos. E as mãos! Estavam imundas.
Levou algum tempo para ela lavar-se, pentear os cabelos e arrumar-se da melhor maneira possível. Caroline aproveitou também a parada para escrever uma cartinha à prima Debby, avisando-a que decidira voltar para casa. Endereçou-a a lady Edgmont, Vulcan House, Grosvenor Square, Londres e pediu à proprietária da estalagem que colocasse a carta na diligência postal, logo pela manhã. Assim que viu um guinéu na palma de sua mão a proprietária prometeu com a maior boa vontade fazer o que lhe era solicitado.
A viagem continuou e Caroline dormiu tranqüilamente até chegar a Dover. Sentia-se feliz por estar a caminho de casa onde teria o carinho dos pais e todos os seus problemas desapareceriam. Jovem como era e tendo sido sempre muito protegida, não aprendera a se preocupar. Sua vida, até o momento, fora agradável, cheia de amor e conforto.
Vulcan Park, a casa de campo onde Caroline nascera, uma das mâis lindas e mais imponentes do país, fora construída por sir Justin Faye que viera para a Inglaterra com Guilherme da Normandia. A partir daí, cada sucessor de sir Justin cuidou não só de reformar ou ampliar a casa, mas também de aumentar a riqueza da família, de modo que atualmente os grandes telhados da mansão abrigavam tesouros incalculáveis. No decorrer dos séculos, cada vez mais, a família Faye acumulou, além de riqueza, títulos, honrarias e privilégios.
Não era de admirar que o décimo quinto Marquês de Vulcan tivesse tanto orgulho de sua linhagem, de sua herança e amasse cada metro quadrado de Vulcan Park. A grande mansão estendia-se desde a Fortaleza Normanda, antiga prisão, e que ainda se achava erguida como sentinela no ponto mais distante dos rochedos brancos, até os luxuosos salões construídos havia apenas quarenta anos pela mãe do atual Marquês , de acordo com um projeto feito por Robert Adam.
A décima quarta Marquesa , avó de Caroline, fora banida da corte devido à sua paixão pelo jogo. Passando a viver no campo, ela decidira criar em Vulcan Park sua própria corte, onde reinou até sua morte, em meio a muito luxo e extravagâncias.
Para Caroline, Vulcan Park significava paz, beleza e um lugar de serena felicidade. Seus pais se amavam tanto que emprestavam à mansão uma atmosfera de encantamento, compartilhada por todos que ali viviam.
Nas veias de Caroline corria o sangue dos Faye, de quem ela herdara, além da dignidade, da altivez, da lealdade e da integridade, a paixão, a determinação, a força de vontade e a teimosia. Da avó ela havia herdado a beleza. A décima quarta Marquesa de Vulcan fora uma das mais belas mulheres do seu tempo.
Da mãe, Caroline possuía a graça, a bondade de coração e uma pureza de sentimentos que transparecia nos seus lindos olhos azuis. Parecia haver ao seu redor uma aura de espiritualidade.
A personalidade e o temperamento de Caroline podiam ser comparados às ondas do mar, por vezes bravias e tempestuosas, arremetendo-se contra os rochedos íngremes, ora serenas, indo beijar a areia dourada da praia.
Desde pequenina que ela amava o mar.
Muitas vezes permanecia longamente à janela a admirá-lo, e a ouvir sua música que sempre fizera parte da sua vida e de seus sonhos.
As reações inesperadas da filha preocupavam a Marquesa que vivia suspirando, com receio de que uma jovem tão linda e tão emotiva pudesse sofrer no futuro.
Lealdade e profundo sentimento de justiça eram virtudes marcantes em Caroline. Certa vez, contando ela apenas dez anos, ficara sabendo que o jovem cavalariço, que cuidava de seu pônei, fora levado diante do juiz sob a acusação de ter invadido a propriedade vizinha para caçar.
Sem pedir permissão aos pais ela foi a galope até Dover, entrou no tribunal e testemunhou que o rapaz era inocente, conseguindo sua libertação.
Apesar da grande preocupação com Caroline, lady Vulcan tinha o maior orgulho da filha. Reconhecia que nenhuma outra jovem possuía tanta beleza, tampouco um cérebro tão privilegiado. Ela podia ser impulsiva, impetuosa, por vezes travessa, mas jamais fora cruel, insensível ou mesquinha.
Os criados adoravam-na e seus amigos eram inúmeros. Quando Caroline apareceu em Londres para sua primeira temporada, sua vivacidade, seu encanto natural, sua simpatia e sua exuberância conquistaram a admiração de pessoas de ambos os sexos.
Nesses quatro meses freqüentando as mais alta sociedade, Caroline tomara-se a "Incomparável" e recebera vários pedidos de casamento, tendo recusado todos eles.
—O que está acontecendo, Caroline? Mas o que é que você está fazendo? Você não encontrará melhor partido!— dissera a Condessa de Bullingham, zangada, ao saber que a afilhada havia rejeitado o Conde de Glosford.
—Encontrarei. Sei disso— respondera Caroline, risonha.
—Quem? Duvido que você encontre no Registro de Debrett um aristocrata, à altura do Conde de Glosford!
—Posso encontrar um homem cujo nome não conste no livro de Debrett.
—Como?! Se não consta nesse registro, não se trata de um nobre. Oh, Senhor! Não me diga que você teria coragem de aceitar uma mésalliancel Eu não suportaria uma loucura dessas.
—Ora, madrinha, só estou querendo dizer que pretendo me casar por amor e até o momento não me apaixonei por homem algum— Caroline explicara, tranquilizando a Condessa.
O sol da manhã, entrando pela janela da carruagem, despertou Caroline.
Pela primeira vez na vida ela pensou no nome de um homem com o coração cantando de felicidade. Abriu a janela para respirar o ar fresco, com gosto de sal e viu ao longe o mar azul e brilhante.
Ela orientou o cocheiro quanto ao caminho a seguir para chegar a Vulcan Park e, para manter sua identidade incógnita, teve o cuidado de pedir-lhe que a deixasse nos fundos da casa.
Mal a carruagem estacionou no pátio das cocheiras Caroline saltou do veículo e foi ao encontro do velho cavalariço para recomendar-lhe:
—Gratifique o cocheiro, Harry, sirva-lhe um bom desjejum e não lhe diga quem eu sou. Caso ele faça perguntas, responda que sou uma hóspede ou que trabalho para a Marquesa.
—Está bem, milady— Harry assentiu. Com a familiaridade de um velho serviçal acrescentou—, vejo que andou fazendo uma de suas travessuras, milady.
Caroline não se dignou a responder. Caminhou para a porta dos fundos e assim que chegou à estreita escada secundária, subiu-a apressada, correu pelo corredor até seu quarto, obviamente não querendo ser vista. Só encontrou uma arrumadeira e pediu-lhe que fosse chamar Maria, sua criada pessoal.
Maria, uma mocinha do campo, cuidava de Caroline havia dois anos. Em pouco mais de um minuto ela apareceu.
—Está de volta, milady!— a criada exclamou—, imaginei que estivesse em Londres.
—Decidi voltar, Maria, e preciso da sua ajuda.
—Oh, milady! Em que estado ficou seu lindo vestido! O que lhe aconteceu, milady?
—Psiu!— Caroline pôs o dedo indicador sobre os lábios—, não faça perguntas. Jogue fora este vestido que não tem mais conserto. Enquanto me lavo tire do guarda-roupa o vestido branco de musselina. Depois penteie meus cabelos.
Meia hora mais tarde o Marquês estava saindo da sala de des- jejum quando se surpreendeu ao ver a filha.
—Caroline!— exclamou, perplexo—, de onde você surgiu? Eu não fazia ideia de que estava de volta, minha filha.
—Bom dia, papai. Espero que esteja tão contente com a minha presença como estou feliz de revê-lo.
Lorde