Um Trono para Irmãs . Морган Райс

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Название Um Trono para Irmãs
Автор произведения Морган Райс
Жанр Героическая фантастика
Серия Um Trono para Irmãs
Издательство Героическая фантастика
Год выпуска 0
isbn 9781640294905



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      “Nós vamos morrer se ficarmos aqui pelas ruas.”

      Era um pensamento duro, mas provavelmente era verdadeiro também. Havia tantas maneiras de morrer nas ruas desta cidade. O frio e a fome eram apenas o início da lista. Com os gangues de rua, os vigias, as doenças e todos os outros riscos nas ruas, até o orfanato começava a parecer seguro.

      Não que Kate alguma vez fosse voltar. Ela destrui-lo-ia antes de voltar a passar pelas suas portas. Talvez um dia ela o destruísse, de qualquer maneira. Ela sorriu com isso.

      Sentindo uma dor de fome, Kate tirou o último pedaço do seu bolo e começou a devorá-lo. Então ela lembrou-se da sua irmã. Ela arrancou uma metade e entregou-lha.

      Sophia olhou para ela esperançosa, mas sentindo-se culpada.

      “Não faz mal” mentiu Kate. “Eu tenho outro no meu vestido.”

      Sophia aceitou-o com relutância. Kate sentiu que a sua irmã sabia que ela estava a mentir, mas ela estava com demasiada fome para negar. A ligação delas era tão próxima, que Kate conseguia sentir a fome da sua irmã, e Kate nunca se permitiria a estar feliz se a sua irmã não estivesse.

      Finalmente, ambas saíram do seu esconderijo.

      “Então, irmã mais velha” perguntou Kate, “alguma ideia?”

      Sophia suspirou com tristeza e abanou a cabeça.

      “Bem, estou a morrer de fome” disse Kate. “Será melhor pensar de barriga cheia.”

      Sophia concordou, e ambas se dirigiram para as ruas principais.

      Em pouco tempo, elas encontraram um alvo - um padeiro diferente - e roubaram o pequeno-almoço como tinham roubado a sua última refeição. Enquanto elas se esquivavam para um beco e se empanturravam, era tentador pensar que conseguiriam viver o resto das suas vidas assim, usando seu talento partilhado para levar o que precisavam quando ninguém estava a prestar atenção. Mas Kate sabia que não poderia funcionar assim. Nada bom durava para sempre.

      Kate olhou para a agitação da cidade diante de si. Era esmagadora. E as suas ruas pareciam não acabar.

      “Se não podemos ficar nas ruas” disse ela, “o que fazemos? Para onde vamos?”

      Sophia hesitou por um momento, parecendo tão insegura quanto Kate.

      “Eu não sei” admitiu ela.

      “Bem, o que é que podemos fazer?” perguntou Kate.

      Não parecia uma lista tão longa como deveria ter sido. A verdade era que órfãs como elas não obtinham escolhas nas suas vidas. Elas estavam preparadas para vidas onde eram contratadas como aprendizes ou servas, soldadas ou pior. Não havia uma verdadeira expectativa de que elas alguma vez fossem livres, porque mesmo aqueles que genuinamente procuravam uma aprendiza apenas pagariam uma miséria; nunca o suficiente para pagarem a sua dívida.

      E a verdade era que Kate tinha pouca paciência para costurar ou cozinhar, etiqueta ou retrosaria.

      “Nós poderíamos encontrar um comerciante e tentar aprender por nós próprias” sugeriu Kate.

      Sophia abanou a cabeça.

      “Mesmo se conseguíssemos encontrar alguém disposto a nos levar, ele iria quer ouvir as nossas famílias primeiro. Quando não conseguíssemos arranjar um pai para nós, nesse momento eles iriam saber o que nós éramos.”

      Kate tinha de admitir que a sua irmã tinha razão.

      “Bem, então, poderíamos alistar-nos como trabalhadoras nas barcas, e conhecer o resto do país.”

      Mesmo enquanto o dizia, ela sabia que isso provavelmente era tão ridículo quanto a sua primeira ideia. Um capitão de uma barca ainda iria fazer perguntas, e, provavelmente, qualquer perseguidor de órfãs fugidias iria vigiar as barcas à procura daquelas que tentavam escapar. Elas certamente não podiam confiar noutra pessoa para as ajudar, não depois do que tinha acontecido na biblioteca, com o único homem nesta cidade que ela tinha considerado um amigo.

      Que idiota ingénua ela tinha sido.

      Sophia parecia também ter captado a enormidade do que estava diante delas. Ela estava a olhar para o longe com uma expressão melancólica no rosto.

      “Se pudesses fazer alguma coisa” perguntou Sophia, “se pudesses ir a algum lugar, onde é que irias?”

      Kate não tinha pensado nisso naqueles termos.

      “Não sei” disse ela. “Quero dizer, nunca pensei mais do que sobreviver ao dia.”

      Sophia ficou em silêncio durante bastante tempo. Kate conseguia senti-la a pensar.

      Finalmente, Sophia falou.

      “Se tentarmos fazer algo normal, haverá tantos obstáculos como se tentássemos fazer as coisas mais extraordinárias do mundo. Talvez ainda mais, porque as pessoas esperam que pessoas como nós se contentem com menos. Portanto o que é que queres, mais do que qualquer outra coisa?”

      Kate pensou nisso.

      “Eu quero encontrar os nossos pais” disse Kate, apercebendo disso ao dizê-lo.

      Ela conseguiu sentir o lampejo de dor que atravessou Sophia ao ouvir aquelas palavras.

      “Os nossos pais estão mortos” disse Sophia. Ela parecia ter tanta certeza que Kate queria voltar a perguntar-lhe o que tinha acontecido naquela época. “Lamento, Kate. Não foi isso que eu quis dizer.”

      Kate suspirou amargamente.

      “Eu não quero que ninguém volte a controlar o que eu faço” disse Kate, escolhendo a coisa que ela queria quase tanto quanto o regresso dos seus pais. “Eu quero ser livre, verdadeiramente livre.”

      “Eu também quero isso” disse Sophia. “Mas há muito poucas pessoas verdadeiramente livres nesta cidade. As únicas são verdadeiramente...”

      Ela olhou para a cidade e, seguindo o seu olhar, Kate viu que ela estava a olhar para o palácio, com o seu mármore brilhante e as suas decorações douradas.

      Kate conseguia sentir o que ela estava a pensar.

      “Não me parece que ser uma serva no palácio te fosse libertar” disse Kate.

      “Eu não estava a pensar em ser uma serva” disse Sophia. “E se... e se conseguíssemos lá entrar e ser uma delas? E se conseguíssemos convencê-los a todos que éramos? E se casássemos com um homem rico, e tivéssemos ligações à corte?”

      Kate não se riu, mas só porque conseguiu perceber o quão séria a sua irmã estava sobre toda aquela ideia. Se ela pudesse ter qualquer coisa no mundo, a última coisa que Kate quereria seria entrar no palácio e se tornar numa grande senhora, casar com algum homem que lhe dissesse o que fazer.

      “Eu não quero que a minha liberdade dependa de mais ninguém” disse Kate. “O mundo ensinou-nos uma coisa, e apenas uma coisa: devemos depender de nós próprios. Somente de nós próprios. Dessa forma, podemos controlar tudo o que nos acontece. E não temos que confiar em ninguém. Temos de aprender a cuidar de nós próprios. A aguentarmo-nos. A viver da terra. A aprender a caçar. A cultivar. Qualquer coisa em que não dependamos de mais ninguém. E temos que acumular grandes armas e tornarmo-nos grandes lutadoras, de modo a que se alguém vier para nos tirar o que é nosso, os possamos matar.”

      E de repente, Kate percebeu.

      “Precisamos de nos ir embora desta cidade” apelou ela à sua irmã. “Está cheia de perigos para nós. Precisamos de viver fora da cidade, no campo, onde poucas pessoas vivem e onde ninguém será capaz de nos fazer mal.”

      Quanto mais ela falava no assunto, mais ela percebia que era a coisa certa a fazer. Era o seu sonho. Naquele momento, Kate não queria mais do que correr para os portões da cidade, para os espaços abertos para lá da cidade.

      “E