Название | Um Trono para Irmãs |
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Автор произведения | Морган Райс |
Жанр | Героическая фантастика |
Серия | Um Trono para Irmãs |
Издательство | Героическая фантастика |
Год выпуска | 0 |
isbn | 9781640294905 |
Ela já tinha idade suficiente para pagar a sua dívida de anos de “cuidado” nas mãos das freiras - para ser treinada e vendida como gado. Sophia sabia o que acontecia as órfãs que atingiam a maioridade. Comparado com isso, nenhuma tareia importava.
Ela andava a pensar nisto incessantemente há semanas, na verdade. A temer este dia, o dia do seu aniversário.
E agora tinha chegado.
Para seu próprio choque, Sophia agiu. Ela permaneceu calma, olhou em redor. A atenção da freira estava noutra miúda, chicoteando-a selvaticamente, pelo que rapidamente ela se escapou para a porta em silêncio. Provavelmente mesmo as outras miúdas não notaram, ou se o fizeram, ficaram muito assustadas para dizer alguma coisa.
Sophia entrou num dos corredores brancos e modestos do orfanato, movendo-se silenciosamente, afastando-se da sala de trabalho. Havia outras freiras lá fora, mas, desde que ela se movesse com propósito, tal poderia ser suficiente para evitar que elas a parassem.
O que é que ela tinha acabado de fazer?
Sophia continuou a caminhar pela Casa dos Não Reclamados aturdida, mal capaz de acreditar que ela estava realmente a fazer isto. Havia razões pelas quais eles não se incomodavam em trancar os portões da frente. A cidade além, logo depois dos seus portões, era um lugar austero - e ainda mais austero para aqueles que tinham começado a vida coma órfãos. Ashton tinha os ladrões e bandidos de todas as cidades - mas também continha os perseguidores que recapturavam os órfãos que fugiam e as pessoas livres que lhe cuspiriam para cima simplesmente pelo que ela era.
E depois, havia a sua irmã. Kate tinha apenas quinze anos. Sophia não queria arrastá-la para algo pior. Kate era dura, até mais dura do que Sophia, mas ainda assim era a sua pequena irmã.
Sophia deambulou até aos claustros e até ao pátio onde elas se misturaram com os rapazes do orfanato ao lado, tentando descobrir onde estaria a sua irmã. Ela não podia ir-se embora sem ela.
Ela estava quase lá quando ouviu uma miúda a gritar.
Sophia dirigiu-se para o som, meio suspeitando que a sua pequena irmã se tivesse metido noutra luta. Quando ela chegou ao pátio, no entanto, ela não encontrou Kate no centro de uma multidão de bruxas, mas outra miúda. Esta era ainda mais jovem, talvez com treze anos, e estava a ser empurrada e esbofeteada por três rapares que já deviam ter quase idade suficiente para serem vendidos para treinos ou para o exército.
“Parem com isso!” gritou Sophia, surpreendendo-se a si própria tanto quanto pareceu surpreender os rapazes que ali estavam. Normalmente, a regra era que se ignorasse o que quer que fosse que estivesse a acontecer no orfanato. Era que se ficasse quieto e se lembrasse do seu lugar. Agora, porém, ela aproximou-se.
“Deixem-na.”
Os rapazes pararam, mas apenas para olharem para ela.
O mais velho colocou os seus olhos sobre ela com um sorriso malicioso.
“Bem, bem, rapazes” disse ele, “parece que temos mais outra que não está onde deveria estar.”
Ele tinha feições contundentes e o tipo de olhar morto nos seus olhos que só se tinha por passar muitos anos na Casa dos Não Reclamados.
Ele deu um passo em frente e, antes que Sophia conseguisse reagir, ele agarrou-lhe o braço. Ela ia-lhe dar uma bofetada, mas ele foi demasiado rápido, e empurrou-a para o chão. Era em momentos como este que Sophia desejava ter as habilidades de luta da sua irmã mais nova, a sua capacidade de convocar uma brutalidade instantânea que Sophia, com toda a sua astúcia, simplesmente não era capaz.
Vai ser vendida como uma prostituta de qualquer maneira...talvez também tenha a minha vez.
Sophia ficou alarmada ao ouvir os pensamentos dele. Estes pareciam quase imorais, e ela sabia que eram dele. O seu pânico aumentou.
Ela começou a lutar, mas ele prendia-lhe os braços com facilidade.
Havia apenas uma coisa que ela podia fazer. Ela desconcentrou-se, convocando o seu talento, esperando que desta vez resultasse.
Kate, ela enviou, o pátio! Ajuda-me!
***
“Com mais elegância, Kate!” exclamou a freira. “Com mais elegância!”
Kate não tinha muito tempo para a elegância, mas ainda assim, ela fez o esforço enquanto servia água para uma taça que a irmã segurava. A Irmã Yvaine observava-a criticamente sob a sua máscara.
“Não, ainda não estás a fazer bem. E eu sei que não és desajeitada, miúda. Eu já te vi a fazer a roda no pátio.”
No entanto, ela não puniu Kate por isso, o que sugeria que a Irmã Yvaine não era uma das piores. Kate tentou novamente, com a mão a tremer.
Ela e as outras miúdas que estavam com ela deveriam estar a aprender a servir elegantemente em mesas nobres, mas a verdade era que Kate não tinha sido feita para isso. Ela era demasiado baixa e musculada para o tipo de feminilidade graciosa que as freiras tinham em mente. Havia uma razão pela qual ela mantinha curto o seu cabelo ruivo. No mundo ideal, onde ela era livre para escolher, ela ansiava por aprender com um ferreiro ou talvez com um dos grupos de atores que trabalhavam na cidade - ou talvez até ter a oportunidade de entrar no exército como os rapazes faziam. Este servir de água gracioso era o tipo de lição que a sua irmã mais velha, com o seu sonho de aristocracia, teria gostado - não ela.
Como se o pensamento a tivesse convocado, Kate, de repente, despertou ao ouvir a voz da irmã na sua mente. Ela questionou-se, porém; o talento delas nem sempre era assim tão confiável.
Mas então voltou a acontecer, e lá, também, estava a sensação por detrás disso.
Kate, o pátio! Ajuda-me!
Kate conseguia sentir que ela estava com medo.
Ela afastou-se da freira bruscamente, involuntariamente, e, ao fazê-lo, derramou a sua jarra de água na pedra do chão.
“Desculpa” disse ela. “Eu preciso de ir.”
A Irmã Yvaine ainda estava a olhar fixamente para a água.
“Kate, limpa isto imediatamente!”
Mas Kate já estava a correr. Ela provavelmente iria ser espancada por isso mais tarde, mas ela já tinha sido espancada antes. Isso não significava nada. Mas ajudar a única pessoa no mundo com quem ela se importava já significava.
Ela correu pelo orfanato. Ela conhecia o caminho, porque ela tinha aprendido todas as voltas deste lugar durante todos aqueles anos desde aquela noite horrível em que a deixaram aqui. Ela também, na noite tardia, escapulia-se do interminável ressonar e fedor do dormitório quando conseguia, desfrutando o lugar na escuridão quando ela era a única levantada, quando o toque dos sinos da cidade era o único som, e aprendendo a sensação de cada recanto nas suas paredes. Ela sentia que iria precisar disso um dia.
E agora ela precisava.
Kate conseguia ouvir o som da sua irmã, a lutar e a pedir ajuda. Por instinto, ela baixou-se e entrou para uma sala apanhando um atiçador da lareira e continuando. O que ela ia fazer com ele, ela não sabia.
Ela emergiu no pátio, e ficou destroçada ao ver a sua irmã a ser imobilizada no chão por dois rapazes, enquanto outro remexia desajeitadamente no seu vestido.
Kate sabia exatamente o que fazer.
Uma raiva primitiva apoderou-se de si, uma que ela não conseguia controlar se quisesse, e Kate correu para a frente com um rugido, dando balanço ao atiçador para a cabeça do primeiro rapaz. Ele virou-se quando Kate atacou, pelo que o atiçador não o atingiu tão bem quanto ela queria, mas ainda foi o suficiente para atirá-lo ao chão, com ele a agarrar-se ao local que ela tinha atingido.
Ela atacou outro, apanhando-o pelo joelho enquanto ele estava de pé, fazendo-o cair. Ela atacou o terceiro no estômago, até ele ficar de joelhos.