Название | Morte de Yaginadatta |
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Автор произведения | Valmiki |
Жанр | Зарубежные стихи |
Серия | |
Издательство | Зарубежные стихи |
Год выпуска | 0 |
isbn |
Morte de Yaginadatta Episodio do poema epico – O Ramayana
… «Não conhecemos na litteratura indiana, nem talvez em litteratura alguma, episodio mais sentido e mais sublime do que aquell'outro do Râmâyana, – a «Morte de Yaginadatta». Priamo aos pés de Achilles, na «Illiada» de Homero, é admiravel de dor e de sentimento; arrebata-nos a lastimosa Dido nos cantos do cisne mantuano; Ignez deante de Affonso, no poema de Camões, abala-nos a alma e obriga-nos a lagrimas: não teme porem confronto com Priamo, Dido e Ignez o cego sublime de Valmiki deante do assassino de seu filho.
Asserções fundadas, mas que podem passar por temerarias, reclamam prova efficaz. Não nos esquivamos a ella…; tomâmo-nos até de ufania com sermos o primeiro que apresenta em linguagem nossa um dos eternos monumentos da verdadeira poesia indiana.
Não é o luxuriante e o garrido da fórma o que nos prende ao episodio de «Yaginadatta»: difficilmente se aprecia a fórma em toda a sua pureza, quando a lima dos commentarios e a crueldade, talvez, das traducções, entibiou naturalmente o colorido que brotou espontaneo da paleta do artista. Mas aquillo que é sempre bello, aquillo que a mão dos seculos não consegue carcomer nem afeiar, aquillo que o genio deixa insculpido em caracteres indeleveis – torna immortais e queridos os admiraveis «çlokas» da «Morte de Yaginadatta.»
Reproduziremos o episodio em decasillabos portuguezes. Descorado embora na traducção modesta, entrever-se-á nelle ao menos a majestosa simplicidade da narração, e conjuntamente se descortinará o ponto mais elevado a que podem sublimar-se os sentimentos do coração humano.»
CANDIDO DE FIGUEIREDO, no Instituto, vol. XVII, n.º 4.
ELUCIDAÇÕES E ADVERTENCIA
Os que se derem ao cuidado de confrontar a nossa tentativa com os trabalhos de Gorresio acharão porventura divergencias. Advertiremos, por isso, que a interpretação de Fauche, cujas versões discrepam a revêzes das do filologo italiano, foi a que especialmente nos serviu de guia.
Aos leitores pouco familiarisados com a litteratura indiana offerecemos um indice de algumas palavras do episodio, mais desconhecidas por menos vulgares:
BRAHMANES – casta sacerdotal.
ÇUDRAS – casta servil.
DAÇARATHA – rei de Ayodhya, e pai de Ramá.
DJATA – cabelleira especial.
GURÚ – mestre, director espiritual.
INDRA – o rei dos deuses, o Jupiter indiano.
KCHATRYAS – casta militar e real.
RAGHÚ – rei dos da raça solar.
RAMÁ – o heróe do Ramayana.
YAMÁ – o juiz dos mortos, o Plutão indiano.
MORTE DE YAGINADATTA
Quando Ramá, dos homens o mais bravo,
partiu para as florestas, Daçaratha
– aquelle rei outr'ora tão ditoso, —
deixou-se possuir de mágua enorme.
Exilados seus filhos, o monarca,
tão alto como Indra, escureceu-se
nas trevas do infortunio, como quando
a sombra de um eclipse os céus invade,
tapando ao sol a face.
Após seis dias
de prantos e saudade, o rei egregio,
acordando uma vez á meia noite,
lembrou-se de uma falta commettida
em afastado tempo, e dirigiu-se
desta fórma a Kaoçálya, sua esposa:
– Se és tambem acordada, ouve-me attenta,
Kaoçálya. Quando um homem, dama illustre,
faz uma acção, ou boa ou má, não póde
evitar no porvir os fructos della.
Qualquer que em suas coisas não distingue
o bem e o mal, e ás cegas vai obrando,
os sabios appellidam-no criança.
Nos bons tempos da minha adolescencia,
em que eu, moço imprudente, me ufanava
de frechar toda a fera que avistasse,
commetti uma falta… por acaso.
A desgraça presente é fructo acerbo
dessa culpa, Kaoçálya, como a morte
é fructo de um veneno que se bebe.
Mas filha de ignorancia foi a culpa,
como a morte talvez de envenenado.
Ainda tu não eras minha esposa,
e eu era apenas da corôa herdeiro.
Nesse tempo, a estação das manhans frescas
entornava alegrias na minha alma;
o sol, que havia esbraseado a terra
e bebido a humidade das campinas,
cançado já de procurar o norte,
mudara de hemisferio. Graciosas
as nuvens espalmavam-se nos ares,
e os grous, e os cisnes, e os pavões folgavam
repletos de alegria. Os aguaceiros
obrigavam os rios a espalharem
agua lodosa em cima das alpondras.
Os campos, sorridentes sob a chuva,
ostentavam seus virides relvados
em que as aves, alegres, volitavam.
No correr de estação tão prasenteira,
tomei sobre meus hombros dois carcazes,
empunhei o meu arco, e fui-me andando
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