Название | Um Quarto De Lua |
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Автор произведения | Massimo Longo |
Жанр | Зарубежное фэнтези |
Серия | |
Издательство | Зарубежное фэнтези |
Год выпуска | 0 |
isbn | 9788835431527 |
- Esta é a última vez que te dou a permissão para o fazê-lo! - gritou para ele a partir da cozinha - Quando chegar o teu pai vamos ajustar as coisas!
Elio não a ouvia tão-pouco, mergulhado na música monótona que lhe entrava pelas orelhas sem o envolver emotivamente, nada e ninguém teria abalado o sentido de aborrecimento e paranóia que o circundava. O seu mundo desprovido de interesses o envolvia como uma capa de Linus. Ele era assim e desejava que o mundo se resignasse.
Gaia era muito diferente dele: quinze anos, cabelos curtos e pretos, dois olhos vivose curiosos. As vinte e quatro horas contidas num dia para ela não bastavam para ir atrás de todos os seus interesses.
Também Giulia era dinâmica, diferentemente da filha, a sua cabeleira era loira e encaracolado, tinha ligeiramente um excesso de peso mas ágil e firme, resumidamente, a clássica mãe com os seus quarenta e dois anos sempre repleta de tarefas, divididas entre o trabalho e família.
Tinha chegado a hora do jantar, mas do quarto de Elio não chegava sinais de qualquer género, absoluto silêncio. Realmente, ele não se movera da posição assumida depois de ter-se precipitado na sua cama e ter colocado os auscultadores.
Ouviu-se o rumor das chaves na fechadura da porta principal, naquele mesmo instante, sem dar tempo à porta para abrir-se, a voz alterada e queixosa de Giulia descarregava-se sobre o marido:
- Não podemos continuar desta forma!
- Dá-me o tempo para entrar querida…
Giulia beijou o marido e recomeçou naquele momento a queixar-se.
- Outra vez Elio, não é? - perguntou o homem com uma voz resignada.
- Sim, ele! - respondeu Giulia.
Todo este discurso desenrolava enquanto Carlo, depois de ter extraido o recepiente da comida que teria deixado na cozinha, dirigia-se para recolocar no guarda-roupa a pasta que trazia consigo do serviço que continha dentro uma camisa de reserva por causa do calor sufocante que já se fazia sentir ainda que era apenas o fim de maio.
Era um homem sossegado, com mesma idade da mulher, alto e magro, os seus cabelos, já quase completamente grisalhos, um tempo tinham sido pretos asa do corvo como aqueles da filha- Tinha o rosto alongado e escavado nas bochechas, sobre o nariz aquilino assentavam os óculos redondos de metal.
- Não podes contar-me depois do jantar? - pediu carinhosamente à mulher, na tentativa de sossegá-la.
- Tens razão amor - respondeu ela, mas sem dar-se conta continuou a queixar-se até ao início do jantar.
Felizmente estava por perto Gaia, que não cessava de contar a sua jornada, transformando de forma irónica e divertido também os pequenos fracassos.
Tinha apenas terminado de pôr a mesa quando a mâe lhe disse:
- Vai chamar O Elio.
- É inútil - respondeu - sabes que não se move se não for o papá…
Giulia continuou dirigindo-se ao marido:
- Não desce daquele quarto desde quando lho fui buscar na escola, está a piorar.
- Não tinhamos falado que devia começar a voltar sozinho?
- Encontra-me naquela zona porque fiz compras…
- Tens sempre uma desculpa para protegê-lo e depois começas com as tuas lamúrias!
Carlo abanava a cabeça com ar de desaprovação relativamente à esposa, levantou-se e foi chamar o garoto.
Entrou no quarto sem pedir licença e encontrou o Elio assim como a mâe o tinha deixado. Tinha os olhos fixos no vácuo, voltados ao tecto, estava ainda com os auriculares Wi-Fi brancos, não tinha sequer descalçado os sapatos…
Carlo não conseguia reconhecer naquele garoto a criança que acomopanhava sempre fora de bicicleta. Agora tinha treze anos e era alto mais ou menos como ele, forçado pela sua preguiça tinha alisado os seus caracóis loiros e fluentes de criança, para evitar de cuidá-los. Os seus olhos verdes eram ainda lindíssimos, mas apagados. Nos últimos anos não reagia mais a nenhum estímulo. Não ouvia a sua gargalhada há bastante tempo até para esquecer o som. Lamentava-se por não poder transcorrer com ele o mesmo tempo que lhe dedicava desde criança, todavia duvidava que naquele momento as suas atenções teriam sido apreciadas.
Infelizmente, muitos anos antes, por causa da crise económica, tinha perdido o trabalho próximo de casa. Na verdade, mais que a crise, a instigar à mudança de localização da empresa multinacional onde trabalha, tinha sido o incremento dos lucros, comportamento que torna comum muitas destas sociedades.
Conseguiu com esforço encontrar uma nova ocupação, infelizmente para alcançar o novo local de trabalho devia percorrer muitos quilómetros por dia e trocar vários meios de transporte, coisa que acabara por roubar o tempo que devia dedicar à família. Não só, regressava a casa cansado de tal forma que custava estar presente mesmo quando estava, depois do jantar esticava-se no sofá e inevitavelmente adormecia não obstante os esforços feitos para manter os olhos abertos.
Carlo deu-lhe o sinal para tirar os auriculares, Elio, acatou a ordem para evitar de ter que aturar uma longa lengalenga que ocupasse o seu cérebro.
- Venha comer, é hora do jantar - lhe intimou chateado - A tua mãe disse que estás imóvel aqui desde as dezasseis!
Elio levantou-se e, cabisbaixo, passou perto do pai, sem esforçar-se para falar com ele, e dirigiu-se para a cozinha.
Gaia já estava sentada lateralmente à mesa rectangular que tinha arrumado e com o smartphone na mão trocava mensagens com as amigas para organizar os próximos eventos.
Elio sentou-se em frente da irmã e não lhe dirigiu a palavra durante todo o jantar.
Jantar que desenrolou tranquilo, todos conversavam dos assuntos do dia, menos Elio que deu algumas mordidelas à uma sanduíche e assim que foi possível retirou-se e foi de novo para o seu quarto, para o grande desapontamento da mãe a que consentiu a expressão melancólica do pai. Permanecidos sós, Giulia e Carlo, enquanto terminavam de desocupar a mesa das últims coisas, começaram a falar do mesmo assunto dos últimos anos: a preocupação pelo comportamento do filho.
- Em que estamos a falhar? Não consigo entender! Gaia é dinâmica, alegre, cheia de vida! - disse Giulia.
- Eu o descuro bastante! - acusou-se como sempre Carlo.
- Não és decerto o único pai que é obrigado a passar tantas horas fora de casa por trabalho e depois eu estou em casa todas as tardes - disse-lhe repetindo mais uma vez Giulia, que não queria que Carlo carregasse nas costas também o receio de ser o problema do filho.
- Não é uma questão de carácter, Giulia, porque Elio não era assim, tu sabes muito bem!
- Eu também gostaria que fosse assim, Carlo, mas crescendo muda-se e depois, como vês, as coisas pioram cada vez mais. Também na escola é um desastre, que Deus lhe proteja para recuperar algumas matérias ou não podemos tão-pouco mandá-lo para a colónia como os outros anos e o centro estival da cidade seria uma ocasião para fazê-lo tornar-se uma amiba!
- Giulia, os outros rapazes divertem-se no centro estival. Os filhos de Francesca e Giuseppe adoram para valer. Temos de encontrar uma alternativa, algo que o obrigue a reagir. Não parece sequer vivo, lembras-te como éramos nós na idade dele?
- Claro! A minha mãe à noite gritava na porta de casa para avisar-me de que estava pronto o jantar e eu, muitas das vezes, não a ouvia tão-pouco, possuida como estava a correr entre os campos e a rebolar na erva. Vivíamos livres e felizes. Não podemos oferecer-lhes isto na