Название | Uma bala com o meu nome |
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Автор произведения | Susana Rodríguez Lezaun |
Жанр | Языкознание |
Серия | HARPERCOLLINS PORTUGAL |
Издательство | Языкознание |
Год выпуска | 0 |
isbn | 9788491396550 |
Passei o meu cartão pelo leitor, escrevi o código e empurrei a porta da oficina da restauração. Entrei com Noah colado ao meu corpo. Senti um nó no estômago e um arrepio no corpo. Aquele homem excitava-me com apenas sussurrar algumas palavras.
Acendi as luzes e desviei-me para lhe mostrar o meu santuário. A sala enorme, de mais de trinta metros de comprimento e quinze de largura, contava com um teto muito alto do qual pendiam focos extensíveis, gruas e cabos de todo o tipo. À direita, vários cavaletes acolhiam diversas obras em diferente estado de restauração. Junto das telas, candeeiros grandes de LED encarregavam-se de iluminar o trabalho do restaurador sem produzir um calor que poderia ser perigoso para os pigmentos. À esquerda da sala, havia mesas de diferentes tamanhos, alturas e inclinações, para poderem trabalhar nelas com obras muito diversas, como pergaminhos, tabuletas ou esculturas. Por cima das mesas, pendiam os purificadores imensos de ar que depuravam o ambiente da oficina, muitas vezes carregado de emanações de vernizes e tintas, para além de pó de mármore, argila ou pedra.
— Isto é impressionante — sussurrou Noah, como se a sua voz pudesse incomodar as personagens que nos observavam dos quadros. — Muito mais do que esperava.
Devagar, avancei para o interior da divisão, explicando a utilidade de cada elemento que encontrávamos, e contei-lhe pequenas histórias das obras que dormiam na oficina, à espera de regressar às salas como as grandes estrelas que eram.
Mostrei-lhe uma tela linda de madeira do século XII, uma escultura chinesa da dinastia Ming que representava Guanyin, o mestre da compaixão para os budistas. A sua pose tranquila, o olhar baixo e a marca do terceiro olho na testa emanavam tranquilidade, quietude e confiança. Estava há vários dias na oficina, onde tentávamos devolver todo o seu esplendor à policromia original, muito desgastada com o passar dos séculos.
Senti a mão de Noah na minha cintura. Não fez mais nada, mas foi suficiente para que deixasse escapar um gemido involuntário. Aproximou-se ainda mais de mim e baixou-se para me beijar no ombro.
— Sinto-me insignificante entre tanta beleza — disse.
— Tu és muito mais atraente do que esses dois — declarei, apontando para uma tela de Piero di Cosimo que também estava a ser restaurada —, e são anjos.
— Não gosto de anjos — declarou, parando à minha frente —, não têm sexo.
Agarrou-me o queixo com os dedos para me obrigar a levantar a cara e encontrei os seus lábios a dois centímetros dos meus e os seus olhos de fogo a estudar-me sem piedade. Beijou-me enquanto deslizava as mãos pelas minhas costas até chegar às nádegas, que apertou e massajou ao mesmo tempo que me empurrava para as suas ancas, onde me esperava uma ereção enorme. O meu cérebro devia ter paralisado nesse mesmo momento, porque o empurrei para a parede que tinha mais perto e deslizei as minhas mãos até ao seu rabo para imitar os seus movimentos provocadores.
Com uma rapidez espantosa, Noah virou-me e, de repente, dei por mim com as costas contra a parede e o corpo dele a deixar-me com falta de ar. Pôs a mão por baixo do meu vestido e acariciou provocantemente as minhas zonas mais sensíveis. Tremiam-me as pernas e mal conseguia respirar. A sua boca devorou-me sem compaixão enquanto as suas mãos pareciam decididas a encontrar um tesouro por baixo da minha roupa, explorando avidamente cada centímetro de pele.
Sem prévio aviso, os meus pés perderam o contacto com o chão. Agarrei-me ao pescoço de Noah e cruzei as pernas à volta das suas ancas. Conseguia sentir as mãos fortes a segurar-me pelo rabo.
— Desejo-te tanto — admitiu, num tom rouco. — Não consigo pensar em nada senão em ti. Todo o dia. Cada minuto.
Beijou-me com força e paixão, profundamente, quase sem me deixar respirar. Eu respondi imediatamente, sem hesitar, e deixei que o meu beijo lhe explicasse quanto medo tinha e que, às vezes, a insegurança me apertava a garganta até quase me asfixiar, que passara tantos anos morta, vazia e sozinha que tremia com a simples ideia de perder o que acabara de começar a saborear e que não conseguia evitar pensar que talvez fosse melhor se me afastasse do festim e continuasse a olhar do outro lado da janela antes de me ver expulsa do banquete e ser lançada novamente para o inferno. Porque agora sabia que, até então, não vivera, mas que me limitara a manter-me com vida, a sobreviver. Agora, estava viva. Noah ativara cada uma das minhas terminações nervosas e transformara-se no oxigénio de que precisava para subsistir.
Sem parar de me beijar, estendeu uma mão até alcançar a beira das minhas cuecas. Com um só movimento, arrancou-as e deixou-as cair ao chão. Gemi e colei-me mais a ele. Não pensei que alguém podia entrar na oficina e surpreender-nos. Não havia mais ninguém ali, só nós e a voz doce e louca da minha cabeça que me encorajava a continuar.
Demorou um pouco mais a abrir o fecho das calças e a baixá-las o suficiente. Durante um instante, Noah parou, afastou-se um pouco de mim e olhou-me nos olhos, procurando a minha aprovação. A modo de resposta, mexi as ancas, arqueei as costas e apertei as pernas para me aproximar ainda mais do seu corpo.
Com um só movimento, Noah penetrou-me e afundou-se ao mesmo tempo na minha boca, marcando o ritmo com as ancas e puxando-me para ele, fazendo-me subir e descer cada vez mais depressa.
A minha mente esvaziou-se de medos e de dúvidas. Só havia espaço para as sensações.
O clímax alcançou-me quase sem prévio aviso, formigou entre as minhas pernas, explodiu no centro do meu organismo e espalhou-se através das extremidades até chegar ao meu cérebro. Quando parei de tremer, abracei Noah com força e recebi o seu orgasmo como próprio, feliz e satisfeita.
Acariciou-me o rabo com suavidade e depositou um carreiro de beijos desde o meu ombro até à boca. Desta vez, beijou-me com ternura e carinho. Talvez estivéssemos a partilhar amor, talvez a paixão e a necessidade fossem dois dos vimes com que o amor tecia as suas pontes intrincadas. No entanto, aquele não era o momento de semelhantes pensamentos tão profundos.
Noah levantou-me com delicadeza, saiu do meu interior e deixou-me no chão com cuidado. Senti como os fluidos de ambos deslizavam entre as minhas pernas e procurei um lenço na mala para me limpar. Ajudou-me com um sorriso atrevido na cara, depois de abotoar as calças.
Dez minutos mais tarde, saíamos dali, com os farrapos das minhas cuecas no fundo da minha mala. Fechei a porta, voltei a escrever o código de segurança para ativar o alarme e dirigimo-nos para a saída.
O semblante corado e estupefacto do vigilante fez-me sentir consciência de um pequeno detalhe que evitara por completo: Na oficina, tal como no resto das salas, havia câmaras. A central de controlo, de onde o guarda não parava de nos observar, vermelho até à raiz do cabelo, contava com vários monitores que reproduziam em tempo real o que acontecia no interior das divisões.
Parei, demasiado chocada com o que acabara de descobrir. Noah, que ia atrás de mim, quase chocou contra as minhas costas.
— O que se passa? — perguntou.
— As câmaras — respondi, num sussurro.
— Que câmaras?
— Há câmaras na oficina. Viu-nos. Filmaram tudo. Oh, meu Deus, o diretor vai ver amanhã.
— Ena…
Noah pareceu meditar durante uns instantes. Depois, olhou brevemente para mim e pediu-me para esperar por ele ali enquanto tentava resolver as coisas. Resolver as coisas? O desastre que se abatia sobre a minha cabeça não tinha solução possível.
Aproximou-se da zona da receção e pôs os cotovelos no balcão. O guarda olhou para ele sem pestanejar. Falaram durante um bom bocado, enquanto a pele do vigilante recuperava, a pouco e pouco, o seu tom normal. Apanhei-o algumas vezes a lançar-me olhares furtivos, portanto, virei-me e escondi-me atrás de uma coluna, fingindo que observava os quadros que enfeitavam o vestíbulo.
Noah