Uma Orquidea Para Chandra. Barbara Cartland

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Название Uma Orquidea Para Chandra
Автор произведения Barbara Cartland
Жанр Языкознание
Серия A Eterna Colecao de Barbara Cartland
Издательство Языкознание
Год выпуска 0
isbn 9781782136071



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a Frome?

      –Por ter a reputação de inimigo das mulheres. Já ouvi várias histórias a esse respeito. Dizem que começou a viajar pelo mundo por sofrer de um mal de amor.

      –Que coisa fascinante! E o senhor sabe quem lhe causou esse “mal de amor”?

      –Não tenho a mínima ideia– respondeu o professor–, tudo que sei é que ele é um homem orgulhoso, impetuoso, e que raramente se preocupa em tornar-se simpático, pelo menos no que se refere às mulheres.

      –Há quanto tempo o conhece, papai?

      –Há muitos anos, e nossos caminhos se cruzaram em várias ocasiões. Lembro-me, de tê-lo encontrado na Índia, quando sua mãe me acompanhou. Ela não o apreciava.

      –E por quê?– perguntou Chandra, interessadíssima.

      –Julgava-o dominador, agressivo. Talvez ele fosse, naquela época.

      –E agora?

      –Já não precisa ser agressivo, mas é dominador por si mesmo.

      –Está descrevendo-o de modo muito eloquente! Continue!

      –Realmente, não sei mais o que lhe dizer– respondeu o pai–, Lord Frome recebeu seu título ainda muito jovem, mas não costuma usá-lo. Prefere ser chamado Damon Frome, salvo quando deseja prevalecer-se dele para fazer o que quer. Creio que foi o que fez, para conseguir entrar no Nepal.

      –E por que esse interesse especial por um idioma tão antigo como o sânscrito?

      –Não faço ideia!– respondeu o pai, sacudindo os ombros–, é certamente um interesse estranho para um homem tão jovem; não há dúvida de que, no passado, colecionou inúmeros manuscritos extraordinariamente valiosos. A maioria veio do Tibete e, como você sabe, durante todos estes anos, Lord Frome me enviou uma grande quantidade para traduzir.

      –E uma vez traduzidos, o que o Lord faz com eles?

      –Ele os publica, e eu recebo uma certa quantia dos direitos dos livros vendidos.

      –Parece-me ser um tanto misterioso. Que idade tem ele, papai?

      –Uns trinta e poucos– disse o pai, encolhendo os ombros–, é desses homens que poderia ter qualquer idade, mas calculo que seja ainda bastante jovem, pois quando o conheci era apenas um menino.

      –E é rico?

      –Creio que é muito rico. A maioria dos homens de sua idade se diverte frequentando clubes sociais e de hipismo, tentando ganhar o prêmio Derby ou praticando iatismo em Cowes.

      –Oh, papai! O senhor é tão engraçado! Comporta-se como se vivesse com a cabeça nas nuvens, mas quando entra no assunto, sabe muito mais sobre o mundo social do que aparenta.

      –Um mundo que não me interessa! Sua mãe, teria se divertido nele, quando éramos jovens, embora eu não pense que lhe tenha feito falta.

      –Ela não sentia falta de nada quando estava com o senhor. Se o senhor lhe tivesse pedido para morar na Lua, ela iria viver lá muito feliz!

      –É verdade– concordou ele–, embora tenhamos passado por muitas privações, sempre conseguimos zombar da vida, porque nos sentíamos felizes estando juntos.

      –Eu também, não se esqueça!– lembrou-o Chandra num tom carinhoso.

      –Sei disso, minha querida, e achávamos você a criança mais encantadora que duas pessoas podiam ter tido, embora um pouco dececionados, por termos apenas uma.

      –Certamente não poderia ter levado mais de uma pelos desertos, através da Índia e de todos os lugares que visitamos– observou Chandra.

      O professor suspirou.

      –Sinto-me sempre feliz por sua mãe ter passado os últimos anos aqui. Ela desejava tanto ter um lar…

      –E mamãe soube torná-lo muito feliz– acrescentou Chandra–, sempre que entro em casa, parece-me ouvi-la perguntar; “É você, filha”?

      Ao ver os olhos do pai enevoados, arrependeu-se de ter falado.

      –Você ficará bem, quando eu partir?– perguntou ele de repente.

      –Claro, papai. Ellen estará comigo.

      –Espero não demorar demais.

      –Também espero, papai. Sentirei sua falta, por isso, quero que me deixe bastante trabalho para eu me distrair. Sei que ainda restam os últimos manuscritos da Sociedade Real Asiática, mas sem o senhor não será a mesma coisa.

      O professor levantou-se.

      –Se fosse qualquer outro que não Frome, não ligaria para as consequências, e exigiria que você nos acompanhasse, mas ele é um homem tão imprevisível! Talvez respondesse que arranjaria uma outra pessoa qualquer.

      –E isso partiria seu coração!– exclamou Chandra–, não faz mal, papai. Eu o seguirei em pensamento e rezarei para que encontre o “Manuscrito Lótus”, trazendo-o ao voltar, para que eu o veja.

      –E então, com as outras seiscentas libras no bolso, festejaremos, e você terá tudo quanto deseja. Prometo-lhe!

      Chandra levantou-se para abraçar e beijar o pai.

      –Papai, o senhor se cuidará? Ficarei muito aflita, com Ellen preocupando-se o tempo todo com o senhor.

      –Por ela, eu já estaria numa cadeira de rodas. As mulheres, seja qual for a idade, gostam de ter um inválido com o qual possam fazer-se de valentonas.

      Chandra riu, e depois disse:

      –Agora vou até o sótão, e posso apostar que Ellen já estará lá. Ela resmunga mas, no fundo do coração, sente-se orgulhosa de tudo o que o senhor faz! Ela é igualzinha a mim!

      –Era o que sua mãe costumava dizer. Gostaria tanto de encontrar o “Manuscrito Lótus”, unicamente por que ela teria ficado tão satisfeita!

      –Se o senhor de fato o encontrar, acreditarei que foi mamãe quem o auxiliou.

      Assim falando, dirigiu-se decididamente para a porta, sabendo que, embora sentisse um prazer imenso em conversar com o pai, tinha muito o que fazer para aprontar sua mala de viagem.

      Ao subir a escada, pensou no quanto seria divertido ir com ele, como já o fizera anteriormente. Lembrou-se de como eram alegres aquelas aventuras, até mesmo quando resultavam em catástrofes, como no dia em que as mulas, carregadas de objetos preciosos, despencaram no precipício e tudo se perdera em baixo, no vale.

      Lembrou-se também de situações que fariam uma pessoa chorar, mas sua mãe as enfrentava com um sorriso, sempre alegando que poderia ter sido pior, ao saírem ilesos de um acidente. Era ela quem proporcionava conforto a seu pai, nos lugares os mais incríveis.

      Ela o envolvera numa aura de amor que, apesar das vicissitudes, tornara impossível outro sentimento que não fosse a felicidade. Pensou que, desde que a mãe morrera, ela e Ellen tinham cuidado dele. Julgava que o pai, não se teria arranjado sem elas.

      Sabia que aquela viagem ao Nepal não só o faria feliz, mas representava a solução imediata para seus problemas financeiros. Disse a si mesma, que aquela excursão, no momento, era providencial.

      Dirigiu-se ao seu quarto, tirou o chapeuzinho que estava usando e atirou-o para uma cadeira. Estava ainda muito quente para vestir um casaco. Olhando para o vestido, achou-o desbotado e na realidade muito surrado.

      Tinha sido bom não ter entrado no escritório para falar com Lord Frome! Quem sabe se não pensaria em pagar menos ao professor, por ser óbvio que eles passavam dificuldades? Bem que Lord Frome poderia ter se aproveitado da pobreza deles. . .

      Em seguida, disse a si mesma que estava atribuindo qualidades injustas ao homem que devia considerar um benfeitor. Afinal, mostrara-se generoso, ao prever que seu pai necessitaria de dinheiro