Название | O Diabo Está Nos Detalhes – Um Conto Do Condado De Sardis |
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Автор произведения | T. M. Bilderback |
Жанр | Ужасы и Мистика |
Серия | |
Издательство | Ужасы и Мистика |
Год выпуска | 0 |
isbn | 9788835406440 |
Copyright © 2017 de T.M. Bilderback
Design da capa por Christi L. Bilderback
Foto da capa: © Can Stock Photo Inc. / Elisanth
Todos os direitos reservados.
“Eu me lembro do tempo em que a palavra de um homem era tudo o que precisava para fechar um negócio.”
O homem falou comigo da mesa vizinha, na Lanchonete do Ethel. A lanchonete fica em uma pequena cidade sulista – Perry – no condado de Sardis.
Eu olhei para ele, percebi que estava falando comigo e concordei com um sorriso amarelo.
“É mesmo, senhor?” Eu tentei não soar desdenhoso, mas acredito que transpareceu um pouco na minha voz. Eu estava ansioso para voltar ao contrato que estava estudando para um cliente.
“Aham. Não que você fosse saber disso hoje em dia, mas antigamente era só o que precisava.”
Tirei os olhos novamente do contrato que estava estudando. Me permiti ser um pouco impaciente na minha resposta.
“Bem, não agora. Hoje em dia, o diabo está nos detalhes.”
O velho riu.
“Você está certo, senhor!”
Eu voltei à leitura dos senãos e porquês, esperando que ele entendesse o recado.
Sem sorte.
“O que é que você está estudando tanto aí, parceiro?”
Olhei para cima novamente. Por um instante.
“Um contrato. Para um cliente. E eu realmente preciso terminar. Tenho uma reunião com ele em uma hora.”
“Uma hora? Não é tempo o bastante, né, garoto?”
Eu ri.
“Seria, se eu pudesse me concentrar no contrato."”
Os olhos amarelados e reumáticos do velho olharam para mim. Eu pude ver uma faísca do fogo que eles costumavam ter.
Na verdade, senti um pequeno calafrio.
“Então você é advogado?”
Eu balancei a cabeça sem olhar para cima.
“Um agente. Agente literário.”
“Mas você estuda contratos, não é?”
Eu concordei.
“Se eu tivesse um contrato, acho que podia lhe segurar por tempo o bastante para você dar uma olhada? Talvez até testemunhar?”
Eu olhei para cima, finalmente deixando a impaciência me dominar.
“Olha, senhor… se me deixar terminar meu trabalho, eu dou uma olhada em qualquer contrato que você tiver, e até terei o prazer de assinar como testemunha! Mas, por favor, me deixe terminar de ler esse aqui!”
O velho levantou-se devagar, seu corpo dobrado e desgastado traindo a sua idade e mostrando ao mundo o quão duro havia sido usado durante seus anos. Quando ele passou lentamente por mim, ele acenou e disse: “O nome é Hollingsworth. Eu vou estar bem aqui nesta lanchonete amanhã com o meu contrato. Vou me segurar na sua palavra.”
Eu acenei de volta e lhe disse o meu nome. “William Lewis.”
Hollingsworth caminhou devagar até o caixa e pagou sua conta. Levou algum tempo, enquanto suas mãos trêmulas remexiam na carteira. Quando ela estava novamente em seu bolso traseiro, ele empurrou a porta, sua cabeça erguida com orgulho.
Eu terminei meu café, acenei para o recém-casado xerife Napier e seu adjunto, Alan Blake, enquanto eu deixava o Ethel e voltava ao meu escritório para a reunião com o cliente. Eu basicamente esqueci tudo sobre o velho.
A semana seguinte foi uma loucura.
Ser um agente literário não é um trabalho em horário comercial, por mais que tentemos. É ainda mais difícil em uma cidade pequena como Perry. Perry é tão longe de Nova York que, às vezes, parece que precisa de um pacto com o diabo para fazer qualquer coisa acontecer.
Nós agentes, hoje em dia, se não estamos tentando ler alguma coisa da pilha cada vez menor de obras medíocres, estamos tentando fazer uma reunião, por Skype ou pessoalmente, com uma editora. A editora tem apenas uma preocupação: esse livro/história/roteiro vai nos render dinheiro e podemos explorá-lo? Também tentamos lidar com autores… tanto clientes em potencial quanto clientes atuais.
Não é fácil.
Eu continuo torcendo para um grande fenômeno cair no meu colo, mas a forte migração nos dias de hoje para a autopublicação geralmente significa que eu tenho que encontrar uma maneira de justificar minha existência e provar que mereço ganhar meus quinze por cento. Às vezes, preciso ser criativo nos meus argumentos para os grandes mega-conglomerados editoriais, e isso apenas para conseguir para meu cliente um adiantamento de cinco a dez mil dólares.
Um adiantamento de cinco mil dólares significa apenas setecentos e cinquenta dólares para mim. Não consigo fazer com que nenhuma das grandes editoras se comprometa com a promoção de um livro de um autor novo, portanto a possibilidade de um adiantamento sobre os royalties geralmente não vale a pena. Nesses casos, as editoras descartam o novo autor.
Eu já passei por isso com três clientes até agora. Todos os três se tornaram grandes autores independentes e faturaram seis dígitos com livros recusados por grandes editoras. A maioria dos autores não me contrata se eu exigir que eles me incluam nos lucros das publicações independentes então raramente vejo um centavo desse dinheiro.
Minha vida é uma droga por causa desse novo método de publicação. É cada vez mais difícil manter as aparências quando tão pouco dinheiro está entrando no meu bolso no momento.
Ganhei dinheiro em outros tempos, apesar de tudo. Mais do que eu poderia desejar. E ainda mantive minhas esperanças de mais dinheiro, mas o tempo do agente parecia estar acabando.
Pelo menos o deste agente. Quarenta e cinco anos e acabado; uma decepção.
E eu sei que o tempo está acabando.
Mas eu tentei. E tentei.
Então, com o passar do tempo e dos acontecimentos, eu praticamente esqueci o velho, bem como a minha promessa de examinar e assinar seu contrato. Não voltei àquela lanchonete em questão naquela semana e não pensei mais nele.
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