Название | Heroína, Traidora, Filha |
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Автор произведения | Морган Райс |
Жанр | Героическая фантастика |
Серия | De Coroas e Glória |
Издательство | Героическая фантастика |
Год выпуска | 0 |
isbn | 9781640293564 |
A sua cadeira não era a de pedra escura na qual ele se sentava em Felldust. Em vez disso, era uma coisa mais leve, feita a partir dos ossos das coisas que ele tinha matado, os ossos da coxa de um assediador escuro a formarem a parte de trás, os ossos dos dedos de um homem colocados nos braços. Ele havia-a coberto com peles de animais que ele havia caçado. Era outra lição que ele havia aprendido: na paz, um homem devia revelar o seu civismo. Na guerra, devia revelar a sua crueldade.
Para esse fim, Irrien deu um puxão numa corrente ligada à sua cadeira. A outra extremidade segurava um dos chamados guerreiros daquela rebelião, que se tinha ajoelhado ao invés de morrer na batalha.
“Chegaremos em breve”, disse ele.
“S- sim, meu senhor”, respondeu o homem.
Irrien deu um puxão na corrente novamente. “Fiquem em silêncio, a menos que sejam ordenados.”
Irrien ignorou o homem quando ele começou a pedir perdão seriamente. Em vez disso, ele observava o caminho à frente, embora ele tivesse colocado a superfície metálica do seu escudo para conseguir ver por detrás se havia assassinos.
Um homem sábio fazia sempre as duas coisas. As outras pedras de Felldust provavelmente pensavam que Irrien era louco, partindo para aquela terra sem pó enquanto eles ficavam para trás. Eles provavelmente pensavam que ele não conseguia ver as suas tramas e maquinações.
O sorriso de Irrien alargou-se ante o pensamento dos seus rostos quando perceberam o que realmente estava a acontecer. O prazer dele continuou quando ele se virou para a costa, e viu os fogos que lá desabrochavam à medida que os seus pelotões atacantes desembarcavam. Habitualmente, Irrien odiava o desperdício de edifícios ardidos, mas para a guerra, eles eram uma arma útil.
Não, a verdadeira arma era o medo. O fogo e a ameaça silenciosa eram apenas maneiras de aguçá-lo. O medo era uma arma tão poderosa quanto o veneno lento, perigoso como uma lâmina. O medo poderia fazer um homem forte fugir ou render-se sem uma luta. O medo poderia fazer com que os inimigos escolhessem opções estúpidas, atacando em bravata irrefletida, ou acobardando-se quando deviam atacar. O medo fazia os homens de escravos, mantendo-os no lugar mesmo quando havia mais deles.
Irrien não era tão arrogante ao ponto de acreditar que nunca poderia sentir medo, mas a sua primeira batalha não tinha sido da maneira como os homens falavam, nem o seu quinquagésimo. Ele havia lutado contra homens em areias ardentes e sobre as calçadas de becos nas traseiras, e mesmo havendo raiva, excitação, até mesmo desespero, ele nunca havia encontrado o medo que os outros sentiam. Era parte do que tornava tão fácil conquistar o que ele queria.
O que, naquele momento, ele queria apareceu no seu campo de visão, como se quase tivesse sido convocado pelo seu pensamento, as tacadas infinitas dos remos a puxarem o porto de Delos para o campo de visão de Irrien. Ele esperara por aquele momento, mas não era aquele com quem ele sonhara. Isso só viria quando aquilo tivesse terminado, e ele tivesse conquistado tudo o que valesse a pena conquistar.
A cidade era uma coisa deprimente e fedorenta, apesar da sua fama, como todas as cidades dos homens. Não tinha a grandeza da poeira infinita, nem a beleza absoluta das coisas feitas pelos Anciães. Como com todas as cidades, quando havia bastantes pessoas aglomeradas, a sua vulgaridade vinha à tona, assim como a sua crueldade e fealdade. Não havia quantidade suficiente de alvenaria que o conseguisse disfarçar.
Ainda assim, o Império para o qual formava uma cavilha de segurança era um prémio que valia a pena conquistar. Irrien questionou-se por breves instantes se os seus companheiros de pedra tinham entretanto percebido o erro deles em não irem. Que eles ocupassem as cadeiras de pedra falava da sua ambição e do seu poder, da sua astúcia e da sua capacidade de navegar em jogos políticos.
Por tudo isso, porém, eles haviam pensado de uma forma muito limitada. Eles tinham pensado em termos de um ataque glorificado, quando isso poderia ser muito mais. Uma frota daquele tamanho não estava ali apenas para trazer de volta linhas ouro e escravos, embora ambos viessem. Estava ali para conquistar, deter e estabelecer-se. O que era o ouro comparado a terra fértil, livre de poeira sem fim? Porquê arrastar escravos de volta para uma terra demolida pelas guerras dos Anciães, quando se poderia conquistar a terra onde eles estavam também? E quem estaria lá para garantir que ele obtinha a maior porção daquela nova terra?
Porquê invadir e sair quando se poderia limpar o que lá estava e governar?
Primeiro, porém, havia obstáculos a superar. Uma frota estava na frente da cidade, se é que se poderia chamá-la assim. Irrien indagava-se se os navios de reconhecimento que eles tinham soltado já teriam voltado para casa. Se eles já tinham visto as coisas que os aguardavam. Ele podia não sentir o medo da batalha, mas ele sabia como alimentar o medo em homens mais fracos.
Ele levantou-se para ver melhor e para que aqueles que observavam da praia pudessem ver quem tinha ordenado aquilo. Apenas aqueles com os olhos mais afiados conseguiriam distingui-lo, mas ele queria que eles entendessem que aquela era a guerra dele, a frota dele e, em breve, a cidade dele.
Os seus olhos conseguiam ver os preparativos que os defensores começavam a fazer. As pequenas embarcações que, sem dúvida, ficariam em breve inflamadas. A forma como a frota se estava a formar em grupos, pronta para os perseguir. As armas nas docas, prontas para apontar para eles à medida que eles se aproximassem.
“O vosso comandante conhece o negócio”, disse Irrien, arrastando até aos seus pés, pelas correntes, o seu último prisioneiro. “Quem é ele?”
“Akila é o melhor general vivo”, disse o antigo marinheiro, e, de seguida, prendeu o olhar de Irrien. “Perdoa-me, meu lorde.
Akila. Irrien já tinha ouvido o nome, e ouvira mais de Lucious. Akila, que tinha ajudado a libertar Haylon do Império, culpando a frota deles por disso. Quem, dizia-se, lutava com toda a astúcia de uma raposa, golpeando e movendo-se, batendo onde os inimigos menos esperavam.
“Eu sempre valorizei adversários fortes”, disse Irrien. “Uma espada precisa de ferro para aguçar.
Tirou a espada da sua bainha de couro preto como para ilustrar o ponto. A lâmina era azul-escura com óleo, a borda de uma navalha. Era o tipo de coisa que poderia ter sido a ferramenta de um chefe para outro homem, mas ele havia aprendido o equilíbrio e construído a força para manejá-la bem. Ele tinha outras armas: facas e fios estranguladores, uma lâmina de lua curvada e um punhal solitário de muitas pontas. Mas essa era a única que as pessoas conheciam. Não tinha nome, mas só porque Irrien acreditava que essas coisas eram parvoíce.
Ele conseguiu ver o medo no rosto do seu novo escravo ao vê-lo.
“Antigamente, os sacerdotes ofereciam a vida de um escravo antes da batalha, na esperança de saciar a sede da morte antes que ela se conseguisse estabelecer num general. Então, eles ofereciam o escravo aos deuses da guerra, na esperança de que eles os favorecessem. Ajoelha-te.”
Irrien viu o homem fazê-lo em reflexo, apesar do seu pavor. Talvez por causa disso.
“Por favor”, implorou ele.
Irrien pontapeou-o, com força suficiente para que o escravo caísse de barriga, com a cabeça pendurada sobre a proa do navio. “Eu disse ficares em silêncio. Permanece ali e dá graças por eu não ter nada a ver com padres e com as suas parvoíces. Se há deuses da morte, a sua sede não pode ser apagada. Se há deuses da guerra, o seu favor vai para o homem com a maioria das tropas.”
Ele virou-se para o resto do navio. Ele ergueu a sua espada com uma mão, e os escravos que estavam à espera das suas instruções correram para agarrar as cornetas. Ele assentiu com a cabeça e as cornetas tocaram uma vez. Irrien viu catapultas e balistas virarem-se de volta, com chamas a serem ajustadas às suas cargas.
Ele ficou de pé, escuro contra