Transmissão . Морган Райс

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Название Transmissão
Автор произведения Морган Райс
Жанр Героическая фантастика
Серия As Crónicas da Invasão
Издательство Героическая фантастика
Год выпуска 0
isbn 9781640294615



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com o tom errado, as árvores demasiado torcidas. Ele estava a ver o fogo a percorrê-las, de forma cega e brilhante, parecendo vir de todos os lugares ao mesmo tempo. Ele já tinha visto tudo isso antes. Agora, porém, havia um novo elemento: um batimento fraco que se parecia repetir em intervalos regulares, com a precisão de um relógio.

      Uma parte de Kevin sabia que um relógio era o que aquilo tinha que ser, assim como ele sabia por instinto que tal estava a contar algo de forma decrescente, não apenas a marcar o tempo. Parecia que os batimentos estavam a ficar subtilmente mais intensos, como se estivessem a acumular-se para algum crescendo distante. Houve uma palavra numa língua que ele não devia ter entendido, mas ele entendeu-a.

      “Espera.”

      Kevin queria perguntar do que é que supostamente ele deveria ficar à espera, ou por quanto tempo ou porquê. Ele não o fez, em parte porque não tinha a certeza de a quem ele deveria perguntar, e em parte porque quase tão subitamente quanto tinha chegado, o momento passou, deixando Kevin a erguer-se da escuridão para dar por si deitado no chão da sala de aula, com a Sra. Kapinski debruçada sobre si.

      “Deixa-te estar aqui deitado e quieto durante um pouco, Kevin” ela disse. “Eu mandei chamar o médico da escola. O Hal não vai demorar a chegar aqui.”

      Kevin sentou-se apesar das instruções dela, porque ele já sabia como é que isto era.

      “Eu estou bem” ele assegurou.

      “Eu acho que devemos deixar que seja o Hal a avaliar isso.”

      Hal era um antigo paramédico, grande e gordo, que servia para garantir que os alunos da Escola St. Brendan's resistiam a qualquer emergência médica que sofressem. Às vezes, Kevin suspeitava que eles o faziam porque pensar na ideia de cuidados médicos fazia com que eles ignorassem o pior dos ferimentos.

      “Eu vi coisas” Kevin conseguiu. “Havia um planeta, um sol ardente e uma espécie de mensagem... como uma contagem decrescente.”

      Nos filmes, alguém teria insistido em contactar alguém importante. Eles teriam reconhecido a mensagem pelo que ela era. Haveria reuniões e investigações. Alguém teria feito algo sobre isto. Fora dos filmes, Kevin era apenas um rapaz de treze anos, e a Sra. Kapinski olhou para ele com uma mistura de pena e leve perplexidade.

      “Bem, tenho a certeza de que não é nada” disse ela. “É provavelmente normal ver todo o tipo de coisas se estás a ter este tipo de... episódio.”

      Ao redor deles, Kevin ouvia os murmúrios dos outros na sala de aula. Isso não fazia com que ele se sentisse melhor.

      “... caiu e começou a se contorcer...”

      “… eu ouvi dizer que ele estava doente, espero que não seja contagioso…”

      “... o Kevin acha que vê planetas...”

      O último foi o que doeu. Fazia parecer como se ele estivesse a ficar louco. Kevin não estava a ficar louco. Pelo menos, ele não achava que estivesse.

      Apesar das suas melhores tentativas para insistir que estava bem, Kevin ainda teve que ir com Hal quando o médico chegou. Kevin teve que se sentar no consultório do médico enquanto ele direcionava luzes para os seus olhos e fazia perguntas sobre uma condição tão rara sobre a qual ele obviamente não sabia mais do que Kevin sobre o que estava a acontecer.

      “O diretor queria ver-nos assim que eu tivesse a certeza de que tu estavas bem” disse ele. “Achas que consegues caminhar até ao seu gabinete, ou dever-lhe-íamos pedir para vir até aqui?”

      “Eu consigo andar” disse Kevin. “Eu estou bem.”

      “Se o dizes” Hal disse.

      Eles foram até ao gabinete do diretor, e Kevin não ficou muito surpreendido ao descobrir que a sua mãe estava lá. É claro que eles a teriam chamado em caso de uma emergência médica, é claro que ela estaria lá se ele desmaiasse, mas isso não era bom, não quando ela deveria estar no trabalho.

      “Kevin, estás bem?” a sua mãe perguntou assim que ele chegou, virando-se para ele e dando-lhe um abraço. “O que aconteceu?”

      “Estou bem, Mãe” disse Kevin.

      “Sra. McKenzie, tenho a certeza de que não a teríamos chamado se não fosse sério” disse o diretor. “Kevin desmaiou.”

      “Eu estou bem agora” insistiu Kevin.

      Porém, não parecia fazer nenhuma diferença quantas vezes ele o dissesse.

      “Além disso” disse o diretor “parece que ele estava muito confuso quando recuperou os sentidos. Ele estava a falar sobre... bem, outros planetas.”

      “Planetas” repetiu a mãe de Kevin. O tom da sua voz foi racional ao dizer isto.

      “A Sra Kapinski diz que isto interrompeu bastante a sua aula” disse o diretor. Ele suspirou. “Eu questiono-me se não seria melhor para Kevin se ele ficasse em casa durante um tempo.”

      Ele disse-o sem olhar para Kevin. Havia uma decisão que estava a ser tomada ali, e embora Kevin estivesse no centro dessa decisão, estava claro que a opinião dele não seria considerada.

      “Eu não quero faltar à escola” disse Kevin, olhando para a sua mãe. Certamente que ela também não iria querer que ele faltasse.

      “Eu acho que o que temos que perguntar” disse o diretor “é se, neste momento, a escola é realmente a melhor coisa que Kevin pode estar a fazer com o tempo que tem.”

      Provavelmente tinha tido a intenção de ser uma forma gentil de o dizer, mas tudo o que fez foi lembrar a Kevin do que o médico havia dito. Seis meses de vida. Não parecia tempo suficiente para nada, muito menos para ter uma vida. Seis meses de segundos, cada um a passar numa batida constante que combinava com a contagem decrescente na sua cabeça.

      “Está a dizer que não faz sentido o meu filho vir à escola porque ele estará morto em breve?” a sua mãe retrucou. “É isto que está a dizer?”

      “Não, claro que não” disse o diretor, apressadamente, levantando as mãos para acalmá-la.

      “Mas é o que parece que está a dizer” disse a mãe de Kevin. “Parece que está assustado com a doença do meu filho, tanto quanto as crianças aqui.”

      “Eu estou a dizer que vai ser difícil ensinar Kevin à medida que ele for piorando” disse o diretor. “Nós vamos tentar, mas... não queres aproveitar ao máximo o tempo que tens?”

      Ele disse aquilo num tom gentil que ainda assim conseguiu atingir diretamente o coração de Kevin. Ele estava a dizer exatamente o que a sua mãe tinha pensado, só que em palavras gentis. A pior parte era que ele estava certo. Kevin não iria viver o suficiente para ir para a faculdade ou conseguir um emprego, ou fazer qualquer coisa para o qual ele precisasse que a escola o preparasse, então por que se preocupar em estar lá.

      “Está tudo bem, Mãe” disse ele, estendendo a mão para tocar no braço dela.

      Isso pareceu ser uma discussão suficiente para convencer a sua mãe, e só isto dizia a Kevin como isto tudo era sério. Em qualquer outra ocasião, ele sabia que ela teria lutado. Agora parecia que a luta tinha sido sugada dela.

      Eles saíram para o carro em silêncio. Kevin olhou para a escola. Ele foi atingido pelo pensamento de que provavelmente não voltaria. Ele nem sequer tinha tido oportunidade de se despedir.

      “Lamento que eles te tenham ligado para o trabalho” Kevin disse quando eles se sentaram no carro. Ele pôde sentir a tensão ali. A sua mãe não ligou o motor, limitando-se a sentar.

      “Não é isso” disse ela. “É apenas... estava a ficar fácil fingir que nada estava errado.” Ela parecia tão triste, tão profundamente magoada. Kevin já se acostumara com a sua expressão que significava que ela estava a tentar não chorar. Ela não estava a conseguir.

      “Estás bem, Kevin?” ela