Название | A Ascensão dos Dragões |
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Автор произведения | Морган Райс |
Жанр | Героическая фантастика |
Серия | Reis e Feiticeiros |
Издательство | Героическая фантастика |
Год выпуска | 0 |
isbn | 9781632912671 |
À medida que o javali se aproxima, Brandon e Braxton correm para salvar suas vidas, afastando-se em direções opostas.
Eles deixam Aidan ali, completamente sozinho, paralisado pelo medo. Ele abre a boca, deixando sua lança cair no chão, e Kyra sabe que isso não faria muita diferença; Aidan não conseguiria se defender, mesmo que tentasse – nem mesmo um homem adulto seria capaz de se defende daquela criatura. E o javali, como se sentindo isso, fixa seu olhar em Aidan, partindo na direção dele.
Kyra, com o coração aos pulos, explode em ação, sabendo que só teria uma chance. Sem pensar, ela salta pra frente, esquivando-se entre as árvores, e já segurando seu arco à sua frente, sabendo que poderia usar apenas uma flecha e que teria que ser um tiro e perfeito. Aquele seria um alvo difícil, mesmo se o javali não estivesse se movendo, mas naquele estado de pânico, ela teria que acertá-lo se pretendesse sobreviver.
"AIDAN, ABAIXE-SE!" Ela grita.
A princípio, ele não se mexe. Aidan bloqueia seu caminho, impedindo um tiro certeiro e, quando Kyra ergue o arco e corre pra frente, ela percebe que se Aidan não se movesse, aquele seria um tiro perdido. Tropeçando através da floresta, com seus pés deslizando na neve e terra úmida, por um momento, Kyra sente que tudo está perdido.
"AIDAN!" Ela grita de novo, desesperada.
Por algum milagre ele a ouve desta vez, e se joga no chão no último segundo, deixando o caminho livre para Kyra.
Quando o javali ataca Aidan, o tempo de repente parece parar para Kyra. Ela sente como se estivesse entrando em uma zona alterada, e algo acontece dentro dela que ela nunca havia experimentado e que ela não consegue compreender totalmente. O mundo se parece diminuir e entra em foco; ela consegue ouvir o som das batidas de seu próprio coração, de sua respiração, do farfalhar das folhas, de um corvo grasnando acima dela. Ela se sente em maior sintonia com o universo do que nunca, como se tivesse entrado algum reino onde ela e o universo são um só.
Kyra sentiu suas mãos começarem a formigar com uma energia quente que ela não compreende, como se algo estranho estivesse invadindo seu corpo. É como se, por um breve instante, ela tivesse se tornado alguém maior do que ela, alguém com poderes muito maiores.
Kyra entra em um estado de não-pensamento, e ela se permite ser conduzida apenas pelos seus instintos, e por aquela nova energia que flui através dela. Ela planta seus pés e levanta o arco, coloca a flecha no lugar, e a solta em seguida.
Ela sabe no mesmo instante que aquele seria um tiro especial. Ela não precisa acompanhar a seta para saber que ela está indo exatamente onde ela queria: no olho direito da fera. Ela havia atirado com tanta força que a seta perfura o seu alvo quase meio metro antes de parar.
A besta de repente geme enquanto suas pernas fraquejam embaixo dele, caindo de cara na neve. Ele desliza pelo que resta da clareira, contorcendo-se, ainda vivo, até chegar até Aidan. Ele finalmente para diante de Aidan, tão perto que eles quase se tocam.
Ele se contorce no chão e Kyra, já com outra flecha em seu arco, dá um passo adiante, parando sobre o javali, e coloca outra flecha na parte traseira de seu crânio. O javali finalmente para de se mover.
Kyra fica parada na clareira em meio ao silêncio, com seu coração batendo forte, enquanto o formigamento nas palmas de suas mãos lentamente recua e a estranha energia sutilmente parece adormecer, e se pergunta o que teria acontecido. Ela tinha realmente dado aquele tiro?
Ela se lembra imediatamente de Aidan, e quando ela vira e o segura pelos ombros, ele a observa com os olhos cheios de lágrimas, parecendo assustado, porém ileso. Ela sente uma pontada de alívio quando ela percebe que ele está bem.
Kyra se vira e vê seus dois irmãos mais velhos, ainda deitados na clareira, olhando para ela com choque – e pavor. Mas há algo mais no olhar deles, algo que a deixa abalada: suspeita. Eles a observam como se ela fosse diferente deles. Uma pessoa de fora. É um olhar que Kyra já tinha visto antes, raramente, mas um número suficiente de vezes para deixá-la curiosa a respeito de si mesma. Ela olha mais uma vez para o animal morto, monstruoso, enorme, jogado aos seus pés, e se pergunta como ela, uma menina de quinze anos de idade, poderia ter feito aquilo. Aquilo tinha sido um golpe além de suas habilidades, e ela sabe disso. Era algo mais além de um golpe de sorte.
Ela sempre soube que havia algo diferente sobre ela. Ela fica ali, entorpecida, querendo se mover, mas incapaz de fazê-lo. Porque o que a tinha deixado abalado não era aquela criatura, mas a maneira como seus irmãos tinham olhado para ela. E ela não consegue deixar de fazer, pela milionésima vez, a pergunta que ela tinha medo de enfrentar durante toda a sua vida:
Quem era ela?
CAPÍTULO TRÊS
Kyra anda atrás de seus irmãos enquanto todos sobem pela estrada de volta para o forte, e ela os observa lutando sob o peso do javali, acompanhada de Aidan e com Leo, que retornou de sua caça, em seus calcanhares. Brandon e Braxton se esforçam para levar o animal morto, preso às suas duas lanças apoiadas em seus ombros. O humor sombrio tinha mudado drasticamente assim que haviam deixado a floresta e ficado a céu aberto, especialmente agora com o forte de seu pai à vista. A cada passo, Brandon e Braxton se tornam mais confiantes, quase tão arrogantes quanto antes, e agora eles riem entre si e se gabam de sua matança.
"Foi a minha lança que passou raspando por ele," diz Brandon para Braxton.
"Mas," rebate Braxton, "foi a minha lança que o levou para a direção da flecha de Kyra."
Kyra ouve, enrubescendo ao ouvir as mentiras deles; seus irmãos com cabeça de vento estão praticamente convencidos de sua própria história, e parecem realmente acreditar no que dizem. Ela já pode prever sua vanglória no salão de seu pai, contando a todos sobre a matança deles.
É enlouquecedor. No entanto, ela sente que não deve corrigi-los. Ela acredita firmemente nas rodas da justiça, e sabe, eventualmente, a verdade sairia vitoriosa.
"Vocês são uns mentirosos," Aidan diz, caminhando ao lado de Kyra, claramente ainda abalado pelos acontecimentos. "Vocês sabem muito bem que foi Kyra que matou o javali."
Brandon olha por cima do ombro com ironia, como se Aidan fosse um inseto.
"E você por acaso viu alguma coisa?" Ele pergunta para Aidan. "Você estava ocupado demais mijando nas calças."
Os dois são risadas, como se fortalecendo a sua história a cada passo.
"E vocês não estavam morrendo com medo?" Pergunta Kyra, saindo em defesa de Aidan, incapaz de suportar mais um segundo daquela conversa.
Com isso, os dois ficam em silêncio. Kyra poderia facilmente dizer-lhes algumas verdades, mas ela não precisa levantar a voz. Ela caminha alegremente, sentindo-se bem consigo mesma, sabendo no fundo de seu coração que ela havia salvado a vida de seu irmão; e essa é toda a satisfação de que ela precisa.
Kyra sente uma pequena mão em seu ombro, e ao olhar para lado vê Aidan, sorrindo, consolando-a, claramente grato por estar vivo e sem qualquer arranhão. Kyra se pergunta se seus irmãos mais velhos também apreciam o que ela tinha feito por eles; afinal de contas, se ela não tivesse aparecido naquele exato momento, eles também teriam sido mortos.
Kyra observa o javali balançando diante dela, e ela faz uma careta; ela gostaria que seus irmãos tivessem deixado o javali na clareira, onde era o seu lugar. Aquele era um animal amaldiçoado, ele não era de Volis, e não deveria estar ali. Ele representa um mau presságio, especialmente vindo da Floresta de Espinhos e, especialmente, na véspera da Lua de Inverno. Ela se lembra de um velho ditado que ela tinha lido: não se orgulhe depois de ser poupado da morte. Seus irmãos, ela sente, estavam tentando o destino, levando a escuridão de volta para sua casa. Ela não consegue evitar a sensação de que aquilo tudo é um sinal de coisas ruins que estão por vir.
Eles chegam ao topo de uma colina e assim que o fazem, a fortaleza surge diante deles, juntamente